Secundaristas em Goiás seguem na luta contra a privatização do ensino
As ocupações das escolas públicas em Goiás tiveram início em 9 de dezembro de 2015. Os estudantes secundaristas, mediante a ameaça iminente de implementação das Organizações Sociais e, consequentemente, fim da gestão pública da educação, se mobilizaram e ocuparam diversas escolas. Para 2016, o governo do Estado pretende passar 25% das escolas, em torno de 300, para a administração das OSs e também passar mais 16 escolas para administração da Polícia Militar – ou seja, privatizar e militarizar o ensino público, sem qualquer diálogo com os estudantes, trabalhadores da educação e a comunidade em geral.
Entregar a gestão das escolas para empresas privadas significa instabilidade dos estudantes e trabalhadores, pois abre-se a porta para cobrança de taxas, fim dos concursos públicos para professores e servidores administrativos, superlotação das salas. Em síntese, criam-se condições para piorar a diminuição da qualidade de ensino, um verdadeiro sucateamento da educação pública, para que empresas possam obter cada vez mais lucro.
O governo Marconi Perillo (PSDB) tenta justificar a entrega das escolas para as OSs afirmando que, com isso, existirá melhor gestão, mas encobre o fato de que o problema central é a falta de investimentos. Mais uma, vez o Estado foge da responsabilidade dos serviços sociais e, pior, agora entrega o dinheiro público para a iniciativa privada.
Diante desse cenário de implementação autoritária das OSs, o movimento secundarista cresceu desde o fim do ano e, no ápice, chegou a ocupar 29 escolas: uma em São Luís dos Montes Belos, uma na Cidade de Goiás, dez em Anápolis e 17 na região metropolitana de Goiânia (quatro em Aparecida de Goiânia e 13 na capital). As ocupações tiveram apoio de professores, militantes de coletivos e movimentos sociais e também de parte da população, que ajudou com doações e organização de atividades culturais e de formação.
O autoritarismo do governo estadual, no entanto, não parou nem por um momento, com o auxilio da mídia, que fez uma intensa campanha de criminalização das ocupações. Com a Polícia Militar, a repressão e violência acompanharam os estudantes em sua luta. Várias escolas foram cercadas por policiais, estudantes e apoiadores foram ameaçados – alguns tiveram suas fotos publicadas em uma matéria apócrifa publicada em um jornalzinho conhecido popularmente como “Diário do Marconi”, dado o aparelhamento do governo. E, muitas vezes, estudantes e apoiadores tiveram seu direito de ir e vir violado com bloqueios que impediam a entrada e saída das ocupações, além das agressões físicas e abuso de autoridade presentes em manifestações realizadas pelo movimento.
A principal vitória do movimento foi adiar o processo de entrega das escolas para as Organizações Sociais. O plano do governo era já ter iniciado 2016 com várias escolas sendo geridas pela iniciativa privada. Por isso, o início do ano foi marcado por uma intensificação da ação repressiva: a intenção do governo de eliminar a qualquer custo o movimento que luta por uma educação pública gratuita e de qualidade chegou ao absurdo. Na madrugada do dia 25 de janeiro, sem nenhuma ordem de reintegração de posse, policiais militares invadiram a ocupação do Colégio Ismael Silva de Jesus, localizado na periferia da região noroeste de Goiânia, e espancaram meninos e meninas entre 13 e 16 anos que ocupavam a escola.
E não parou por aí: além de outros casos, na noite do dia 15 de fevereiro deste ano, após a ocupação do prédio da Seduce (Secretaria de Educação, Cultura e Esporte do Estado de Goiás) em razão da abertura dos envelopes com as propostas técnicas das OSs, foram presas 31 pessoas. Dentre estudantes e professores apoiadores do movimento, estavam 18 maiores e 12 menores de idade que foram levados para as delegacias, mais uma vez sob a ação irregular e violenta da polícia, e só foram libertados na tarde do dia 17.
Nesse mesmo dia, mais 16 pessoas foram presas no ato chamado pela Frente de Luta pelo Transporte Público. O ato prestava solidariedade aos presos políticos pela luta contra as OSs e ainda contra o aumento da tarifa para R$ 3,70. Até o fechamento desta matéria, todos os manifestantes foram libertados, menos Wendell, estudante menor de idade que está sendo unicamente responsabilizado, ainda que sem provas, pela agressão a um policial militar.
Esta é a forma como o estado de Goiás dialoga com estudantes: com repressão e violência, criminalizando aqueles que lutam pela educação pública!
- Repudiamos todas as prisões e repressões!
- Liberdade a Wendell!
- Todo apoio à luta secundarista!
- Contra a militarização e privatização do ensino público!
- Chega de cortes da educação e ajuste fiscal!
- Ocupar é lutar por educação pública e de qualidade para todos!