Ainda é possível! Unificar a esquerda socialista nas urnas e nas ruas

2010 não será fácil. O lado de lá vem pra cima com força. De um lado usam a retórica de que o Brasil está saindo da crise melhor do que entrou. Ilusão. Partindo do crescimento zero de 2009 qualquer coisa que vier em 2010 pode parecer grande coisa. Mas, nem mesmo os mais otimistas comentaristas da burguesia podem deixar de levar em consideração os riscos de um cenário externo ainda profundamente marcado pela crise. A “bolha internacional de otimismo” dos últimos meses, baseada na ilusão de que a crise já passou, é profundamente irracional e insustentável.

A festa de 2010 vai se transformar em briga feia depois. Na hora de botar ordem na casa, o novo governo, seja ele petista ou tucano, não terá a mesma força que Lula para impor mais ataques aos trabalhadores.

Quando a propaganda ufanista não se mostra suficiente, o lado de lá não hesita um segundo em utilizar todos os meios possíveis para calar os descontentes. A polêmica em torno do Programa Nacional dos Direitos Humanos não esconde o fato de que a criminalização dos movimentos sociais e da pobreza como um todo avançam de forma clara nesse país. E vai ser pior quando a resistência e a luta se intensificarem.

A esquerda brasileira ainda está em fase de recuperação depois da perda definitiva do PT para o lado de lá. Iniciativas valorosas e fundamentais, como a formação do PSOL, jogaram um papel muito importante para manter a chama acesa. Mas, mesmo depois de cinco anos de existência do partido, um erro importante neste momento delicado pode colocar tudo a perder. O maior dos erros – a coligação do PSOL com o PV de Marina Silva – foi evitado. Mas, as seqüelas causadas por aqueles que insistiram durante tanto tempo nesse erro, não podem ser ignoradas.

Nas eleições desse ano, PSOL, PSTU e PCB não podem se apresentar divididos. Para enfrentar a candidata de Lula e o candidato da direita tradicional, a esquerda socialista precisa se apresentar unificada. Não estamos exigindo que os pré-candidatos que já se apresentaram por cada um desses partidos abram mão de suas postulações. Mas, estamos chamando sim para que todos se juntem num esforço consciente para construir uma base política e programática comum para essa disputa. A partir daí se pode construir uma tática comum, com candidaturas unitárias, superando obstáculos.

A experiência do Seminário Nacional de Reorganização do movimento sindical e popular, que deliberou pela convocação de um Congresso unitário da classe trabalhadora para junto desse ano visando construir uma Nova Central, é um exemplo a ser seguido.

Foi a conjuntura de crise profunda do capitalismo, a avalanche de demissões e ataques sobre os trabalhadores e a disposição consciente de setores organizados, como no caso da Conlutas, que permitiu o avanço desse processo.

A partir de agora, nenhum passo atrás! É preciso avançar na unidade da esquerda socialista em todos os níveis e esferas da luta. A formação de uma Frente de Esquerda envolvendo PSOL, PSTU e PCB na disputa eleitoral desse ano é o passo seguinte necessário.

O PSOL tem uma responsabilidade especial nesse processo. Se contribuiu para colocar obstáculos à unidade até agora, deve então se transformar no seu maior defensor. É isso que vamos defender nos debates prévio à Conferência Eleitoral do PSOL e é isso que chamamos a todos os e as militantes do partido a defender conosco.

Pelo seu peso, importância e pelo balanço do último período, o PSOL deve assumir já a iniciativa de chamar o PSTU e o PCB para um Encontro visando explorar as possibilidades de unidade na disputa eleitoral. Se não fizer isso, arcará com o pesado ônus da divisão da esquerda. As deliberações da Conferência Eleitoral devem priorizar essa busca da unidade.

A corrente Liberdade Socialismo e Revolução – LSR, junto com os companheiros (as) do Bloco de Resistência Socialista, vem defendendo a construção de um movimento, por cima das fronteiras partidárias, em defesa de uma candidatura unitária da esquerda socialista em 2010.

Independentemente do fato de entendermos que o nome do companheiro Plínio de Arruda Sampaio é o que melhor pode cumprir o papel de reconstruir os laços de unidade na esquerda (veja artigo na pág. 7), entendemos que esse movimento deve se colocar por cima das eventuais pré-candidaturas já apresentadas. O eixo principal de atuação dos socialistas conseqüentes neste momento é evitar a fragmentação da esquerda.

Mas, para isso, é preciso derrotar a política do fato consumado, como aquela que levou ao adiamento da Conferência Eleitoral do PSOL, a recusa em apresentar qualquer alternativa eleitoral no programa de TV do partido, a enorme perda de tempo precioso tentando construir uma coligação com o partido de Zequinha Sarney.

Nas portas de fábricas, bancos e escolas, nas ocupações de terra, nas ruas e também na disputa eleitoral é preciso unificar a esquerda socialista.