Morre Carlos Eugenio Sarmento da Paz! Se foi o último Comandante vivo da ALN!

No ano em que se completa 50 anos do assassinato de Carlos Marighella, ficamos também, neste triste 29 de junho de 2019, sem o Comandante Clemente, o último dirigente vivo da Ação Libertadora Nacional, organização politica que fez luta armada nos anos de chumbo, contra a ditadura civil-militar, contra o imperialismo norte americano e pelo socialismo. 

Sua história é parte da história de uma geração de jovens que se envolveu na resistência armada ao regime instaurado em 31 de março de 1964.

Recrutado para a ALN pelo próprio Carlos Marighella, aos 17 anos, foi ativo participante e testemunha ocular da resistência, sem nunca ter sido preso apesar da caçada implacável que lhe faziam as forças da repressão. Segundo ele, devia sua vida “a valentia, e dignidade dos companheiros que foram torturados para não dizerem onde eu estava. Muitas vezes eles sabiam – mas não disseram. Minha sobrevivência eu dedico a eles.”

Em 1973, mesmo contra sua vontade, lhe foi imposto o exilio em Cuba, de onde ele saiu pois não concordou com as propostas do Fidel de mandar para o Brasil um grupo de 100 cubanos para formar uma coluna guerrilheira sob seu comando. Discordou por fidelidade à Marighela que dizia que a revolução no Brasil deveria ser feita por guerrilheiros brasileiros. A ALN já havia começado a autocritica dos desacertos da organização. Vai para a França, se especializa em música, graduando-se em Harmonie et Composition, na École Superieur de Musique, de Danse et d’ Art Dramatique em 1981.

Retorna ao Brasil em 1982 quando, depois de um longo processo, foi anistiado. Trabalhou como professor de música em uma creche em Botafogo, deu aulas na Escola Parque e abriu um curso de música em Ipanema.

 Escreveu dois livros de memórias romanceadas – Viagem à Luta Armada (1996) e Nas Trilhas da ALN (1997). Costumava dizer  que “o papel dos sobreviventes é contar a historia vivida”, dando voz aos que morreram na luta.

Carlos Eugenio deixou para trás sua juventude e boa parte da inocência dos adolescentes ao assumir o comando do Grupo Tático Armado (GTA) da ALN.

Apesar dos limites da tática de guerrilhas, sem esta luta a nação seria mais pobre, o mundo mais cinzento e mais triste. Como Marighela e Clemente, muitos companheiros não puderam ver seus sonhos concretizados, mas sonhos são conquistados na luta e nós que permaneceremos vivos, mesmo que por pouco tempo, temos a tarefa de seguir adiante com os mesmos sonhos, construindo a resistência contra todas as formas de injustiça e opressão de classe, mantendo acesa a chama da revolução, endureceu mas nunca perdeu a ternura!