Nem democratas, nem republicanos! Por uma alternativa dos trabalhadores nos EUA!
As próximas eleições dos EUA mostrarão o fim da era Bush. Um presidente do partido democrata, sendo hoje Barak Obama o mais provável, pode abrir espaço para uma nova ofensiva por parte do imperialismo estadunidense. Mas o próximo presidente também herdará um país em crise econômica e com crescente descontentamento com os grandes gastos econômicos e de vidas com a permanência de tropas no Iraque.
Essa situação abrirá novas possibilidades para lançar uma alternativa política para a classe trabalhadora, ao invés dos dois partidos dos patrões, que são a única escolha hoje.
“Potencial de lutas”
“Após as mobilizações de Seattle em 1999, o atual período é o mais propício para a reorganização dos trabalhadores. Inicia-se um processo de mobilizações nos sindicatos, reorganiza-se o movimento contra a manutenção da guerra do Iraque, aumenta a insatisfação com a falta de atendimento médico para as populações mais carentes, o desemprego cresce; existe um grande potencial de lutas”, conta Greg Beiter, durante a Escola Latino-americana do CIO realizada em fevereiro. Greg é membro do sindicato dos trabalhadores de transporte público nos EUA e membro da direção nacional da organização Alternativa Socialista, seção do CIO nos EUA.
As atenções e expectativas para as eleições presidenciais no final deste ano cresceram. O Partido Republicano já definiu que seu candidato a presidente será o senador John McCain. Seu posicionamento com relação ao Governo Bush é se apresentar como uma alternativa diferente, negando o discurso de continuidade política e prometendo uma política mais conciliadora. Essa tática de se descolar de Bush, é porque Bush atingiu altos índices de impopularidade no ultimo período. John McCain não terá uma política de melhoria para os trabalhadores, porque o partido republicano é o partido da burguesia mais conservadora e dos setores de indústrias de armas dos EUA. Sua candidatura é uma tentativa de continuidade envergonhada do governo Bush.
Ilusões nos democratas
O Partido Democrata apresenta uma disputa acirrada entre a senadora Hillary Clinton e o senador Barak Obama. A disputa entre uma mulher e um negro para a cadeira de presidente dos EUA, fato inédito nas eleições americanas, pode criar uma falsa expectativa de melhoria para a população americana. Falsa porque ambos os senadores defendem a manutenção das tropas americanas no Iraque e votaram diversas vezes a favor de mais verbas federias para este conflito. A candidatura democrata também tem apoio de grandes empresas americanas que financiam sua campanha em busca de mais influência no governo. Esta candidatura também manterá a política de ataques aos direitos dos trabalhadores, através da manutenção da política neoliberal.
A candidatura de Barak Obama vem chamando muito a atenção da mídia, criando uma expectativa de mudança na sociedade americana. Uma possível vitória deste candidato, apresentará, após as eleições, uma provável grande frustração entre os trabalhadores, pela não contemplação das mudanças necessárias, abrindo assim um caminho para a intensificação das lutas nos EUA por mais direitos. Esta conjuntura poderá reiniciar com mais força a luta por uma alternativa socialista nos EUA.
Os debates da campanha presidencial giram em torno principalmente da crise econômica e as soluções apresentadas pelos candidatos são a manutenção das políticas neoliberais, porém com uma maior intervenção do Estado na economia.
A diferença entre um governo Republicano e um governo Democrata é que os Republicanos possuem uma política internacional mais truculenta, mais unilateral, como percebemos nos ataques ao Iraque por fora da ONU, enquanto os democratas possuem uma política mais diplomática buscando uma aliança com as potências européias, esforçando-se mais para utilizar o espaço da ONU para legitimar sua política imperialista.
Se Obama for eleito, isso terá repercussões importantes na política externa. Ele é quem mais enfatiza a necessidade de reabrir relações com Cuba e poderá se mostrar mais eficiente que os presidentes anteriores em promover uma restauração do capitalismo em Cuba. Do mesmo jeito, Obama disse estar preparado a negociar com outros inimigos como Irã e Venezuela.
Os trabalhadores terão uma candidatura crítica a falsa polarização Democratas/Republicanos, apresentando uma proposta oriunda dos movimentos sociais. O advogado trabalhista Ralph Nader será pela terceira vez consecutiva o candidato contra as políticas neoliberais, através de uma candidatura do Partido Verde. Na primeira candidatura através da militância dos movimentos sociais, o candidato recebeu um pouco mais de três milhões de votos. Essa candidatura sofre com a falta de recursos, por não ser financiada por nenhuma empresa burguesa. Este candidato defende a intervenção estatal em áreas abandonadas pelo governo Bush, como a saúde, onde 47 milhões não têm nenhum seguro de saúde hoje. O candidato defende também a imediata retirada das tropas do Iraque e do Afeganistão.
Por um partido dos trabalhadores
Para Greg Beiter , “a candidatura de Ralph Nader será uma resposta programática dos movimentos sociais e dos sindicatos às candidaturas burguesas. A Alternativa Socialista dará apoio critico ao candidato e trabalhará para a unificação dos movimentos sociais na luta pela construção de um novo partido de trabalhadores nos EUA, que tenha ampla participação popular e que defenda o socialismo como solução para os problemas sociais”. Os socialistas também defendem que a campanha de Nader esteja vinculada às lutas e demandas dos sindicatos e movimentos sociais.
A mobilização da classe trabalhadora americana e a política de construção de um novo partido revolucionário nos EUA cumpririam um papel fundamental na retomada da luta pelo socialismo no mundo, além de influenciar no acirramento das disputas travadas agora pelos trabalhadores em países como Venezuela, Bolívia e Equador.