Fortes chuvas em Natal desmascaram a “cidade de fachada” para a Copa e revelam a cidade real em que vivemos
Natal vinha se preparando para mostrar-se aos turistas estrangeiros, ao país a ao mundo como uma das mais belas cidades-sede da Copa 2014. Os 300mm de precipitação em pouco mais de 48 horas foram suficientes, no entanto, para nos fazer relembrar das reais deficiências da infraestrutura e dos serviços públicos da cidade e provocar desabamentos, alagamentos e o desabrigo de centenas de pessoas, gerando sofrimento e transformando o cotidiano da cidade em um caos nestes últimos dias. Na madrugada dessa quinta-feira (19), um novo deslizamento ocorreu, dessa vez na praia de Areia Preta e há riscos de novas ocorrências.
Em primeiro lugar, é preciso socorrer os desabrigados, ajudar aos que precisam de nós neste momento. Manifestamos aqui nossa solidariedade. Nosso partido, o PSOL, está engajado no esforço de solidariedade aos desabrigados. Mas é preciso aprender com fenômenos como este e entender porque as chuvas na cidade fazem tantos estragos. Natal, apesar de estar numa faixa litorânea na qual chove tanto quanto no Sudeste e de forma concentrada em alguns meses, é uma das capitais com um dos piores sistemas de drenagem e saneamento do país, portanto, muito vulnerável à ação mesmo de chuvas menos intensas.
Ninguém pode ser responsabilizado pelas chuvas em excesso, mas a falta de preparação da cidade para enfrentar as chuvas, esta sim tem responsáveis bem definidos: os últimos governos municipais e estaduais, que sempre relegaram ao segundo plano as obras essenciais de drenagem, contenção segura de encostas, saneamento etc., preferindo sacrificar as necessidades da população da cidade em prol de seus interesses mesquinhos.
Os governos municipal, estadual e federal priorizaram nos últimos meses a construção às pressas do estádio Arena das Dunas, legando ao estado uma grande dívida. Montaram todo um cenário para mostrar ao mundo uma cidade fictícia, inexistente, enquanto a população da cidade padece com infraestrutura e serviços precários. Os turistas vieram, encontraram a acolhida da população da cidade. Mas mesmo os turistas, nestes dias, não encontram nas ruas ônibus e taxis suficientes ou mesmo orientação durante o caos em que se transformou a cidade com as chuvas.
Nós dizemos: é preciso aprender com fatos como este e inverter completamente as prioridades. Deixar de investir apenas em grandes obras, de governar para as empreiteiras e para os ricos e passar a investir sim em obras e serviços públicos essenciais, que atendam antes de tudo a população mais necessitada.
Nós repetimos aqui o que já havíamos dito em 2012: NATAL DEVE SER PARA QUEM AQUI VIVE E TRABALHA!
Natal, 16/06/2014
Prof. Robério Paulino
Pré-candidato do PSOL ao governo do Rio Grande do Norte
Fotos: Jornal Tribuna do Norte.