Estado é responsável pelas inundações no Jd Pantanal
Quando fechávamos esta edição, a situação no Jardim Pantanal, extremo da zona leste da cidade de São Paulo, incluindo parte de Itaquaquecetuba e Guarulhos, continuava calamitosa. A região permanece inundada desde o início de dezembro de 2009 quando fortes chuvas passaram a cair sobre São Paulo.
Os moradores locais acusam os governos de Serra e Kassab de serem criminosos. Afirmam que o governo apesar de informados sobre as fortes chuvas na região mandou abrir as comportas da barragem de Ponte Nova (Alto Tietê), enchendo o Rio Tietê antes da chuva. Além disso, mandou fechar a barragem da Penha, entre os dias 8 e 10 de dezembro de 2009. Tais medidas são as grandes provocadoras das inundações contínuas no Pantanal. Essa atitude irresponsável das autoridades públicas levou a morte de sete pessoas, além de causar doenças e sofrimento a outras tantas. Milhares de famílias perderam todos os bens que conseguiram durante anos de trabalho.
Coincidentemente, as inundações resolvem um problema dos governos tanto estadual quanto municipal. As duas instâncias públicas pretendem criar na área do Pantanal “o maior Parque Linear da América Latina”. Contudo, precisariam indenizar os moradores para que deixassem suas casas. Com as inundações, essas indenizações transformaram-se em uma mísera bolsa-enchente de R$ 300.
A prefeitura de São Paulo, governada por Kassab, permitiu a construção do conjunto habitacional do Jd. Romano, pavimentou ruas sem galerias de águas pluviais e permitiu que os caminhões das empreiteiras descarregassem entulhos na várzea do Tietê. O Jd. Romano é um dos 17 bairros que compõe a área conhecida como Pantanal somente na Capital, mas ainda ocorreram inundações na Vila Any (Guarulhos), no Jd. Fiorelo e Vila Sônia, em Itaquaquecetuba.
Além disso, a Sabesp joga esgoto de mais de 20 mil residências sem tratamento nos córregos Tijuco Preto e Três Pontes (afluentes do Tietê). Isso significa que o Jd. Romano e a Vila Aimoré, localidades que também compõe o Pantanal estão imersos em esgoto. Apesar de não garantir o tratamento do esgoto, o governo sempre cobrou a coleta e tratamento dos habitantes.
Os moradores denunciam que a bolsa-enchente, no valor de R$ 300, é insuficiente para arranjar uma nova casa. Os representantes da sub-prefeitura têm a “cara de pau” de argumentar que esta insuficiência é por conta de uma inflação miserável. Alegam que, com muita gente procurando casa para alugar, o quarto e cozinha que custava R$ 250 agora não sai por menos de R$ 400.
O Movimento de Urbanização e Legalização do Pantanal (MULP) e o movimento Terra Livre solicitaram providências do Ministério Público e da Defensoria Pública para que os governos estadual e municipal sejam responsabilizados pelo caos na região. Exigem que os governos reembolsem os moradores por suas perdas e garantam novas casas para todos os afetados pelas enchentes.