Unifesp: universidade modelo de precarização

A crise da Unifesp já é conhecida nacionalmente. As greves quase que anuais na universidade denunciaram ao Brasil o seu velho quadro: prédios alugados, bibliotecas mal equipadas, precárias condições de trabalho e estudo, falta de técnicos administrativos em educação e de professores, sem moradias estudantis, creches e restaurantes universitários. Se lutávamos contra a precarização da universidade, hoje a situação pode ser chamada de trágica.

O Reuni, política que tem objetivo a expansão das universidades via aumento da quantidade de vagas, criação de cursos noturnos e novos campi, sem investimento necessário, só acentuou o processo de precarização.

A Unifesp demonstra a verdadeira intenção do Governo petista na ampliação do ensino superior: educação sucata para os pobres, garantindo lucros de empresários. Um novo “jeitinho brasileiro” de fazer universidade.

A saída pela privatização

Quatro dos sete campi da Unifesp (São Paulo, Baixada Santista, Diadema e Guarulhos) têm hoje prédios alugados, mesmo onde há prédios definitivos já construídos, além de grande parte de seus orçamentos ser dirigido a serviços terceirizados e de manutenção.

A solução foi pelo remendo, mesmo: em São Paulo, há várias casinhas alugadas, que são usadas como consultórios na área de saúde; na Baixada, o curso de Educação Física, que ainda está sem complexo poliesportivo, usa uma quadra alugada; o campus de Diadema, que usa prédios alugados desde sua criação, está em vias de se mudar para o centro de São Paulo, alugando o prédio de uma universidade privada; e Guarulhos, que finalmente conseguiu que o projeto de prédio saísse do papel, também hoje se localiza num prédio alugado, que nem água tem, no centro da cidade.

A crise da permanência estudantil

A tudo isso é somada a ausência de uma política de permanência estudantil e de melhoria das condições de trabalho, além de não haver transporte entre os campi, que são muito distantes. Estudantes vêm de várias cidades e da periferia de São Paulo e não encontram moradias estudantis, creches, bibliotecas e restaurantes universitários.

A única política da universidade é fornecer auxílios, que têm valor insuficiente e não são efetivas políticas de permanência, são somente medidas emergenciais e cosméticas, que não solucionam o problema. É a velha política do “se vira”.

E nisso, muitos estudantes evadem pelo desestímulo causado pela precária condição e por não conseguir se manter com auxílios de valor irrisório. A principal reivindicação do movimento estudantil é a política de permanência que garanta creche, moradia, restaurante universitário e biblioteca.

Para avançar esse quadro caótico da Unifesp, é preciso que técnicos administrativos, estudantes e professores construam lutas em unidade enfrentando a precarização e vinculem essa bandeira ao processo de lutas mais amplo que está acontecendo, como contra o desvio de verbas públicas para os megaeventos. Se a Unifesp e tantas outras universidades estão nessas condições, podemos ter certeza que os vários estádios não serão assim, pois os gastos com a Copa são bilionários, o que mostra a real prioridade do Governo petista.

O movimento estudantil deve organizar um Encontro dos Estudantes da Unifesp e dar início a uma grande campanha intercampi pela permanência estudantil e por investimentos em educação, retomando as pautas da greve nacional de 2012 com a bandeira de luta por 10% do PIB para a educação pública, já! E enfrentar esse sucateamento e privatização que a universidade sofre.

Por isso, defendemos:

  • Unidade das lutas entre técnicos administrativos, estudantes e professores!
  • Por um Encontro dos Estudantes da Unifesp!
  • Por uma Campanha Intercampi pela Permanência Estudantil!
  • Por 10% do PIB para a educação pública gratuita e de qualidade, já!

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