8a. Escola Latino-Americana do CIT – Preparando as forças para uma nova etapa de lutas!

altNos dias 3 e 8 de fevereiro, realizamos a 8º Escola Latino-Americana do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores – CIT, na Universidade Federal Fluminense em Niterói (RJ). Esta Escola aconteceu num momento especial da conjuntura mundial e latino-americana. Com turbulências no mundo todo, não há estabilidade e tampouco saída pacífica da crise para a burguesia. Em oposição, lutas, manifestações e vitórias importantes de partidos de esquerda.

Esta crise prolongada do capitalismo produziu elementos revolucionários e contrarrevolucionários em todo o mundo. Lutas de trabalhadores foram derrotadas na Europa por erros da burocracia sindical e a debilidade de partidos de esquerda. As novas inciativas, como Die Link ou Novo Partido na França, ainda não se mostraram à altura dos desafios, gerando confusão, frustação.

Do outro lado, o Syriza triunfou nas últimas eleições gregas, representando uma vitória para os trabalhadores em todo o mundo, pois indica que existe saída para a crise que não o acirramento da austeridade. Manifestações gigantes ocorreram em Madri contra a austeridade e o Podemos, um novo partido, aparece como resposta, inclusive para aqueles que em 2011 gritavam contra esta ferramenta de luta.

Na América Latina, os impactos da crise também estão sendo mais fortemente percebidos. O modelo presente na ultima década começa a ruir, com a crise das commodities. No Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, os governos são obrigados, enquanto não rompem com a lógica do capitalismo, a fazer mais pacotes de austeridade, não podendo mais garantir as políticas sociais de antes.

Trata-se de um novo ciclo e é necessário que socialistas e revolucionários se debrucem sobre a nova conjuntura e organizem a intervenção da classe trabalhadora e da juventude para enfrentar os ataques e barrar o projeto neoliberal. Nós do CIT, como parte deste processo, organizamos esta 8º Escola de formação internacional para juntos pensarmos e planejarmos os próximos passos da luta.

Kshama Sawant no ato público

O ato de abertura, que contou com a participação da vereadora socialista Kshama Sawant, dos EUA, foi o maior Ato Público já organizado nas Escolas Latino-Americanas. O ato lotou no Salão Nobre do IFCS da UFRJ-RJ e contou com a presença de mais de 250 pessoas.

Luciana Genro, Tarcísio Motta, Paulo Eduardo Gomes (PEG), Robério Paulino, expressaram candidaturas do PSOL, claramente socialistas, capazes de enfrentar a velha direita, o lulismo e a falsa alternativa na face de Marina Silva. Nós da LSR construímos e colaboramos com estas campanhas, sendo estas a prova de como é possível crescer eleitoralmente sem capitular.

O camarada Vitor Chokito, do MTST, representou a luta urbana por moradia. O MTST é um dos principais movimentos sociais hoje na conjuntura e tem conseguido vitórias importantes e mobilizado milhares de trabalhadores. Vitor entregou uma bandeira do MTST para a camarada Kshama Sawant, um presente capaz de simbolizar a concentração entre as lutas sociais contra a sociedade capitalista, que nos retira direitos, trabalho e moradia.

Tony Saunois, do Secretariado Internacional do CIT, chamou atenção para o exemplo do Syriza, assim como as lutas dos trabalhadores na Europa e Irlanda contra a austeridade e a taxa da água especificamente. Apesar da vitória na Grécia, Tony colocou os limites do governo Syriza, que serão superados unicamente com a luta dos trabalhadores organizados, pressionando-o mais à esquerda. Indicou que a construção de uma internacional dos trabalhadores, de uma luta coordenada, é condição para uma real vitória contra o capital.

Unidade na luta

O camarada Luciano Barboza, da LSR, sessão brasileira do CIT, contextualizou o momento que a Escola estava acontecendo, de acirramento das politicas e ajustes neoliberais da Dilma e outros governos e reais possiblidades de recessão. Precisamos resistir aos ataques. Este não é um ano de fracionismo e sim de unidade da esquerda para enfrentar o projeto neoliberal. Essa unidade é a única saída para enfrentar a falta d’água, aumento no transporte, desemprego e falta de moradia.

Demais sessões do CIT saudaram o ato e a Escola: o camarada Johan da Venezuela, Pedro Pablo do Chile e o companheiro Carlos da Bolívia reforçaram a importância da Escola e da atual conjuntura econômica para organizar as nossas lutas.

A companheira Kshama Sawant, vereadora eleita na cidade de Seattle, nos brindou com uma fala inspiradora. Relatou a luta que estamos construindo nos EUA através da Alternativa Socialista, organização irmã da LSR, tendo como centro a reivindicação de um salário mínimo de 15 dólares por hora no coração do imperialismo. A luta foi vitoriosa na cidade de Seattle e vai transferir 3 bilhões de dólares dos patrões a 100 mil trabalhadores nos próximos anos. Esta luta hoje se expandiu para o resto do país.

Não é exagero dizer que Kshama pautou o socialismo no coração do império. Sawant é um exemplo da possiblidade de enfrentar o capitalismo e construir no dia a dia uma oposição a este sistema, dando voz e força à classe trabalhadora e a juventude organizada. Relatou sobre o grave problema racial e a morte de jovens negros nos EUA, o que nos mostra que não basta ter um presidente negro. Obama, no seu discurso anual, sequer tocou na questão do racismo e da ação dos policiais.

Os debates na Escola

A Escola aconteceu em duas fases. A primeira, de 3 a 6 de fevereiro, em um número menor de camaradas. Atentamo-nos à tarefa de formação de quadros na perspectiva de ampliação do trabalho do CIT na América Latina e no Brasil. Contamos com as contribuições da camarada Toya dos EUA, assim como Tony Saunois, do nosso Secretariado Internacional e as delegações de Chile, Venezuela, Bolívia e Brasil, este com delegações de 10 estados. Ao final de semana, a Escola se ampliou e contamos com cerca de 160 pessoas.

Durante esta uma semana, discutimos as Relações Mundiais e o impacto da crise, América Latina, o trabalho de mulheres no CIT, formação de novos partidos, detalhamos nossa intervenção nos países da América Latina, assim como debatemos em grupos de discussão temas como a crise hídrica; o fenômeno Syriza, a luta nos EUA; a atualidade da teoria marxista e a crise; a luta sindical e os partidos, o Oriente Médio e Cuba.

Uma semana intensa de muita discussão e trabalho, mas extremamente renovadora.

Perspectivas

A 8º Escola Latino Americana do CIT constatou a nova etapa da luta de classes que se abre no mundo e na América Latina. Nesta conjuntura, a palavra de ordem é unidade na luta para enfrentar os ataques de austeridade e construção de instrumentos e ferramentas autônomas da classe trabalhadora para este enfrentamento, junto com a construção de uma alternativa socialista.

Em contraposição aos ataques, os trabalhadores e a juventude estão tomando as ruas. Como no Brasil, em que greves, manifestações, mobilizações, tem sido a tônica do início de 2015 e isso tende a aumentar. É tarefa dos socialistas impulsionar estas lutas e contribuir na construção de novos partidos de trabalhadores e da juventude, organizando a luta contra o capitalismo.

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