Nota da LSR em Repúdio aos Casos de Machismo no 27° Congresso do Sinpeem
Fazer frente ao avanço do conservadorismo e ao aprofundamento das políticas que exploram os trabalhadores é uma tarefa que passa pela luta por uma democracia real e consequentemente pelo fim das opressões. Machismo, racismo e lgbtfobia são formas utilizadas para calar grande parte da classe trabalhadora, classificando aqueles que sofrem com as opressões como minorias e reproduzindo a estrutura excludente do capitalismo.
Lutar contra essas práticas opressivas na sociedade passa inevitavelmente por combatê-las também nos espaços políticos que construímos. O 27º Congresso do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal em São Paulo) evidenciou que o combate ao machismo e a luta por democracia fazem parte da mesma pauta, quando as posturas e falas machistas do presidente do sindicato, Cláudio Fonseca, culminaram na tentativa de calar as mulheres através da truculência.
No primeiro dia do congresso o presidente fez uso de seu monopólio do microfone para desqualificar a fala de uma educadora, prática da qual se utiliza em diversas instâncias políticas do sindicato. Essa atitude é parte de uma ação recorrente que afasta as mulheres dos espaços de debate de um sindicato composto por uma categoria majoritariamente feminina.
Assim, as mulheres decidiram se organizar e agir encaminhando uma moção à mesa.
Em respeito ao regimento do próprio Congresso, as mulheres aguardaram o fim da votação do plano de lutas para pedir uma questão de ordem que requirisse a leitura da moção. O presidente negou a palavra às mulheres ignorando o regimento e o direito à voz das associadas. Elas não aceitaram ser caladas e subiram ao palco para garantir que a moção pudesse ser lida. Diante do protesto, o presidente incitou o plenário contra as manifestantes fazendo uso de falas como: “São essas as professoras que vocês querem que eduquem os seus filhos?” e utilizando-se do aparato do sindicato chamou os seguranças para retirarem as mulheres do palco, o que ocorreu de forma bastante violenta.
Cabe ressaltar que nas últimas eleições para prefeito o presidente do sindicato se candidatou à vereador na mesma chapa de João Dória do PSDB, partido que retira direitos da classe trabalhadora e é representante da direita no Brasil. Na corda bamba, a diretoria majoritária do Sinpeem tenta conciliar o inconciliável e quem sai prejudicado são os professores do ensino municipal.
A luta pelos direitos dos trabalhadores não está descolada da construção de uma prática democrática que entenda o direito à voz como a prerrogativa para a ação coletiva, quando esse direito é negado qualquer entidade que se reivindique de luta cai em contradição. O mesmo ocorre com o combate ao machismo, as mulheres ainda são minoria nos espaços políticos, pois historicamente sua fala é desqualificada e ironizada. Não podemos mais deixar que o patriarcalismo continue se reproduzindo em nossas entidades, o lugar da mulher também é na luta!
A LSR apoia a luta das educadoras no Sinpeem pela democracia e contra o machismo!