Barrar a direita – no governo, Congresso e nas ruas!

Derrotar o ajuste do governo Dilma/Lula e o impeachment fomentado por Temer, Cunha e Aécio! Unir as lutas e construir uma Frente de Esquerda e dos Trabalhadores como alternativa de governo para o país!

A crise econômica e social já atingiu um nível insuportável para milhões de trabalhadores e trabalhadoras. A polarização social e política se agrava a cada dia e nossos direitos estão ameaçados.

A saída apresentada pelo 1% mais rico da população é que apertemos o cinto ainda mais enquanto eles continuam enriquecendo às nossas custas.

Enquanto mais de 150 mil postos de trabalho são fechados a cada mês e nossa renda cai, o Itaú, por exemplo, lucrou 23 bilhões de reais em 2015.

Para pagar os juros altíssimos da dívida pública, que enche os cofres dos banqueiros e especuladores, é o dinheiro da saúde, educação, moradia, saneamento e investimentos que é cortado.

Para garantir seus lucros, o 1% mais rico usou e abusou dos governos de Lula e Dilma. Em 2015, Dilma contrariou tudo o que prometeu na campanha de 2014 e assumiu a receita do ajuste fiscal, dos cortes e retirada de direitos dos trabalhadores.

Quando perdeu apoio popular depois deste estelionato eleitoral, apostou em convencer banqueiros e empresários que faria ataques ainda mais duros.

O ministro da Fazenda Nelson Barbosa acaba de apresentar ao Congresso uma proposta de “reforma” fiscal que poderá levar a cortes ainda mais profundos, redução de benefícios e demissão de servidores públicos, além da suspensão do aumento real do salário mínimo.

O governo ainda apoiou a retirada de direitos trabalhistas, a ampliação das terceirizações, a limitação do seguro-desemprego e das pensões por morte. Promete ainda uma contrarreforma da previdência com mais ataques.

Dilma também apoiou a entrega do pré-sal às multinacionais do petróleo, um projeto apresentado por Serra do PSDB.

Para piorar, a presidenta acaba de sancionar uma antidemocrática lei antiterrorismo que poderá usada contra a organização e mobilização dos trabalhadores.

Mas nada disso tem adiantado. Agora que o governo do PT está em frangalhos, acusado de corrupção e sem apoio popular, os endinheirados jogam o bagaço fora.

Esse 1% de parasitas (que inclui a Globo, a FIESP e os banqueiros) defende o impeachment do governo Dilma porque querem aprofundar a política de ataques aos nossos direitos. Acham que, apesar da “boa vontade” demonstrada pelo governo, Dilma não vai dar conta do recado.

É preciso denunciar esse processo de impeachment porque, apesar de não apoiarmos uma vírgula do que faz esse governo, não queremos ajudar o vice Michel Temer a governar junto com os tucanos para nos atacar com ainda mais força.

Além disso, esse Congresso de corruptos, encabeçado por Cunha e Renan, não tem nenhuma legitimidade para votar o impeachment de quem quer que seja.

Para conseguir a queda do governo, a direita no Congresso e na sociedade, com ajuda poderosa da Globo, tem fomentado um clima de ódio que já se reflete nas ruas com manifestações de intolerância, preconceito e perseguição à esquerda.

A bárbara repressão da Polícia Militar de São Paulo, que saiu em defesa de um grupo de provocadores direitistas na PUC-SP, é apenas um exemplo do clima de confronto que pode se desenvolver.

Todo esse ambiente foi estimulado pelas atitudes abusivas e arbitrárias da Operação Lava Jato nas últimas semanas. Partindo do legítimo anseio de punição de corruptos e corruptores, o juiz Sérgio Moro assume uma postura política que explicitamente ajuda a direita e coloca o poder judiciário e a si próprio como soluções milagrosas para os problemas do país.

Para isso não vacilam em desconsiderar direitos democráticos conquistados pelo povo brasileiro.

Exigimos a apuração total dos casos de corrupção, doa a quem doer, com a punição de todos os corruptos e corruptores. Mas, não podemos compactuar com abusos antidemocráticos das autoridades. Abusos esses que já existem no dia a dia dos trabalhadores nas periferias e que, com esses precedentes, poderão ser ainda mais fortemente utilizados contra a esquerda socialista e os movimentos sociais combativos.

