SP: Tucanos roubam merenda das crianças

Em São Paulo, políticos do PSDB estão envolvidos na “máfia da merenda”. O esquema de corrupção, descoberto pela Polícia Civil e pelo Ministério Público em janeiro deste ano, desviou milhões de reais da Secretaria Estadual de Educação.

A máfia da merenda funcionava sob o comando da COAF, uma cooperativa agrícola de fachada. Entre os beneficiados, estariam o deputado estadual Fernando Capez (PSDB) e os federais Baleia Rossi (PMDB) e Duarte Nogueira Júnior (PSDB). Também participavam do esquema funcionários do alto escalão da Secretaria de Educação e de outros órgãos do governo do estado.

A COAF fornecia produtos superfaturados para os programas de merenda da rede estadual de ensino, graças a licitações fraudadas com o auxílio de políticos parceiros. Entre 10% e 25% do valor das contratações era repassado aos políticos que faturavam com o esquema. Segundo as investigações, o desvio passou de 11 milhões de reais.

O escracho dos tucanos com o dinheiro público ficou claro na foto divulgada pela Polícia Civil no dia 14 de abril. Na imagem, Carlos Lopes, um dos dirigentes da COAF, foi flagrado rodeado por maços do dinheiro da máfia da merenda.

Cadê minha merenda?

Após a descoberta dessa roubalheira, outro problema surgiu: os contratos entre a Secretaria de Educação e os fornecedores de merenda em várias cidades do estado foram suspensos.

As consequências para os estudantes foram imediatas. Em muitas escolas, as refeições foram substituídas por comidas industrializadas, como suco de caixinha e bolacha de água e sal. Em outras, professores e diretores precisaram implorar aos pais dos alunos por doações de alimentos. Em diversas outras unidades, as aulas foram simplesmente suspensas por falta de comida.

Estudantes na luta!

Em setembro de 2015, o governo do estado de São Paulo, sob comando de Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou o processo de “reorganização” do ensino público estadual. Esse esquema consistia no fechamento de centenas de escolas e milhares de salas de aula por todo o estado, além da transferência forçada de alunos para outras unidades, com a desculpa de diminuir os gastos com educação.

Alckmin acreditava que seu projeto seria adotado facilmente, sem obstáculos. Entretanto, ele não esperava a resposta dos estudantes. Entre novembro e dezembro de 2015, mais de 200 escolas foram ocupadas pelos próprios alunos por todo o estado, em protesto contra a “reorganização”.

As ocupações tiveram grande apoio dos pais, professores e da maior parte da opinião pública. A pressão foi tanta que, no dia 4 de dezembro, o próprio governador Alckmin anunciou a suspensão do projeto.

Em 2016, a resposta não foi diferente. Ao longo dos meses de março e abril, os estudantes vêm realizando diversos atos no centro de São Paulo, exigindo a punição dos políticos envolvidos na máfia da merenda.

A Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual de ensino, está realizando atividades e audiências públicas para alertar a população sobre o caso. O sindicato também vem exercendo pressão sobre os deputados para a instauração de uma CPI, visando investigar o escândalo.

Até as torcidas organizadas estão se envolvendo nessa luta. No dia 15 de abril, a Gaviões da Fiel, a maior torcida do Corinthians, organizou um ato com cerca de três mil pessoas no Vale do Anhangabaú, região central da capital. Aos gritos de “Capez, vamos derrubar você”, a Gaviões exigiu a abertura da CPI da merenda.

Vai acabar em pizza?

Apesar de toda a pressão popular, a primeira tentativa de apuração da máfia da merenda acabou morrendo. No dia 19 de abril, uma sessão da Assembleia Legislativa iria decidir pela continuidade das investigações. Entretanto, por falta de quórum (deputados presentes para votar), a reunião foi adiada.

Para não deixar esse escândalo ficar por isso mesmo, é necessária uma intensificação das lutas em defesa da educação pública. Para nós, da LSR – Liberdade, Socialismo e Revolução, é preciso unificar as lutas dos alunos e professores, sindicatos e movimentos estudantis. Só assim será possível resistir a esses ataques e nos preparar para outras ofensivas que virão no futuro próximo.

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