Explosão de ocupações nas escolas do Paraná

Desde que a “Reforma do Ensino Médio” foi anunciada pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB), através da MP 746/2016, o estado do Paraná vem sendo protagonista de um movimento histórico da juventude secundarista. No momento em que essa matéria é escrita, já são mais de 800 escolas e doze universidades ocupadas em todo o estado.

A primeira ocupação no estado foi na Região Metropolitana de Curitiba, na cidade de São José dos Pinhais: o Colégio Estadual Padre Arnaldo Jansen. As ocupações se espalharam pela cidade, antes de tomar conta da capital – que hoje é a região com mais escolas na luta – e chegar no litoral e interior. Um movimento que, sem dúvidas, tem referências no método de organização e de ação das ocupações que antecederam o movimento no Paraná, como as de secundaristas em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás em 2015.


Reforma sem debate

Em um momento em que o Paraná é visto como referência para a direita brasileira, os secundaristas paranaenses estão dando um exemplo de como lutar e não aceitar a medida de um governo que vem, de cima para baixo, tentando impor uma reforma sem o mínimo debate com a população e sem consultar os profissionais da educação e os estudantes do país, que são os principais atingidos.

Em 2015 foi a luta das e dos professores e outros servidores contra o ataque à previdência posto em prática pelo Governador Beto Richa (PSDB). Hoje, é a juventude, com muitas mulheres à frente das ocupações e atos que dão centralidade à luta em um momento acirrado de ataques do governo federal.

Apesar do fortalecimento institucional da direita nas eleições, vimos também avançar a luta e consciência da classe trabalhadora e da juventude precarizada do país. Esse movimento já está se tornando nacional, com ocupações de IFs e escolas em pelo menos 8 estados do Brasil.

É necessário que as ocupações de escolas aconteçam nacionalmente para fazer o governo, sem legitimidade popular, recuar – o que seria uma vitória importantíssima para a esquerda. No próximo dia 17/10 terá início a greve dos professores do Paraná, o que potencializa e fortalece a luta contra a Reforma do Ensino Médio de Temer.


As ocupações chegaram na periferia

No último dia 10/10, as ruas do bairro do Sítio Cercado, periferia de Curitiba, foram tomadas por alunos das escolas da região, em um ato unificado. Pelo menos 800 estudantes da “Fora Temer”, “Fora Richa” e “Fora com a reforma”. Tivemos a participação de organizações de esquerda nesse ato descentralizado, em um bairro onde não é comum a juventude negra e pobre se organizar politicamente. A militância da LSR e do Coletivo Construção estão inseridos na organização dessa juventude, ganhando legitimidade e confiança de um setor massivo da cidade de Curitiba, que além de estudar precisa trabalhar, devido a suas condições reais de existência, onde a garantia de um futuro não existe. Portanto, é fundamental que a esquerda socialista se insira nos bairros e em sua juventude trabalhadora que pode ser central na resistência ao ajuste fiscal em prática no país.

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