APP-Sindicato, Governo Richa e a luta dos Trabalhadores em Educação no Paraná

     O estado do Paraná tem sua política marcada pela alternância no poder de algumas poucas oligarquias. Nos últimos trinta anos, basicamente, dois grupos se alternaram no governo do estado, representados atualmente de um lado pelo Senador Roberto Requião (PMDB) e do outro pelo Governador Beto Richa e o Senador Álvaro Dias (PSDB). 

     Richa assumiu o governo no início de 2011, depois de uma campanha típica dos neoliberais, prometendo choque de gestão e a escolha dos cargos de chefia baseada em critérios técnicos, a fim de garantir a eficiência da máquina pública. O que vimos foram políticas de arrocho contra os direitos do funcionalismo público e da classe trabalhadora e um aumento de cargos comissionados. Os gastos com funcionários sem concurso saltaram de R$ 9,2 milhões para R$ 17,6 milhões ao mês.

     O APP–Sindicato, sindicato dos trabalhadores em educação pública do estado do Paraná, tem há mais de dez anos sua direção hegemonizada pela corrente Democracia Socialista (DS) do Partido dos Trabalhadores (PT). Esta corrente, assim como demais correntes sindicais ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao PT, tiveram um papel importante na organização da classe trabalhadora no estado do Paraná e no Brasil. Porém, a partir dos anos 90, deixam de ver a luta sindical como uma luta contra a estrutura do capital e passam aos poucos para uma visão reformista de sindicalismo, se preocupando cada vez mais com problemas imediatos, buscando uma conciliação com o capital.

Sindicato desmobiliza a base

     Em 2002, com a chegada do PT ao governo Federal e, no Paraná, com o retorno de Roberto Requião, aliado do lulismo, ao governo estadual, a CUT e os sindicatos dirigidos por militantes do PT acabam mudando o tom da luta, passam a defender uma luta extremamente burocratizada, focada nas negociações de gabinete, a fim de desmobilizar a base e não causarem enfrentamento aos governos aliados.

     Durante o governo Requião, o “marketing” da direção da APP-Sindicato teve certo eco na base da categoria pois, mesmo sem atender pautas históricas da categoria, a agenda de “conquistas” definidas pelo governo apresentou alguns avanços, como Plano de Cargos e Carreira para professores e funcionários, a aprovação da reposição automática da inflação a cada ano, entre outros benefícios – em sua maioria, benefícios financeiros.

     Com a chegada de Beto Richa ao governo do estado, a postura da direção da APP–Sindicato não tem se mostrado diferente, mesmo com as políticas de ataque à categoria sendo acirradas, como o sucateamento da rede estadual de educação, programas intervencionistas como o Programa de Ação Descentralizada (PAD) (que na prática é uma intervenção dos núcleos regionais de educação (NREs) nos colégios de baixo índice no IDEB), as alterações nas grades curriculares, direcionando para um currículo que vise apenas a obtenção de notas satisfatórias nos programas de avaliação externas, deixando de lado a formação humana, o sucateamento do já precário e privado Serviço de Atendimento à Saúde do Servidor, sem contar os cerca de 50 milhões de reais em direitos dos trabalhadores, entre promoções e progressões, que há mais de dois anos não são pagos.

     O que vimos nestes dois anos de governo Richa foi uma direção sindical apática, que deixou o governo definir as pautas e a agenda de luta da categoria, que seguidamente manobrou assembleias a fim de segurar uma radicalização da categoria, barrando repetidamente os anseios de greve nas assembleias. Uma direção que esteve muito mais preocupada em garantir a manutenção do seu staus quo de “líderes” dos trabalhadores do que construir a luta com a categoria. Temos, por consequência disto, uma base desmobilizada e, em boa parte, desacreditada da luta sindical.

Gleisi Hoffmann não nos representa!

     No próximo ano, teremos eleições tanto para o Governo do Estado quanto para a direção sindical e, neste momento, as ações da direção sindical se dão no sentido de construir candidaturas para as eleições. Por um lado, temos a exposição personificada de dirigentes que deverão ser candidatos às estruturas sindicais no próximo período. Por outro, vemos um posicionamento repentinamente mais radicalizado frente ao governo do estado, porém, sem maiores ações práticas de mobilizações da base da categoria, tudo com o intuito de impulsionar a candidatura da Ministra Chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann. A direção sindical, que deveria estar representando os interesses da classe trabalhadora, se propõe neste momento a construir a campanha da nobre ministra, que recentemente se empenhou em atacar direitos de minorias como dos indígenas, em defesa do grande latifúndio.

Construindo a oposição de esquerda no APP

     Portanto, nós da LSR-Paraná estamos juntos na organização da oposição para a disputa do APP–Sindicato em 2014. Formamos um Bloco denominado APP – De Luta e pela Base, juntamente com os camaradas da CSP- Conlutas e independentes. Vamos avançar neste próximo ano na mobilização da maior base sindical do Paraná, que tem como filiados (as) oitenta mil trabalhadores (as).

Diante desse debate propomos:
• Fortalecer a oposição “APP – De Luta e pela Base”;
• Construir núcleos de trabalhadores nas escolas;
• Desmascarar os governos neoliberais, tanto PSDB (Beto Richa) quanto PT (Gleisi Hoffmann), pois ambos não representam a classe trabalhadora e sim o capital!

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