Universidade Marxista Virtual de julho – mais um grande passo adiante

Mais de 1,4 mil socialistas participaram da terceira atividade global da ASI durante os últimos 12 meses

Mais de 1,4 mil membros e apoiadores da ASI de mais de 36 países em todos os continentes participaram da nossa terceira “Universidade Marxista Virtual”, que aconteceu durante os dias 18 e 25 de julho. Isto inclui camaradas de países cruciais para a luta de classes e que não foram representados nos últimos encontros, incluindo o Chile e Egito.

O cansaço virtual (em inglês “Zoom fatigue”), é um termo – e uma realidade – que trabalhadores e jovens do mundo todo puderam conhecer intimamente no último ano e meio, seja no trabalho, na vida social ou na organização e atividades políticas. De fato, para os membros do ASI – militantes pelo socialismo em mais de 30 países – em algumas partes do mundo, a reabertura e a capacidade de encontrar pessoas reais em lugares reais, tanto socialmente quanto politicamente, abriu um horizonte de esperança e possibilidades, incluindo os benefícios das lutas e organizações presenciais.

Nesse contexto, a perspectiva de reunir mais de mil militantes juntos no Zoom pela terceira vez em 12 meses tenha talvez deixado algumas pessoas duvidosas. No entanto, o evento foi um sucesso, mesmo que em circunstâncias ligeiramente diferentes. Muitas das seções que tiveram a sorte de poder realizar estes tipos de eventos, se juntaram presencialmente para assistir as discussões de uma forma mais intensa.

Apesar de a UMV em si ser um evento internacional, aberto apenas para militantes e apoiadores próximos, a semana terminou com um histórico “Ato público virtual por um Mundo Socialista”, que foi transmitido ao vivo através de onze línguas, enfatizando a nossa abordagem internacional. Isto resultou em mais de 900 pessoas em 60 países se inscrevendo e expressando interesse em se envolver com a ASI.

A UMV foi também um poderoso passo em direção à construção de uma organização onde as ideias marxistas, significativamente internacionalistas em sua teoria e prática, e a determinação para construir forças de um socialismo revolucionário, em meio à crescente maré da luta de classes em todo o mundo, permitiu contemplar os 2020 com uma crescente confiança.

Organizando mundialmente no local de trabalho e na juventude

Uma característica nova nessa UMV foram as diferentes reuniões que aconteceram antes da plenária de abertura, que reuniu membros da ASI mais diretamente envolvidos no movimento sindical e entre os jovens, respectivamente. Para compartilhar experiências valiosas e conhecimento de diferentes países, greves e movimentos. Estas reuniões tiveram o intuito de organizar o nosso trabalho mais concretamente e em uma escala global.

Um passo crucial nisto será a grande mobilização internacional da ASI para intervir na Cúpula do Clima (COP26) que acontecerá na Escócia em novembro. Centenas de jovens socialistas se mobilizarão para realizar esta jornada e trazer as perspectivas e programa de luta de classes marxistas únicos da ASI nos importantes encontros e protestos que acontecerão lá,em prol da única solução para a catástrofe climática – o planejamento democrático internacional socialista. Para fazer parte deste evento internacional, você pode se inscrever *aqui*.

Compreendendo o mundo em uma nova “Era de Desordem”

As discussões do evento principal da UMV foram abertas no dia 20 de julho (terça-feira) com um debate intitulado “Perspectivas mundiais: oportunidades e perigos na ‘Era da Desordem’”. Foi exibida uma introdução pré-gravada e legendada em doze línguas, seguido por um debate fascinante. Camaradas do mundo todo fizeram intervenções em uma variedade de temas que são cruciais para entender a explosiva e complexa “tempestade de crises” sendo enfrentadas pelo capitalismo global, que está preparando a cena para uma nova era de revolução e contrarrevolução.

