Diversidade sexual: Na luta pela visibilidade
Em ano de eleição muitas são as propostas e promessas para a população homossexual, as quais só são relembradas e retomadas a cada quatro anos. Atualmente, o PT e o PSDB reproduzem este filme já tão assistido por todos, utilizando se da população GLBT para assegurar seus votos.
O Lula não fez diferente, traindo a classe trabalhadora como um todo, inclusive os GLBT. O PT abrigou anteriormente a defesa dos direitos civis dos homossexuais, mas agora no governo não mexeu verdadeiramente uma palha na luta contra a homofobia. A prova disto é o 12° aniversário de tramitação no congresso do projeto de parceria civil para pessoas do mesmo sexo, o qual o PT fingiu não existir.
O plano Brasil sem Homofobia, da secretária dos direitos humanos, não passa de um emaranhado de promessas que não saem do papel, assim como suas outras políticas sociais. A razão disso é a pouca verba que o governo aplica nos ministérios de função social, tudo para gerar superávit primário e pagar religiosamente a divida externa aos agiotas nacionais e internacionais.
”Higienismo”
No município de São Paulo a mesma política excludente, homofóbica e higienista foi implementada pelo PSDB. Com o intuito de coibir a livre manifestação afetivo-sexual da população GLBT, Serra perseguiu e fechou vários lugares freqüentados por estes, só neste ano de 2006. O Autorama (estacionamento do parque Ibirapuera), local tradicional de encontro de homossexuais foi fechado devido a supostos assaltos, porém foi reaberto com muita luta do movimento GLBT. Várias casas noturnas tiveram o mesmo destino e outdoors de uma campanha publicitária em que dois homens se beijavam foram retirados da rua.
Seguindo os mesmos passos, Alckmin em nada se preocupou com a população GLBT, não tendo política para combater a opressão aos homossexuais. A violência hoje é uma das formas de opressão mais sentidas pelos homossexuais. Uma pesquisa realizada durante a Parada do Orgulho Gay este ano mostra que 65% dos entrevistados já sofreram agressões verbais, físicas ou sexuais. Segundo os entrevistados o preconceito e a discriminação são mais fortes por parte de vizinhos e amigos (34%), seguidos pela opressão na escola ou faculdade (32%), o ambiente familiar (25%), o ambiente profissional (16%) e, por último, os serviços de saúde (12%).
Como podemos perceber, são justamente os ambientes socialmente considerados menos hostis a população em geral onde os homossexuais são mais oprimidos. A Pesquisa “Juventude e Sexualidade”, realizada pela UNESCO em 2004, revela que 28% dos alunos dos ensino fundamental e médio de São Paulo não gostariam de ter um homossexual entre os colegas de classe, tal percentual aumenta para 41% se consideram apenas os meninos.
A violência física já foi sofrida por 18% dos entrevistados na parada, na maioria das vezes em espaço público e em 48% deles por autores desconhecidos. As agressões em casa correspondem a 17%. Porém, 40% daqueles que sofreram agressão não contaram para ninguém e somente 14% denunciaram em delegacias
Apesar de São Paulo ser o estado do Brasil com maior número de ocorrências de violência a homossexuais, ainda não existe políticas públicas que se proponha a reverter isto. A polícia é mal preparada, corrupta e violenta sendo muitas vezes, ela própria a agressora. Desta forma a segurança é voltada para a elite e para a propriedade privada dos ricos.
Entre os homossexuais que sofrem violência física em espaços públicos a maioria são homens. Porém este fato não quer dizer que a vida das mulheres seja mais fácil, principalmente, quando ela é mulher e homossexual, o que é ainda pior se ela é negra, em uma sociedade patriarcal, na qual o modelo seguido é masculino, de pessoas brancas e heterossexual.
O perigo mora em casa
Para a mulher o perigo mora em casa, 82% dos casos de violência contra a mulher são provocados pelos seus familiares, sendo que uma mulher a cada 15 minutos é agredida no Brasil. A mulher já não se encontra em segurança nem em sua casa, local historicamente pertencente a ela.
A dificuldade em encontrar um lugar na sociedade é percebida ainda mais pelas mulheres lésbicas. Pois a sociedade transforma em “tabu” tudo que é relacionado a sexualidade feminina como a exigência da virgindade, regras religiosas proibindo o desejo, o celibato e crenças populares carregadas de moralismo. Já que a mulher é considerada assexuada, a relação entre mulheres lésbicas não pode ser vista de outra maneira senão como “brincadeira de criança”, uma vez que falta a figura masculina, a única que possui sexualidade.
Assim, a moral burguesa padroniza os costumes e comportamentos de forma a governar e reger a orientação sexual das pessoas, fazendo com que toda a diversidade da sexualidade seja anulada ou jogada para o campo das “minorias” oprimidas, ilegais e imorais. Desta forma a sexualidade é construída como fonte de medo, sofrimento, insegurança e, principalmente, as diferenças entre os seres humanos são utilizadas pelo capitalismo para discriminar e segregar a classe trabalhadora.
Para driblar esta lógica e se constituírem enquanto donas de seu corpo, as mulheres travam uma enorme luta para que a sexualidade não seja subjugada as questões ligadas a reprodução, uma vez que as discussões sobre o corpo e a sexualidade sempre estiveram ligadas a luta por contraceptivos e pelo aborto, desta forma partindo de uma referência heterossexual, que mais uma vez exclui a mulher lésbica.
Neste momentos eleitoral, devemos utilizar as eleições para lutarmos pelo direito à livre expressão sexual, contra qualquer tipo de opressão e exploração e por uma sociedade realmente igualitária para todos, denunciando a falsa polarização PT/ PSDB, com os trabalhadores e trabalhadoras juntos por esta bandeira coletiva, o fim do capitalismo.