Unificar desde já as lutas para 2014!
O ano de 2013 ficará na história. A juventude, o povo e os trabalhadores mostraram aos patrões e governos que querem que as suas reivindicações sejam atendidas. Um Encontro Nacional dos Movimentos de Junho é possível e necessário!
As manifestações de junho, tendo como principal bandeira a redução da tarifa do transporte coletivo, provocou atos de massa por esta e outras reivindicações. A faísca para essa explosão de luta foi a realização da Copa das Confederações no país. Para o povo, ficou claro: enquanto o governo afirma não ter dinheiro para a saúde e educação, gastou e continua gastando bilhões de reais com a Copa do Mundo. Isto ficou evidente nos cartazes exibidos nas manifestações que exigiam “saúde e educação padrão Fifa” e diziam que “o professor vale mais que o Neymar”.
A essas manifestações de junho, se incorporaram também as reivindicações do movimento popular e do movimento sindical, que esteve presente, principalmente, nas paralisações nacionais que ocorreram nos dias 11 de julho e 30 de agosto.
Greves se fortaleceram após junho
A nova situação aberta com essas manifestações contribuiu para que algumas greves fossem mais fortes e radicalizadas, como foi o caso dos bancários, petroleiros, trabalhadores dos correios e metalúrgicos. Patrões de fábricas importantes que há muito anos não sabiam o que era uma mobilização forte de trabalhadores – como foi o caso da Embraer de São José dos Campos-SP ou da Gerdau em Divinópolis-MG – foram obrigadas a enfrentar greves.
Entretanto, um destaque deve ser dado para a greve na educação no Rio de Janeiro. Essa vitoriosa greve no Rio conseguiu a solidariedade, dentro e fora do país, em virtude da justeza de suas reivindicações e contra a postura truculenta e autoritária dos governos Sérgio Cabral e Eduardo Paes. Nas grandes cidades do país, foram realizadas diversas ocupações de câmaras municipais, exigindo o passe livre para estudantes e desempregados, e ocupações de reitorias das universidades e de terrenos por trabalhadores sem teto, exigindo o direito à moradia.
Muitas lutas, mas fragmentadas
Entretanto, todas essas lutas ocorreram de forma fragmentada.
As entidades que dirigem os movimentos sociais do país – CUT, Força Sindical, UNE e o próprio MST – por estarem atreladas ao governo Dilma, não são consequentes e acabam, evidentemente, não tendo uma preocupação em unificar todas essas lutas.
Até mesmo a proposta de um plebiscito popular sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para discutir a reforma política corre o risco de, na mão desses setores, virar um mecanismo para desviar o foco das lutas de massas.
Este ano de 2013 ficará marcado, também, pelo aumento da criminalização dos movimentos sociais e da pobreza, simbolicamente expresso pelas mortes do Amarildo, Ricardo e pelos 200 estudantes e trabalhadores que foram “fichados” pela polícia do governo Alckmin.
Se este ano foi muito importante, pois mudou a relação de forças no país, 2014 tem tudo para ser uma continuidade de todas essas lutas.
Os servidores federais, que realizaram uma forte greve nacional em 2012, aprovaram a antecipação da sua campanha salarial. Já há uma manifestação nacional marcada para o início de fevereiro de 2014. As manifestações de 8 de março tendem a ter uma participação maior de trabalhadoras e trabalhadores do que em anos anteriores. Também em março de 2014, ganhará visibilidade a luta pela punição dos crimes promovidos pelo regime militar, em virtude dos 50 anos do golpe militar no país.
Entretanto, uma atividade merece destaque: os protestos que serão realizados por diversos movimentos sociais, e em particular pelo Jubileu Sul, na Cúpula dos BRICs, que acontece em Fortaleza-CE, no final de março de 2014.
Na última reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, nós da LSR e do Bloco de Resistência Socialista – Sindical e Popular defendemos que esta atividade deveria ser a mais importante da Central no primeiro trimestre de 2014.
Encontro Nacional
As ações durante esta cúpula não estão totalmente definidas, mas é possível, além de dar visibilidade às nossas reivindicações, realizar um Encontro Nacional com a participação de milhares de jovens e trabalhadores de todos os movimentos sociais, para que possamos aprovar uma pauta de reivindicação e um calendário de luta comum, não só contra as consequências sociais da Copa do Mundo, mas para todo o próximo ano.
Com a realização deste Encontro Nacional, será dado o primeiro passo para a construção de uma alternativa política de poder para o país, que será marcado também, pelas eleições gerais.
Para que esse Encontro seja vitorioso, é necessário evitar o hegemonismo de qualquer movimento ou setor. Entendemos que deve haver um esforço para que as resoluções relacionadas aos eixos de luta, calendário e forma de organização sejam consensuais. Para nós da LSR, quatro eixos de luta devem ser priorizados: tarifa zero no transporte coletivo, contra os despejos e demais consequências sociais da Copa da Mundo, mais investimentos em saúde e educação e o fim da criminalização dos movimentos sociais.