Os palestrantes exploraram as características dos levantes revolucionários que aconteceram recentemente em Mianmar e Colômbia e também mencionaram, além de outras coisas: a anatomia e processos da Nova Guerra Fria, que domina esta época de intensificada rivalidade interimperialista; a nova onda de luta feminista no meio de uma radicalização em oposição à todas as formas de opressão; perspectivas para a economia global e os limites e contradições da atual “recuperação”; e a última explosão horrível de derramamento de sangue no Oriente Médio, que provocou uma resistência global massiva.

Como em todas as discussões durante o evento, um internacionalismo real foi possível graças ao trabalho heroico de intérpretes de seções da ASI, que traduziram incansavelmente fala atrás de fala.

Esta sessão de plenária foi seguida por 4 blocos de comissões simultâneas, com um total de mais de 20 discussões focando em diferentes aspectos da situação política mundial e um método e perspectiva marxista. Isto incluiu discussões como: ” O bloqueio do Canal de Suez: as cadeias de abastecimento globais e o poder dos trabalhadores da logística”; ” A independência escocesa e a ruptura do Reino Unido”; “Entendendo o imperialismo chinês”; ” Revolta na Índia: greves gerais, protestos de camponeses e a crise da Covid “; “Lutando contra o Bolsonaro e a direita: a luta pelo socialismo no Brasil”; “Revolução e contrarrevolução em Mianmar” e muitos, muitos outros.

Uma seleção de conteúdos destas comissões (em forma de texto, áudio e vídeo) será disponibilizada publicamente nas próximas semanas, através do site “internationalsocialist.net” e no canal do Youtube e Podcast “World to Win”. Assine nosso boletim informativo para não perder nenhuma novidade (em inglês)!

Teoria revolucionária para um movimento revolucionário

Junto à atenção cuidadosa aos eventos e processos mundiais, a ASI compreende que uma teoria e um método de análise são necessários para entender o mundo, a fim de mudá-lo! Além disso, um profundo e significativo estudo da história revolucionária da humanidade e, principalmente, da classe trabalhadora mundial, é essencial para a compreensão das lições históricas, que guiarão as ações revolucionárias nos anos 2020.

Por isso, a UMV da ASI tem colocado de forma consistente, uma grande ênfase na discussão coletiva da teoria marxista e história revolucionária. Isto inclui esforços coletivos para ler, discutir e entender as contribuições chaves de pensadores marxistas, incluindo Marx, Engels, Lenin, Rosa Luxemburgo e Leon Trotsky. Esta é uma preparação essencial não somente para as nossas intervenções na luta dos trabalhadores, jovens e setores oprimidos, mas também na luta de classes – uma luta teórica e histórica, contra a influência da ideologia capitalista e contra a ilusória e distorcida versão da história da nossa classe, que é empregada todos os dias para manter a preservação das regras da classe capitalista.

17 discussões sobre estas temáticas, incluíram: “’Classe, partido e direção’ de Trotsky e sua relevância hoje”; ” As ‘feministas radicais’ da Segunda Onda e os impactos de suas ideias nos dias de hoje”; “O que os marxistas podem aprender hoje com Gramsci?”; “Republicação do “Tempos conturbados” de Peter Hadden, enquanto a questão nacional na Irlanda entra em uma nova fase”; “Liga dos trabalhadores negros revolucionários de Detroit: o movimento sindical e a libertação dos negros”; “Introdução à economia marxista” e “O que é o maoísmo?”.

URGENTE: construir e fortalecer as forças do marxismo

Um tópico que permeou todas as discussões foi a compreensão de como estes debates não são acadêmicos, mas sim intimamente ligados à ação, luta e sacrifícios revolucionários. Enquanto o planeta queima, os bilionários apostam uma corrida para o espaço e o capitalismo assolado pela praga, mata milhões – o sistema nunca esteve tão apodrecido, decadente e maduro para ser derrubado. Ao mesmo tempo, os setores oprimidos do mundo liderados pela classe trabalhadora multinacional, multiétnica e multigênero, mostram uma determinação e heroísmo inestimáveis na resistência contra a barbárie capitalista.

