Parem o massacre em Gaza! Intensificar a luta de massas em defesa do povo palestino!

Depois de transformar Gaza em um enorme campo de concentração com mais de 1,5 milhão de pessoas confinadas e transformadas em alvo fácil de bombardeios aéreos, o regime de Israel deu início em 27 de dezembro a um terrível massacre da população palestina com a invasão terrestre do território.

Gaza transformou-se num verdadeiro inferno. O número de palestinos mortos até esse momento já alcança o patamar de 800. Um terço desse total é composto por crianças! Outros milhares estão feridos e são impedidos de receber tratamento adequado.

Famílias inteiras estão sendo dizimadas em ações que podem ser facilmente descritas como terrorismo de Estado. Escolas, hospitais, mesquitas, campos de refugiados e comboios carregando alimentos e remédios para a população são deliberadamente atacados por Israel.

A própria comissária para os direitos humanos da ONU relatou um caso típico de crime de guerra cometido por Israel. Segundo ela, militares israelenses mandaram cerca de 110 civis palestinos, metade deles crianças, se abrigarem em uma casa em Zeitoun. Vinte e quatro horas depois, o local foi bombardeado e pelo menos 30 palestinos foram mortos. Nove membros de uma mesma família morreram no local.

O ataque em Zeitoun aconteceu no mesmo dia em que uma escola da ONU, que servia de abrigo à população palestina, foi atacada por Israel resultando na morte de pelo menos 40 pessoas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, pelo menos 21 palestinos que trabalham no socorro às vítimas já foram mortos pelo exército israelense e outros 30 estão feridos. Segundo depoimento direto de Gaza dado à imprensa brasileira, soldados israelenses atiram contra ambulâncias e todos os que tentam buscar os corpos espalhados pelas ruas.

Resistir contra a barbárie!

A opressão do povo palestino, incluindo a negação do estabelecimento de um Estado palestino autêntico e viável, são condições para a manutenção do Estado israelense nos marcos do capitalismo e imperialismo. Essa é a razão estrutural por trás de toda e qualquer agressão israelense.

Neste exato momento, porém, os ataques e a invasão da faixa de Gaza por parte de Israel podem ser explicados em razão da profunda crise e falência do atual governo israelense nas vésperas das eleições gerais no país. A tentativa de desviar a atenção interna em Israel da gravidade da crise econômica e dos escândalos envolvendo políticos do governo também são fatores centrais diante das eleições de fevereiro.

A revanche diante da humilhação da derrota israelense na guerra contra o Hizbollah no Líbano em 2006 e a tentativa de recuperar uma imagem de vigor e força nas questões de segurança também motivam o governo encabeçado pelo partido Kadima em sua tentativa de evitar uma vitória eleitoral do ainda mais direitista Likud.

Centenas ou milhares de vidas inocentes estão sendo ceifadas em nome dos interesses mesquinhos da classe dominante israelense.  Eles não estão realmente preocupados com a população israelense que vive na fronteira com Gaza e que poderia ser vítima dos foguetes do Hamas. A classe dominante israelense conseguiu transformar Israel no lugar mais perigoso do mundo para um judeu viver! E esse cenário só vai se agravar com a invasão de Gaza.

Como demonstra o imperialismo estadunidense no Iraque, esse tipo de ação imperialista só vai provocar mais conflitos, mortes e insegurança. O apoio inicial dado pela população, iludida com a propaganda “anti-terrorista”, rapidamente pode se transformar em rejeição e oposição à guerra.

Contra o Hamas, que governa Gaza, a classe dominante israelense sequer pode utilizar os mesmos argumentos usados por Bush contra Saddam Hussein. O Hamas foi eleito democraticamente pela população palestina nos territórios. O voto no Hamas foi resultado da rejeição à corrupção e capitulação do governo do Fatah na Autoridade Nacional Palestina. Mas, o cinismo imperialista só aceita eleições onde suas marionetes vençam.

Não será possível varrer o Hamas do mapa, como pretende a classe dominante israelense. O ataque de Israel só faz crescer a autoridade do Hamas e generalizar a luta em todo o Oriente Médio, criando enormes contradições internas em países árabes, como o Egito em primeiro lugar, cujos governos colaboraram com Israel e o imperialismo.

A verdadeira face de Barack Obama também começa a ficar mais clara diante do ataque israelense a Gaza. Sua aparente omissão fica ainda mais criminosa quando vemos que, na verdade, esconde um apoio incondicional a Israel, como ele fez questão de repetir inúmeras vezes em sua campanha. Sua defesa explícita do aumento das tropas e da agressividade imperialista no Afeganistão, outro exemplo de massacre inaceitável, mostra a que veio.

Intensificar a luta

Da mesma forma, nada se pode esperar da ONU. Centenas de resoluções da Assembléia Geral das Nações Unidas já condenaram ações do regime israelense no passado e nada aconteceu. Somente a força organizada das massas palestinas, contando com a solidariedade ativas dos trabalhadores em todo o Oriente Médio e internacionalmente, poderá barrar o massacre, derrotar o regime israelense e garantir a libertação do povo palestino.

Na luta em defesa do povo palestino não é secundário dividir Israel em linhas de classe. A classe trabalhadora israelense pode se transformar numa força decisiva contra a classe dominante israelense e na construção de uma saída anticapitalista, democrática e socialista para todo o Oriente Médio.

A organização independente e democrática dos trabalhadores em todo o Oriente Médio, incluindo a autodefesa e resistência contra os ataques de Israel, é vital para derrotar o regime israelense. Ações de massas precisam se generalizar e expandir por todo o Oriente Médio, em especial nas fronteiras de Gaza em Israel e no Egito para romper o cerco.

Três milhões já tomaram as ruas do Marrocos contra os ataques israelenses. Em Israel, dez mil se manifestaram em Tel Aviv e cerca de cem mil na cidade de Sakhnin, no norte do país. Por toda a Europa há mobilizações massivas. É preciso fortalecer essas mobilizações.

Em várias partes do mundo, ações de classe, como greves parciais, boicotes à produção e transporte de armas, etc, como aconteceu na luta contra a guerra ao Iraque, deveriam ser organizados. O poderoso movimento de massas na América Latina também pode ser um elemento importante de pressão e solidariedade ao povo palestino.

O Brasil não pode ficar fora da mobilização global em defesa do povo palestino. Sem ilusões no governo Lula, que joga um papel sub-imperialista na América Latina, as organizações dos trabalhadores, camponeses e estudantes no Brasil devem fortalecer as ações de massas.

O Comitê de Unificação entre o Socialismo Revolucionário (CIO/CWI-Brasil) e o Coletivo Liberdade Socialista manifesta seu repúdio veemente aos ataques de Israel sobre o povo palestino e se junta às milhões de vozes que, no Brasil e no mundo, rejeitam esse massacre. Reiteramos nossa disposição de construir a luta unitária em defesa do povo palestino e também de defender uma saída democrática e socialista para o Oriente Médio.

• Pelo fim imediato de todas as ações militares de Israel sobre Gaza! Fim do bloqueio e da invasão!

• Expandir as manifestações contra a guerra no Brasil, no Oriente Médio e em todo o mundo! Construir ações da classe trabalhadora, incluindo greves!

• Nenhuma confiança nos governos burgueses ou na ONU! As massas palestinas e a classe trabalhadora internacional devem basear-se em sua própria força independente e unificada!

• Construir organizações independentes dos trabalhadores em Israel e na Palestina na luta contra o capitalismo e o imperialismo!

• Lutar pelo socialismo com democracia dos trabalhadores em todo o Oriente Médio! 

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