Nota do companheiro Paul Murphy sobre a vitória do Syriza

O povo grego falou claramente dando ao Syriza, uma votação expressiva. Eles rejeitaram o horror e a barbárie da austeridade que os rondou por meio da Troika e do establishment político grego. Os gregos fizeram isso apesar de uma incrível campanha do medo contra eles, campanha esta que simplesmente não funcionou.

O muro ideológico dizendo que “não há alternativa” à austeridade foi decisivamente quebrado. A partir da Grécia, novos ares foram soprados em toda a Europa – dando esperança à Irlanda, Espanha, Portugal e outros lugares que o pesadelo de austeridade pode acabar.

Agora, os trabalhadores e os jovens de toda a Europa têm de estar lado a lado com os trabalhadores gregos e exigir que o seu voto seja respeitado pelas instituições europeias. As inevitáveis tentativas por parte da Troika e Angela Merkel para chantagear e ameaçar as pessoas e impor austeridade deve ser rejeitada – pelo governo Syriza, pelas massas gregas, mas também por todos aqueles que rejeitam a austeridade em toda a Europa. Esta não é apenas uma questão para os gregos, mas para os 99% em toda a Europa.

A justificativa para a austeridade grega tem sido para o pagamento da dívida que é de 175% do PIB. Essa é uma dívida ilegítima e abominável, assim como a da Irlanda. Não é uma dívida que que sirva aos interesses da classe trabalhadora -, mas sim nos interesses dos ricos. A vitória de Syriza agora solapou as sugestões daqueles que haviam dito que era tarde demais para mudar alguma coisa sobre a dívida da Grécia. O mesmo vale para a dívida da Irlanda, construída para ajudar os banqueiros. Não é tarde demais. Não pode e nem deve ser paga.

A eleição de um governo de esquerda na Europa é um momento histórico que abre novas oportunidades. Na Grécia, pode provocar uma grande luta protagonizada pelos trabalhadores das camadas mais baixas, como por exemplo, os ex-trabalhadores da estação ERT que fora desligada e daqueles que estão na campanha contra a destruição ambiental da extração de ouro em Halkidiki no Norte da Grécia. Os trabalhadores vão exigir que as promessas feitas pelo Syriza durante a eleição sejam cumpridas, como o aumento do salário mínimo e mudanças tributárias progressivas. Isso pode ter um efeito correspondente no resto da Europa – que estabeleça a base para uma luta decidida para a mudança socialista, para uma Europa que sirva aos interesses de milhões aos invés dos milionários.


Paul Murphy é deputado federal na Irlanda e militante do Socialist Party, seção do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores naquele país. Texto original em http://socialistparty.ie/2015/01/blog-from-athens-paul-murphy-on-syriza-victory/.

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