Mas a história já mostrou que nem a mais profunda crise do capitalismo, e nem o mais determinado e heroico movimento podem derrotar o capitalismo e inaugurar uma época humana e digna na história, sem que haja outro fator presente. Isto é, um movimento revolucionário organizado e suficientemente forte, armado com os métodos do marxismo e um programa socialista de transformação mundial, que pode apontar os caminhos para além do capitalismo e imperialismo, com uma alternativa política revolucionária coerente.

A crise do capitalismo e a resistência da classe trabalhadora criaram a base para centenas de oportunidades revolucionárias durante o último século, mas na ausência deste fator crucial, a maioria deixou o sistema cambaleando em direção a novas e maiores crises. Apenas uma vez, na Revolução Russa de Outubro de 1917, a presença deste fator na forma do partido bolchevique de Trotsky e Lenin, permitiu uma revolução socialista vitoriosa, que desencadeou uma onda de revoluções no mundo.

A história também nos mostra que uma força como esta deve ser construída anteriormente à uma situação revolucionária, através da ação determinada de quem está consciente desta necessidade e, mais ainda, que isto é uma tarefa que precisa ser conduzida em uma escala global.

A ASI existe para agir diante desta grande lição de décadas de experiências revolucionárias. Nós nos organizamos para ajudar a construir o poder e a luta dos trabalhadores, mulheres, juventude e todos os setores oprimidos na luta contra o capitalismo e, ao fazer isto, preparamos as forças do marxismo para as tempestades revolucionárias no horizonte.

Nós fazemos isto na prática ao dedicar tempo e energia para o trabalho político, conquistar apoio às nossas ideias, recrutar novos militantes, nos formar politicamente, divulgar nossas ideais em jornais e publicações socialistas, arrecadar dinheiro para auxiliar o nosso trabalho etc., etc. A UMV realizou uma plenária com o tema “Um mundo a ganhar: construindo uma internacional revolucionária”, que trouxe alguns temas essenciais sobre como aplicar este conhecimento. 

Outras 12 comissões simultâneas aconteceram na sequência, incluindo: “Recrutamento e consolidação de novos membros”; “Lições de avanços das mídias sociais”; “Socialistas no trabalho – primeiros passos para construir em um local de trabalho”; “Jornal revolucionário como nosso organizador coletivo: usando o jornal para construir a ASI”; “Construindo uma nova célula” e “Construindo uma consciência financeira revolucionária em nossas células”.

Finanças revolucionárias: mais de 116 mil euros e contando…

Toda a compreensão, vontade e determinação política revolucionária da semana também foram expressas materialmente em um apelo financeiro histórico. Enquanto escrevemos, mais de 116 mil euros foram arrecadados na UMV, sem que um sequer milionário ou bilionário precisasse colocar as mãos nos bolsos, mas sim através dos sacrifícios feitos pelos trabalhadores da Amazon, professores, faxineiras, vendedores ambulantes, condutores de trens, desempregados e trabalhadores explorados, estudantes etc. etc.

E ainda não acabou! Nós continuamos a arrecadação com a ousada meta de conseguir arrecadar 150 mil euros nas próximas semanas. Doe aqui e divulgue esse apelo!

Junte-se à luta

A UMV foi encerrada com muito orgulho, entusiasmo e a convicção de que a ASI é uma organização com o futuro pela frente. No entanto, nós permanecemos longe de atingir os nossos objetivos. Fundamentalmente, nós somos pequenos demais em número, influência e alcance.

Se você está lendo isto e concorda, ou deseja discutir mais a fim de nos ajudar com as tarefas mais importantes – construindo o aqui e agora, por uma Alternativa Socialista Internacional para acabar com a tempestade perfeita de miséria humana sob o capitalismo – então entre em contato e junte-se à luta hoje.

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