Luta global pelo clima: o inimigo é o capitalismo!

O ano de 2015 é o mais quente, globalmente falando, desde 1850, e as temperaturas mundiais estão no caminho de aumentarem mais 4 graus antes de 2100, alerta as Nações Unidas. Esse número seria duas vezes além do limite máximo estimado para evitar as piores catástrofes humanas e ecológicas.

Apesar de seu otimismo superficial, os governos reunidos em Paris não oferecerão uma solução a essa ameaça, já que ela é provocada por suas políticas, muitas delas ditadas pelas Grandes Petroleiras, outras multinacionais e pela própria dinâmica do sistema capitalista. A saída está em combinar as lutas cada vez maiores para salvar o meio ambiente com as lutas dos trabalhadores por salários e melhores condições em torno de um programa socialista democrático.

Qualquer luta pelo meio ambiente encontrará a resistência feroz do sistema capitalista. Apenas 90 grandes empresas foram responsáveis por 63% do total mundial de emissões de dióxido de carbono industrial e metano de 1851 a 2010 – a metade dessas emissões nos últimos 25 anos.

Na França de hoje, 18% da indústria responde por 87% das emissões de gases estufa; 46% destas vêm de apenas 21 plantas. O exemplo da Volkswagen é gritante. Ela usou a preocupação ambiental como marketing de vendas, enquanto usava um software especial para enganar os controles de poluição desde 2009 – ocultando emissões até 40% maiores do que aquelas permitidas na União Europeia!

O que está em jogo?

  • Um número crescente de catástrofes, como o Furacão Haiyan nas Filipinas em 2013. Em 2014, 19 milhões de pessoas ficaram desalojadas por causa de desastres naturais, 90% delas na Ásia.
  • Segundo a Nasa, um aumento do nível do mar de até um metro dentro de 100-200 anos é um cenário realista, afetando pelo menos 150 milhões de pessoas só na Ásia. Muitos outros argumentam que um aumento de um metro é conservador demais.
  • Ao mesmo tempo, grandes partes da América Central e do Sul, sul da África e Austrália Meridional e países em torno do mar Mediterrâneo arriscam-se a um rápido aumento das secas. O fornecimento de água para até dois bilhões de pessoas estará em risco em 40-50 anos, já que a camada de gelo e neve na Ásia Central que a garante poderá desaparecer.

O ritmo dos eventos ainda é desconhecido. Os cientistas alertam sobre vários momentos críticos, a partir dos quais as mudanças na natureza serão inevitáveis. Coisas que são fundamentais para toda a vida – incluindo a vida humana – como recifes de coral, mangues e abelhas, estão em processo de total destruição.

Mudança climática – o maior fracasso do mercado capitalista

A temperatura global agora aumentou um grau desde os tempos pré-industriais, segundo um novo relatório do Escritório Meteorológico da Grã-Bretanha – o serviço nacional de meteorologia do país. Isso já é metade dos simbólicos dois graus que foram fixados pela ONU. A última vez em que o mundo esteve dois graus mais quente antes da industrialização foi há 120 mil anos atrás, quando o nível do mar estava pelo menos seis metros mais alto do que hoje.

As cúpulas dos políticos falharam totalmente em impedir a destruição do meio ambiente. Desde a Eco 92, a emissão mundial de carbono dobrou, alcançando mais de 35 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.

Com as garantias dos governos antes da cúpula de Paris, as emissões ainda alcançarão 56.7 bilhões de toneladas em 2030. De acordo com o prognóstico otimista da ONU, isso significaria um aumento na temperatura de 2.7 graus.

Os países ricos estão se comprometendo com apenas um quarto do que é necessário, segundo o website Climate Fairshares.

O que está sendo proposto em Paris?

  • Basicamente, soluções de mercado – comercialização de licenças de emissões, que já falharam na Europa, já que as empresas receberam cotas de emissão quase ilimitadas – que serão estendidas à China, Coreia, Japão e outros países.
  • Nada é compulsório. Todos os compromissos são voluntários, não há um sistema de multas ou punições.
  • Não haverá limitações aos subsídios existentes às indústrias do petróleo, carvão e de carros.

Todo pequeno passo a frente também estará em perigo a cada recessão na economia mundial, pois os políticos tomarão medidas para salvar suas empresas e bancos nacionais. Todas as outras soluções discutidas, como aumentos na captura e estocagem de dióxido de carbono, na verdade aumentam os riscos, já que não preveem qualquer diminuição real das emissões.

Lutas climáticas e ambientais

A enorme campanha contra o oleoduto da Keystone XL, do Canadá ao Golfo do México terminou em vitória em novembro, depois de quatro anos de lutas dos ativistas, fazendeiros, indígenas e outras comunidades. Em Melbourne, os membros do Partido Socialista (o CIT na Austrália) jogaram um papel central para que o enorme projeto da poluidora auto-estrada East West Link fosse detida após grandes protestos, incluindo manifestações, piquetes e participação sindical. Na Suécia, membros do CIT estão envolvidos numa luta similar contra o mais caro túnel rodoviário da Europa.

Lutas muito importantes também estão sendo conduzidas, por exemplo, contra as minas de ouro na Grécia, a perfuração de petróleo no Ártico, a falta d’água em São Paulo e o fracking – que é totalmente proibido na França.

O ponto de partida socialista

  • As necessidades dos seres humanos e do próprio planeta devem ser postos antes da busca por lucros do capitalismo global.
  • Por uma grande mudança dos modelos de crescimento e desenvolvimento capitalista baseados na exploração do povo e da natureza por corporações multinacionais para um controle e administração popular sobre os recursos naturais.
  • Dentro da estrutura do capitalismo, não há soluções duradouras.
  • Há apenas soluções internacionais. A ameaça da mudança climática não é apenas uma questão ambiental: deve ser vista como uma questão de justiça social, derivada do roubo de recursos naturais pelos países ricos e corporações multinacionais.

Organize-se e lute pelo socialismo!

O sistema capitalista está nos levando para trás; devemos derrubá-lo! Só podemos mudar as coisas de forma fundamental lutando pela transformação socialista da sociedade, incluindo ações revolucionárias como aquelas da França de 1968, que chegou tão perto da vitória.

Isso significa os donos das companhias sendo expropriados e os setores chaves da economia sendo postos sob controle dos trabalhadores e do povo através de sua nacionalização. Isso inclui as grandes companhias de energia, a indústria alimentar, as grandes farmacêuticas, a indústria automobilística e de transportes, e muitos outros grandes monopólios que dominam nossas vidas, assim como os bancos.

Os trabalhadores no controle da sociedade mudariam tudo. Usaríamos então materiais de qualidade para fazer mais produtos duradouros – bens que também não seriam nocivos aos trabalhadores em seu manuseio ou uso. 80% dos combustíveis fósseis devem ficar enterrados. A agricultura precisa mudar de forma fundamental. Investir em novas fábricas limpas, em transporte público de baixo custo, habitações e todos os tipos eficientes de energia renovável: essa é a única maneira de ocorrer uma transformação real! Isso significaria planificação para empregos ambientalmente sustentáveis.

Um novo relatório do International Trade Union for Construction and Wood Workers mostra que a conversão ambiental não é apenas possível mas forneceria milhões de novos empregos para substituir os perdidos em indústrias poluidoras.

Nós já temos os meios técnicos para planejar a produção de acordo com nossas necessidades, e não dos lucros; podemos ter uma gestão racional de todos os recursos do planeta. Isso significa lutar por uma sociedade socialista democrática, com o planejamento democrático de recursos em uma escala internacional.

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