Muito além de uma reprovação no ve$tibular

Junto com o bolso dos empresários do ramo da educação, as salas de cursinho vão ficando cada vez mais cheias.

Milhares de jovens se esgotam e competem entre si, baseando-se em um pensamento meritocrático que é alimentado diariamente dentro e fora dessas salas. “O vestibular incluirá vocês nas melhores universidades”, “quem estuda passa” e outros discursos como esses são usados para iludir milhares de estudantes e fazê-los acreditar que a culpa por não estarem na faculdade é deles e é individual.

Todos passariam?

No ano passado a USP oferecia cerca de 11 mil vagas e recebeu mais de 160 mil inscritos em seu vestibular. Será que os 150 mil que não passaram não estudaram o suficiente? Todos eles passariam se tivessem estudado?

O fato é que o acesso ao ensino superior hoje é totalmente restrito e visa o lucro. Empresas crescem cada vez mais em cima da ideologia da meritocracia e da exclusão que o vestibular realiza.

Com valor de mercado de R$ 20 bilhões e com o título de maior empresa de educação do mundo, a brasileira Kroton representa bem as consequências disso e de se ter um governo que prioriza o capital. Iniciativas públicas dão cada vez mais autonomia e facilidades à mercantilização da educação e, com programas como Fies e Prouni, pra se ter uma noção, o Estado já é responsável direto por 35% da receita dessa empresa.

Enquanto empresários lucram e jovens brancos e ricos usufruem das, cada vez mais sucateadas, universidades “públicas”, os jovens de periferia se vêem fora até mesmo dos caros cursos pré-vestibular. Com os programas citados, que alugam vagas ociosas para garantir o lucro das faculdades privadas, eles se endividam e o número de evasões só aumenta. Ano após ano o adolescente pobre vê seus objetivos serem barrados e seus sonhos interrompidos por uma prova de 90 questões e repressões sociais do decorrer da vida. Já passou da hora disso acabar.

Por um ensino público, gratuito e de qualidade

Março costuma ser o mês em que as aulas começam definitivamente. Milhares de jovens se preparam para encarar uma nova rotina. Alguns deles na universidade, a maioria fora dela.

A ampliação, com qualidade, de vagas nas universidades e o consequente fim do vestibular são indispensáveis para a cidadania e dignidade do jovem. A realidade é que fazê-los em um sistema que tem a exclusão e o lucro sobre ela intrínsecos é impossível. Lutar contra o vestibular é lutar contra o capitalismo.

Você pode gostar...