Leonardo, uma vida tirada no Atletiba

No último dia 19/2, emissoras de televisão, jornais, sites e demais meios de comunicação, noticiavam o ato corajoso da dupla Atletiba (Atlético e Coritiba) que iriam inovar a transmissão de futebol no Brasil, transmitindo um dos principais clássicos do país pela internet (Youtube e Facebook) se a Federação Paranaense de Futebol (FPF) não tivesse interferido diretamente no clássico que aconteceria no estádio do Atlético Paranaense, a Arena da Baixada, atendendo aos interesses da TV Globo que monopoliza a transmissão dos jogos do futebol brasileiro. Coritiba e Atlético-PR não assinaram com a TV Globo/RPC a transmissão de seus jogos pelo Campeonato Paranaense 2017.

O Atletiba não aconteceu, mas um acontecimento que não deixaremos que passe sem ao mínimo divulgar ocorreu: mais uma vida pobre e periférica foi tirada de forma violenta e covarde pela PM-PR. Leonardo Henrique da Rocha Brandão de 17 anos foi assassinado com um tiro no peito que veio de um PM que acompanhava a torcida do Coritiba. Essa é a prática de uma instituição que diariamente prende e mata jovens negros e pobres das periferias brasileiras. Dessa vez não há a mínima possibilidade de forjar provas ou acusar uma vida silenciada com uma bala de resistir (“auto de resistência”), modo como as polícias brasileiras agem quando matam, eram cerca de 3 mil torcedores do Coritiba no local do crime.

Leonardo morava no bairro Sítio Cercado, um dos bairros mais violentos da capital paranaense. Era um jovem trabalhador, que deixa mãe, pai e irmãos devido à violência institucionalizada do estado brasileiro que nas periferias e favelas brasileiras atua só através de suas instituições repressivas.

O jovem trabalhador da periferia não será esquecido. A briga da dupla Atletiba com a Federação Paranaense de Futebol não deixa de ser importante, mas, muito mais importante é que mais uma vida periférica foi tirada. Não podemos aceitar a opressão e repressão calados, precisamos denunciar e exigir que o estado do Paraná e a PM respondam por tirarem a vida de Leonardo. Seja no caso de Leonardo ou outras mortes pelas mãos da PM defendemos a necessidade de uma comissão de inquérito popular, onde representantes dos movimentos sociais e da comunidade tenha acesso a toda a informação. Hoje raramente esses casos avançam, já que são tratados internamente pelas forças do estado. A morte de Leonardo é só mais um exemplo que reforça a nossa convicção de luta pela desmilitarização da PM e a implementação de um controle social, democrático e comunitário sobre a polícia.