O Maracanã e Valença

O que afinal Valença teria em comum com o Estádio do Maracanã? À primeira vista o simples fato dos investimentos naquele estádio afetarem diretamente a falta de investimento do Estado em outras áreas, inclusive aqui em Valença. Foram investidos mais de um bilhão de reais dos cofres públicos, na reforma do Maracanã, que depois de pronto será explorado pela iniciativa privada, muito provavelmente pelo empresário Eike Batista que, diga-se de passagem, enriqueceu-se com informações privilegiadas obtidas por seu pai nos anos em que foi ministro na Ditadura Militar.

O absurdo da privatização do estádio passa pelo modelo adotado. O estudo de viabilidade da licitação, realizado pela OGX de Eike Batista, cede o Maracanã e sua exploração a uma empresa privada. A exploração será por 35 anos, entretanto nos dois primeiros anos os cofres públicos não receberão nenhum centavo, pois quem vencer a licitação terá carência de dois anos para começar a apagar o aluguel para o Estado. A empresa terá de lucro líquido cerca de um bilhão e quarenta e três milhões de reais. Com a concessão, o aluguel a ser pago ao governo do estado, renderá aos cofres públicos apenas 12% desse montante.

Mesmo assim, ainda fica a pergunta: o que nós Valencianos temos com isso? Na verdade a prática nefasta adotada pelo Cabral Governador do Estado, também são adotadas em Valença. O nosso Cabral faz a mesma coisa quando destina o pagamento de quase R$ 800 mil reais mês para empresa que realiza coleta de lixo. Da mesma forma quando permanece entregando a nossa água para exploração de uma empresa privada (CEDAE NÃO É PÚBLICA).

Nessa mesma linha vemos em Valença o Estacionamento Rotativo, que nunca foi discutido com a população e, assim como a CEDAE, também está entregue a uma empresa de origem misteriosa. Os funcionários dessa empresa, todos indicados por vereadores, são explorados como foram os empregados da Locanty, que fechou as portas e não pagou ninguém. E o Município lavou as mãos. É importante se perguntar qual o legado da Locanty para Valença, além de meses de lixo acumulados que contribuíram certamente para o aumento dos casos de dengue. A empresa deixou também inúmeras famílias sem salários. Com os milhões que pagamos, quantos caminhões ficaram para o Município? Quantas usinas de tratamento de lixo, quantas usinas de reciclagem geraram empregos? O que afinal de palpável ficou? O mesmo raciocínio deve ser adotado para CEDAE. Com os milhões investidos, qual foi o aumento da rede de abastecimento e distribuição? A qualidade da água melhorou? O estacionamento rotativo: por que não pode ser explorado pelo próprio Município e sua renda revestida em investimentos para educação e saúde?

Os Vereadores que deveriam fiscalizar essas empresas ganham o direito de indicar os empregos, se aproveitam do desemprego cada vez mais elevado na cidade e ainda lucram politicamente com toda essa situação. O resumo da ópera é que todos envolvidos na engrenagem política lucram com essas terceirizações e obras, seja no Maracanã, ou na pacata e ordeira Cidade de Valença. Todos lucram, vereadores, empresário, o executivo. Menos O POVO!

Na contramão dessa engrenagem covarde que massacra o valenciano, um novo projeto se apresenta: UMA FRENTE DE ESQUERDA, com um programa claramente definido. Entre as metas do PSOL-VALENÇA, tem-se estabelecido um ponto fundamental: O FIM DAS TERCEIRIZAÇÕES. A criação de uma secretaria responsável pela água, esgoto, lixo. Esses serviços

e outros considerados essenciais ficarão a cargo de servidores concursados. Não se pode mais aceitar que uma empresa privada venha lucrar com o empobrecimento do nosso Município, saqueando os cofres públicos e depois ainda fechando as portas sem pagar um centavo de indenização para classe trabalhadora, que é explorada duas vezes, como cidadão e trabalhador.

Como projeto de ruptura dessa política velha e nefasta que só atende aos interesses de alguns e não da coletividade, é que propomos ainda a diminuição de cargos comissionados, aproveitando e valorizando ao máximo os servidores de carreira, aqueles que se submeteram a certame público e tiveram êxito. Não vamos deixar que o “Projeto Maracanã”, símbolo dos interesses privados em detrimento dos reais interesses da coletividade continue aqui em Valença. Vamos expulsar CEDAE, LOCANTY/PRÓPRIA, E DEMAIS EMPRESAS QUE ROUBAM OS COFRES PÚBLICOS E EXPLORAM A CLASSE TRABALHADORA. E reinventar nossa cidade.