Dia 29 de janeiro – Dia da Visibilidade Trans*

Hoje, dia 29 de janeiro, é dia da visibilidade trans*. Mas o que isso significa?

Em 29 de janeiro de 2004, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Travesti e Respeito”, que tinha por objetivo visibilizar a transfobia sofrida por pessoas trans*, particularmente travestis. Foi a primeira campanha feita por pessoas trans*, para pessoas trans*, denunciando a situação marginal que vivemos majoritariamente. O dia, então, ficou marcado como um dia de visibilidade das questões trans*.

Mais de 10 anos depois, infelizmente, ainda precisamos reivindicar visibilidade dentro das militâncias LGBT e Feminista. É por isso que, durante a Semana da Visibilidade Trans*, a semana que contempla o dia 29, vários blogues e coletivos trans* ou trans*-aliados se unem para discutir a situação das pessoas trans* na sociedade. Apesar de algumas medidas afirmativas – que, sob uma ótica de combatividade, podem ser consideradas apenas migalhas – vivemos na penumbra de uma sociedade altamente marcada pela oposição ilusória de apenas dois gêneros considerados naturais e seus respectivos corpos dimórficos (com apenas duas morfologias inteligíveis e tratadas como radicalmente opostas). Nossos gêneros ainda são considerados falsos ou carentes de explicação para as pessoas cis (pessoas não-trans*), nossos corpos ainda são considerados menos humanos, menos merecedores do luto, menos desejáveis, relegados ao monturo.

Façamos um pequeno experimento: quantas pessoas trans* você conhece ou conheceu em seu trabalho presente ou passado, ou em sua universidade, clubes, academia, igreja, ou em qualquer espaço social que você frequente? Quantas vezes você abordou o assunto trans* para algum colega mediante as piadas frequentes que desumanizam nossas vidas? Quantas vezes interviu quando sua família ria das travestis do Zorra Total?

Ações afirmativas podem ser muito mais simples do que contribuir para estabelecimento de leis ou participar de protestos; Antes, a militância começa em casa, no trabalho, na universidade, etc., justamente naqueles momentos em que as pessoas começam a nos desumanizar através de piadas, termos pejorativos, ou simplesmente pela completa falta de empatia por nossas mortes.

As pessoas trans* representam a população em maior risco de se tornar moradores de rua, maior risco de suicídio, a expectativa de vida de pessoas trans* negras é de 30 anos. Também somos a população que menos acessa emprego formal e quase todas nós ou somos trabalhadoras sexuais, ou fomos, ou seremos em algum ponto da vida para sobreviver.

Por isso, precisamos de não apenas um dia da visibilidades trans*, mas que todos os dias sejam de visibilidade trans*!

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