Pela unidade dos que lutam!
As manifestações populares focadas na luta contra o aumento das tarifas do transporte público vêm tomando grande força nos últimos dias, sendo inclusive protagonistas de importantes vitórias como a derrubada do aumento das passagens em diversas cidades – inclusive nas capitais Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, está presente em determinados setores nessas manifestações uma posição problemática em relação à participação de partidos políticos.
A recusa à participação dos mesmos nos atos vem sendo suportadas com argumentação que defende a repressão aos que lutam. Cabe lembrar que os momentos históricos nos quais organizações políticas foram impedidas de aparecer foram momentos de grave repressão da direita. Nazismo, Fascismo, ditaduras na América Latina.
Hoje existem países em que realmente não é possível levantar bandeiras. E nesses países os partidos de esquerda são obrigados a militar na clandestinidade e são cotidianamente perseguidos, chegando a ter diversos de seus militantes assassinados pelos governos repressores ou por grupos neonazistas e protofascistas. Nas diversas lutas pela derrubada de governos de extrema direita uma das principais defesas, e que custou a vida de diversas lutadoras e diversos lutadores, foi o direito de se levantar uma bandeira na qual se acredita. Um ótimo exemplo disso, e que muitos de nós vivemos, foram as Diretas Já na luta contra a ditadura militar brasileira.
O papel que o Partido dos Trabalhadores (PT) cumpriu no último período foi desastroso. Juntamente a partidos da direita tradicional, como o PSDB e o DEM, foi capaz de construir um fortalecimento da ideologia burguesa no sentido de criar um sentimento antipartidário profundo que os favorece intensamente. Ou seja, com isso a possibilidade dos partidos efetivamente de esquerda e que lutam crescerem e tomarem força diminui, o que garante um maior controle por parte daqueles que governam de braços dados com a classe dominante. Existem partidos oportunistas. E existem partidos que estão ombro a ombro na luta dos trabalhadores e da juventude. Não se pode reprimir os que lutam por conta daqueles que apenas dizem lutar. A repressão contra a classe trabalhadora é instrumento da classe dominante e não pode estar presente em nossas fileiras.
Nos diversos países em que está presente o Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT) temos exemplos de diversas experiências dramáticas. Tivemos camaradas sequestrados pelo serviço secreto russo, outr@s assassinad@s, militamos clandestinamente em diversos lugares a exemplo da China. Nesses lugares, são os governos os responsáveis pela repressão às organizações de esquerda. No Brasil, hoje, vemos nas fileiras do povo o início da formação de uma postura extremamente totalitária que favorece apenas aos poderosos. É importante que se lute por uma consciência que compreenda essa questão. É claramente respeitável a posição de quem não concorda com nenhum partido político. E isso também é uma bandeira. Sejamos nós o exemplo da democracia que queremos – não a burguesa, a do trabalhador – e levantemos as bandeiras nas quais acreditamos.
Uma questão que está colocada é o profundo nacionalismo presente nas manifestações. A princípio, defendemos claramente que a bandeira de um país ou outro não nos representa. O que nos representa é a luta da classe trabalhadora, que é internacional. Assim, acreditamos que para lutar pelo povo o caminho não é defender uma nação e sim lutar pela construção de um partido revolucionário internacional. Apesar disso, não vamos defender que se proíba a participação de manifestantes com a bandeira do Brasil. A disputa política que está colocada não deve incluir a repressão nesse sentido, e sim ser uma disputa aberta aos trabalhadores e à juventude para que tenham o direito de decidir sobre seus posicionamentos. Para além disso, muitos dizem que os partidos não devem participar porque o movimento não é de nenhum partido. Realmente, temos plena consciência e defendemos também que nenhum partido aparelhe o movimento. No entanto, essa luta também não é apenas dos antipartidários.
As organizações de esquerda estão cotidianamente nas ruas nessa e em diversas outras lutas, sendo assim integrantes legítimas da construção dos movimentos que vem acontecendo. Também, se partidos da direita surgirem nas manifestações, nossa tarefa não é reprimi-los com violência física. Nesse caso valem palavras de ordem que denunciem os oportunistas que ali estão. Não podemos concordar que decisões que excluam os que lutam possam ser chamadas de democráticas, porque a democracia que queremos não é a democracia burguesa, imposta pela classe dominante, e sim a democracia dos trabalhadores para os trabalhadores. Agora, mais do que nunca é necessária a unidade nas lutas. Assim, fazemos um chamado a todas as organizações efetivamente de esquerda a não se conformarem com os ataques à nossa luta e que continuem cotidianamente demonstrando para o povo a que viemos.
Pela unidade dos que lutam em defesa de uma sociedade mais justa!
Pela organização de um ENCONTRO NACIONAL dos trabalhadores e da juventude para construir um plano de ação unitário para o movimento!