Não reconhecemos Temer e não aceitamos sua agenda de ataques!
Um eventual governo de Michel Temer será um governo de crise e instabilidade. Sua popularidade é tão baixa quanto a de Dilma e não tem apoio sequer da parcela expressiva da população que defendeu o impeachment. Não há chances de paz social e política no próximo período.
A falta de legitimidade de um governo oriundo de uma conspiração reacionária que milhões consideram ser um golpe se alimentará do agravamento da situação econômica e social. Com o desemprego ultrapassando o nível dos 10% e a vida de forma geral piorando muito para milhões, não haverá bases para uma reconciliação nacional.
Como fator desestabilizador adicional está o envolvimento nos esquemas de corrupção de toda a cúpula do PMDB e demais partidos que dariam sustentação a Temer. Os desdobramentos da Lava Jato não estão completamente sob controle e não é tão fácil bloquear as investigações ou anistiar os acusados.
Um eventual governo Temer existirá exclusivamente para cumprir a agenda que Dilma mostrou-se incapaz de realizar (embora tivesse tentado ao máximo) – uma agenda de cortes, ataques aos direitos, contrarreformas e retrocessos políticos, econômicos e sociais.
Período turbulento
O único caminho para que o governo tente alcançar essa meta e se credenciar junto ao 1% de super-ricos é com a colaboração da maioria corrupta e conservadora do Congresso, de um lado, e muita repressão a quem resiste, de outro.
Com a força demonstrada pelo movimento de massas e o alto grau de polarização do último período, tudo indica que o próximo período será de muita turbulência.
Todos esses fatores levaram uma parcela significativa do grande capital a duvidar das possibilidades de um governo Temer estabilizar o país e implementar sua política de ataques.
Nesse momento, porém, a ordem unida da burguesia é legitimar o processo de impeachment diante das acusações de que foi um golpe. Não admitem um retrocesso nesse caminho. A tendência natural é de que apoiem Temer e busquem criar condições para que possa cumprir seu papel.
Mas, a burguesia tende a dar um prazo para Temer e dependendo do resultado não podemos descartar que passem a defender outros caminhos, como a convocação de novas eleições. Com novas eleições e mantendo todas as regras de funcionamento do atual sistema político-eleitoral, a burguesia poderia buscar um (ou uma) representante mais forte e sustentável para assumir o Palácio do Planalto e aplicar seu programa de ataques.
Luta sem tréguas
Diante disso, a posição da esquerda socialista e dos movimentos combativos deve ser a de travar uma luta sem tréguas contra esse governo e sua agenda de ataques.
Não reconhecemos Temer e no seu lugar só podemos exigir novas eleições presidenciais junto com eleições para um novo Congresso, que é tão corrupto e ilegítimo quanto Temer.
Mas, essas eleições gerais tem que acontecer nos marcos de uma verdadeira revolução no sistema político. Por isso, defendemos a formação de uma Assembleia Popular Constituinte com o objetivo exclusivo de promover uma reforma política radical e de caráter popular e democrático.
É preciso enterrar o sistema político baseado no fisiologismo, corrupção e pactos antidemocráticos contra os trabalhadores. É preciso varrer Temer, o Congresso e as instituições desse sistema falido e no seu lugar estabelecer a vontade do povo organizado e mobilizado.