Mobilizações de massas continuam na Grécia – Como o movimento pode avançar?
Após a greve geral na quarta, 10 de dezembro, a Grécia se encontra, pelo sétimo dia, no meio de uma revolta social.
A greve geral do dia 10 foi a quarta greve neste ano e a segunda nos últimos dois meses. Foi um grande sucesso, com dezenas de milhares marchando em Atenas, Salônica e outras cidades. Esse sucesso foi muito importante pois a destruição e saques massivos realizados por grupos anarquistas na noite de segunda teve o efeito de desencorajar pessoas de irem às manifestações com medo de enfrentamentos entre a polícia e os manifestantes.
O governo entrou em contato com a GSEE e ADEDY (as confederações gerais de trabalhadores dos setores público e privado) e pediu para eles adiarem a mobilização para a greve geral, devido ao fato de que, nos últimos quatro dias, havia manifestações em todos os lugares e ataques às delegacias pela juventude revoltada. As direções sindicais se recusaram a cancelar a greve, mas cancelaram as manifestações, chamando apenas uma passeata na praça central de Atenas e em outras cidades. No entanto, SYRIZA (uma coalização da esquerda radical) e o KKE (Partido Comunista) organizaram suas próprias manifestações. A SYRIZA marchou em direção à passeata chamada pelos sindicatos, mas o PC seguiu um curso separado.
O governo, numa tentativa de assustar as pessoas, deixou espalhar o rumor de que estava pensando em impor o estado de emergência e mandar o exército para as ruas das principais cidades. Apesar desse rumor, as passeatas aconteceram e foi um grande sucesso.
Muitas pessoas estavam indo para as passeatas pela primeira vez. Nós tivemos o exemplo de gerentes e donos de pequenas lojas indo às manifestações com seus empregados. Vimos farmacêuticos dando mascarás e remédios gratuitamente para os manifestantes no caso de ataques policiais com gás de pimenta e outros produtos.
Havia um clima muito militante, em completo contraste com os discursos dos dirigentes dos sindicatos, representando o PASOK (‘Movimento Panhelênico’ – principal partido de oposição) e ND (Nova Democracia), que estavam assustados e conciliadores. A única coisa que propunham era outra manifestação, mas não outra greve, no dia em que o orçamento for votado no parlamento, perto do Natal. Propõem isso no momento em que há um clima geral na sociedade de derrubar esse governo.
As passeatas foram absolutamente pacíficas. Sem danos e ataques a prédios, motos, carros sem saques e sem enfrentamento com a polícia. Isso mostra a atitude inteiramente diferente da massa dos trabalhadores, em comparação com os grupos anarquistas e de extrema-esquerda que ocuparam a Politécnica e o Departamento de Justiça, lançando freqüentes ataques à polícia e proclamando uma “revolução” (particularmente depois dos levantes da noite de segunda).
Após o fim das passeatas de quarta, houve poucos enfrentamentos entre os grupos anarquistas e a polícia, nada de significativo. Há muitas discussões entre a esquerda na Grécia acerca dos levantes. O Xekinima (seção grega do CIO) entende plenamente a raiva da juventude que joga pedras nos policiais mas explica que o poder do movimento é sua grande massa. Grupos que tem como principal objetivo uma ‘guerra de guerrilha’ com a polícia nas ruas, o ainda pior, destruindo tudo e saqueando, só pode ter um papel contra-produtivo, pois eles subestimam o potencial de construir um movimento unificado, de massas dos trabalhadores, que é a única força que pode prover um avanço.
A principal questão agora é ver como o movimento de massas pode avançar. Ontem, quinta-feira, os estudantes secundaristas e universitários saíram as ruas. Não há uma coordenação central dos estudantes secundaristas, por isso há inúmeras mobilizações locais. Os universitários, mais bem organizados apesar de muito divididos, chamaram por passeatas pela cidade hoje. Há um chamado por uma passeata nacional da educação em Atenas, na próxima quinta, 18 de dezembro, que o Xekinima dá apoio integral.
Estudantes secundaristas e universitários podem atuar como o combustível para a continuação do movimento. Professores de todos os níveis já estão prontos para se engajar. Um enorme movimento de juventude e de educação pode se desenvolver nos próximos dias, dando um exemplo e direção para o resto da sociedade. A principal tarefa para as forças da esquerda, em geral, é dar uma direção para esse fim. O Xekinima foca seus esforços nessa tarefa.
O principal obstáculo para o desenvolvimento futuro do movimento é, de um lado, o papel dos sindicatos, controlado pelo PASOK, e de outro lado, o fato de que os partidos de esquerda estão fragmentados, particularmente devido ao papel do PC, que vem como seu principal não a classe dominante e o estado capitalista, mas o SYRIZA.
• O desenvolvimento de uma nova onda de ocupações nas escolas e universidades;
• Uma greve geral chamada pelo TUC, antes do natal,
• Frente única com as forças da esquerda, para fazer o movimento avançar
• Que o SYRIZA chame suas próprias passeatas durante a semana que vem, em todas as cidades.
• Pela construção de comitês de luta (comitês de ação) em todas as áreas, com o desenvolvimento das lutas, unindo todos os setores envolvidos.
• A derrubada do governo, sustentada por uma maioria de só um deputado, e por um governo de esquerda, refletindo o movimento da juventude e dos trabalhadores, baseado numa programa socialista.