Cinicamente, para atacar o governo, a direita aproveita-se do fato de que o PT no governo repetiu muitas das práticas degeneradas e corruptas que eles sempre adotaram.

Mas, eles também temem que seu envolvimento nos esquemas corruptos venha a tona e já se organizam para bloquear as investigações assim que Dilma cair.

É preciso dizer claramente que a justiça burguesa, como parte desse Estado burguês, não poderá oferecer uma saída para a crise do país. Somente a classe trabalhadora assumindo seu destino com as próprias mãos poderá fazê-lo.

Quem pode derrotar a direita?

Nem Lula e muito menos Dilma, têm a menor condição de enfrentar a direita pra valer. Eles são parte do problema e não da solução.

A política de ajuste e contrarreformas do governo Dilma é parte dos ataques da direita. O mesmo vale para a lei antiterrorismo sancionada pelo governo. É bom lembrar que todo o aparato repressivo construído para a Copa do Mundo pelo governo está de pé e será usado diante da resistência aos ataques do governo.

Também não há nenhum futuro para a luta contra os abusos e ataques antidemocráticos da direita se esse movimento estiver vinculado à campanha eleitoral de Lula para 2018.

No caso de Lula, as palavras fortes contra a Globo e a direita logo após a condução coercitiva para depoimento na Polícia Federal, não durou mais que uns poucos dias.

Como deixou claro em seu discurso na Avenida Paulista, diante de quase cem mil manifestantes, Lula assumiu sua verdadeira posição, voltou a ser o “Lulinha paz e amor”, pregando a reconciliação com a própria direita.

Qualquer movimento contra os ataques da direita que seja subordinado à campanha eleitoral de Lula para 2018 estará fadado ao fracasso.

A luta contra os retrocessos políticos, econômicos e sociais – contra o ajuste, contrarreformas e ataques à democracia – só poderá ser vitoriosa se for feita de forma independente e mesmo em oposição ao governo Dilma.

É preciso juntar todos e todas que queiram lutar contra os retrocessos políticos, econômicos e sociais. Mas, é preciso fazer isso com um claro eixo de oposição de esquerda e apostando na luta direta e numa perspectiva da classe trabalhadora.

Nossa luta contra as ações da direita e em defesa dos direitos democráticos não será travada em Atos transformados em comícios eleitorais de Lula. Precisamos ampliar e radicalizar mobilizações como a de 24 de março, convocada pela Frente Povo Sem Medo a partir da iniciativa principalmente do MTST – mobilizações que rejeitem as saídas antidemocráticas da direita sem apoiar o governo Dilma.

Nesse processo, é preciso também construir as bases para uma alternativa política dos trabalhadores tanto ao PT como à velha direita. Nossa classe precisa de uma alternativa de governo para não ficar refém da polarização atual entre PT e PSDB, que não levará a lugar nenhum.

Essa alternativa só poderá ser construída nas lutas e não na conciliação de classes. Ela deve superar todo sectarismo e colocar em unidade a esquerda socialista, envolvendo partidos como o PSOL, PSTU, PCB e outros não legalizados, assim como os movimentos sociais combativos e independentes de governos e patrões, como o MTST, a CSP-Conlutas, Intersindical e outros.

Essa Frente de Esquerda e dos Trabalhadores deve levantar um programa alternativo à agenda neoliberal que, com nuances, tanto Dilma como Temer e os tucanos, defendem hoje.  

Esse programa passa pelo atendimento de todas as reivindicações básicas dos trabalhadores, juventude, movimentos de mulheres, LGTBs, negros e negras, indígenas, etc. Como saída para a crise deve levantar a auditoria e suspensão do pagamento da dívida pública aos grandes tubarões capitalistas, assim como a estatização e reestatização com controle democráticos dos trabalhadores dos setores chaves da economia, começando com aqueles envolvidos nos mega-esquemas de corrupção.  

Da mesma forma, somente a classe trabalhadora poderá barrar os ataques da direita tanto aos nossos direitos sociais como aos direitos democráticos.  

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