Bolívia urgente! Para derrotar os golpistas: Usar a força do movimento de massas e levantar uma alternativa socialista!

A oposição de direita contra o governo de Evo Morales, liderada pela elite dos departamentos mais ricos da Bolívia (a chamada “meia-lua” no lado oriental do país), , desencadeou uma violenta ofensiva reacionária, aumentando o caos no país.

Grupos que funcionam como tropa de choque da elite, como a “União Juvenil Cruzenha”, atacaram vários prédios públicos saqueando e queimando, tomaram aeroportos, bloquearam estradas, impuseram toque de recolher, atacaram a imprensa pró-Evo Morales, aterrorizaram sindicalistas e líderes camponeses, forçando vários a clandestinidade.

Instalação de gás atacadas

Ataques às instalações de gás no departamento (estado) de Tarija, onde estão concentradas 60% da produção do gás, chegou a ameaçar o abastecimento de gás ao Brasil e Argentina.

Na realidade o governo de Evo Morales não tem o controle de 5 dos 9 departamentos. O governo disse no dia 9 de setembro, quando os ataques aumentaram, que o ocorrido era um “golpe de estado contra a unidade do país e a democracia”. Mas o governo não autorizou o uso de armas por parte do exército e da polícia nacional, com medo de intensificar ainda mais os conflitos.

Esses últimos acontecimentos dramáticos mostram que a tática de tentar uma saída negociada e constitucional com a direita, uma “redivisão pactuada do poder”, está fadada ao fracasso.

Evo Morales foi eleito após um movimento de massas dos trabalhadores e camponeses em 2005 que derrubou o então presidente Mesa e exigiu a nacionalização do gás e o petróleo.

Via institucional não é suficiente

Ao invés de utilizar esse momento, quando os trabalhadores e camponeses estavam mobilizados, para quebrar o poder da velha elite, Evo Morales tentou achar uma saída institucional e negociada.

Se, por um lado, as medidas de Evo Morales, como a parcial “nacionalização” (na verdade renegociação de contratos) do gás e do petróleo não foram suficientes para quebrar de vez o poder da velha elite e das multinacionais, por outro, bastaram para acirrar os conflitos com as oligarquias.

Um foco central de conflitos tem sido a proposta de nova Constituição. A elite não quer aceitar elementos de autonomia para os povos indígenas ou uma reforma agrária que coloca um limite no tamanho dos latifúndios.

A resposta da elite da ‘meia-lua’ à proposta de nova constituição foi de chamar referendos durante o primeiro semestre para votar “estatutos de autonomia”, que dariam poderes amplos para os governos departamentais.

Diante esse impasse a resposta do Evo Morales foi chamar referendos revogatórios no dia 10 de agosto, onde o povo poderia revogar o mandato do presidente e dos prefectos (governadores).

Mas o resultado do referendo não foi decisivo. De um lado Evo Morales saiu fortalecido, com 67% de apoio, contra 54% quando se elegeu, e com votação alta também nos departamentos da oposição. Por outro, a maioria dos prefectos da oposição também conseguiu se manter no poder. As exceções foram Cochabam­ba e La Paz, cujos prefectos foram derrotados.

Evo Morales poderia ter usado seu voto expressivo para mobilizar os movimentos sociais em uma ofensiva contra a direita, mas se limitou a chamar um novo referendo – para votar a proposta de constituição.

A direita tomou a iniciativa

Ao invés disso, foi a direita que partiu para uma ofensiva na ruas. Eles têm dois objetivos imediatos:

– criar um caos que impossibilite o referendo sobre a constituição (um ponto central, além barrar a reforma agrária e autonomia indígena, é barrar a chance de reeleição para Evo Morales) e

– exigir de volta os 200 milhões de impostos sobre o gás e petróleo que Evo Morales tirou do repasse aos departamentos para custear uma nova aposentadoria para pobres acima de 60 anos.

Para sair do impasse é necessário tirar duas conclusões:

• Não é possível mudar a estrutura de poder do país através das instituições do sistema, como Evo Morales está tentando. Só com a mobilização dos movimentos sociais se consegue a força necessária. Também só é com o povo trabalhador organizado que se pode começar a construir uma estrutura alternativa de poder.

Quebrar o poder econômico da elite

• Não vai ser possível derrotar a velha elite sem quebrar o poder econômico dos latifundiários e das grandes empresas, incluindo as multinacionais. Isso significa mobilizar os movimentos para implementar uma verdadeira nacionalização dos recursos naturais, dos latifúndios, das grandes empresas e dos bancos, sob o controle e gestão dos trabalhadores e pobres camponeses. Só com esses recursos vai ser possível começar a mudar a vida da maioria do país que vive em pobreza.

Com essa linha é possível dividir em linhas de classe a base dos prefectos da “meia-lua”. A retórica populista e racista deles não tem nada a oferecer de melhorias para a maioria da população da “meia-lua”.

Para lutar por essas posições é necessária a construção de um partido de trabalhadores, armado com uma alternativa socialista.

Você pode gostar...