Não vão nos calar: dia 25J é dia de ocupar as ruas!
Tereza de Benguela, também conhecida como “Rainha Tereza”, mulher e liderança negra, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé – região do Mato Grosso –, dá nome, no Brasil, a data do dia 25 de julho, reivindicado como Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Tereza, liderou o Quilombo de Quariterê que, na época, contava com cerca de 100 pessoas, incluindo indígenas. Relatos apontam que, durante sua liderança, houve a criação de uma espécie de parlamento e um sistema de defesa, que contribuiu para a resistência do Quilombo.
A data (25J) teve origem durante a realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. Nesse dia, mais de 300 representantes de 32 países se uniram para compartilhar suas vivências, denunciar as opressões e debater soluções para a luta contra o racismo e o machismo.
De lá para cá, conseguimos alguns avanços e maior visibilidade, mas estes ainda são insuficientes, como nos mostram os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). As mulheres negras continuam sendo as principais vítimas de feminicídio e mortes violentas intencionais (MVI): em 2021, em plena pandemia da COVID 19, 37,5% dos feminicídios foram praticados contra mulheres brancas, e 62% contra mulheres negras; e 28,6% das MVI foram contra mulheres brancas, enquanto 70,7% foram contra mulheres negras. Também podemos citar a mortalidade materna e as violências obstétricas e domésticas (intensificada nesse momento de pandemia, que acentuou as violências, violações de direitos, desemprego e precarização), que atravessam de forma ainda mais perversa os corpos das mulheres negras, indicando a imbricação entre gênero, raça e classe.
Dia 25J precisa ser incorporado como um dia de lutas!
Não somos só dados, violência e precarização. Somos resistência, lutas, afetos e a certeza de que precisamos transformar esse sistema que explora, oprime e mata!
É preciso barrar o avanço da extrema direita, que tem como uma das suas bases de sustentação o conservadorismo, o machismo e o racismo, no Brasil e no mundo. Construir uma agenda de enfrentamento a política de morte do bolsonarismo e de Bolsonaro é uma tarefa urgente para as mulheres, em especial, para as mulheres negras! Por isso, não podemos esperar até as eleições – como não temos esperado, de fato. Apostar no processo eleitoral e na institucionalidade, apenas, já nos mostrou que não funciona, que ao fazermos isso, abrimos brecha para as perdas de direitos, cedemos onde não podemos ceder!
Para nós, feministas socialistas e antirracistas, não há atalhos e precisamos seguir juntas no enfrentamento desse sistema predatório que quer nos calar o tempo todo. Que possamos aprender e nos inspirar nas lutas que as nossas ancestrais travaram antes de nós e possamos apontar para um horizonte verdadeiramente livre de exploração e opressões!