A Revolução em Dagenham

Todos precisam ver este filme!

Aqueles que ainda não compreenderam como o capitalismo se apropria das opressões especificas para garantir ainda mais lucro, terão a chance de entender como isso acontece. Para os e as socialistas e feministas reforçam como somente a unidade da classe e de suas bandeiras poderá nos levar a uma transformação radical desta sociedade.

O filme retrata uma história real. Trata-se de uma greve que ocorreu na cidade de Dagenham, no Reino Unido em 1968, onde pela primeira fez, na fábrica da Ford, as mulheres paralisaram suas atividades reivindicando, para além de melhores condições de trabalho, salários iguais. Esta greve foi responsável pela lei criada em 1970 no Reino Unido que defende a equiparação salarial entre homens e mulheres que exercem as mesmas funções.

A riqueza do filme é que ao retratar a realidade dos fatos consegue trazer a tona o dia a dia das mulheres trabalhadoras. Mulheres comuns que exercem as tarefas domésticas que a sociedade as delegam, que tem sonhos, desejos, dores e que na medida em que vai tomando consciência da sua situação, enfrenta inúmeros obstáculos, simplesmente para poder ter o direito de defender o que avalia como justo e correto.

A posição cruel da burocracia sindical que a todo o momento tenta desqualificá-las, minimizá-las para que possam, de modo tranquilo, manter seus cargos e seus privilégios pessoais garantidos pela burocracia, é adensada com a posição dos próprios trabalhadores homens que desqualificam a greve e as condenam, por fazer parar as atividades produtivas da fábrica, por obrigar a eles a pararem. As pouco mais de 180 costureiras eram responsáveis por fazer os estofados da Ford que eram montados nas fábricas por 55 mil homens.

O principal argumento utilizado é que elas não eram responsáveis por custear os gastos da casa, que seus trabalhos eram auxiliares e não centrais e que, portanto estavam sendo irresponsáveis. O que não entendiam é que pagando menos as mulheres paga-se menos para o conjunto dos trabalhadores, aumento o lucro da patronal e a acumulação e capital à custa da maior exploração. A posição contraria e de ataques dos homens acaba por legitimar toda esta barbárie capitalista e o aumento dos seus lucros. Mas uma vez o capitalismo tentava dividir a classe trabalhadora para garantir seus interesses.

Mas a grande diferença neste cenário foi o papel das mulheres e, sobretudo da vanguarda deste movimento. O processo de tomada de consciência e de avanço é registrado de maneira muito interessante no filme. Este processo não se deu sem dor, sem perdas parciais e sem conflitos, inclusive nos relacionamentos pessoais, quando o marido não consegue lidar com a importância politica das ações de sua companheira frente a dele, e pelo fato de ter assumido algumas das tarefas domésticas que antes apenas as mulheres executavam. Cenas iniciais mostraram como a principal personagem se propõe a acordar mais cedo para fazer o almoço antes da sua primeira reunião e depois como o marido assume toda esta responsabilidade ao longo do processo de luta que fora desencadeado.

A tentativa de cooptar o movimento, pela burocracia sindical e patronal, também vem a tona. No entanto são obstáculos superados pelo movimento grevista das mulheres que viajam por todo o estado e conseguem parar outras fábricas da Ford. Para além disso, superam a burocracia sindical e conseguem o apoio de outros sindicatos e sessões sindicais dos trabalhadores da Ford que organizam uma greve nacional. O movimento assume caráter nacional, obrigando o Ministério do trabalho, representado por uma mulher, a chamá-las para uma reunião.

Este filme é sem duvida, uma importante ferramenta para discutirmos estas questões e nos educarmos coletivamente em relação a este tema. Para além disso, importantes lições para nós socialistas são apresentadas, e uma das principais, é a que sem a incorporação das bandeiras especificas não é possível construirmos uma luta real da classe trabalhadora; a luta pelo fim da opressão perpassa por todas as esferas sociais: a fábrica, a família, a escola, o sindicato, dentre outros.

Para nós feministas socialistas a máxima é reiterada: sem feminismo não há socialismo!

Diretor: Nigel Cole
Elenco: Rosamund Pike, Miranda Richardson, Sally Hawkins, Bob Hoskins, Richard Schiff
Duração: 113 min.
Ano: 2010
País: Reino Unido