II Encontro da Intersindical: uma oportunidade perdida!
O 2° Encontro Nacional da Intersindical, realizado nos dias 12 e 13 de abril em São Paulo, com a presença de aproximadamente 1000 participantes entre delegados, observadores e convidados de 23 estados, ficou marcado centralmente pelo debate da unidade em torno da construção de uma nova central. Estavam representadas nesse encontro basicamente cinco correntes políticas: APS, C-SOL, Enlace, ASS e Unidade Classista.
No primeiro dia houve a apresentação das posições (teses) e a discussão nos grupos. Todas as intervenções colocavam que a crise econômica no centro do capital (EUA) provocará um aumento dos ataques da burguesia sobre os trabalhadores e, por isso, a necessidade urgente, no processo de reorganização da esquerda, de organizar a classe para resistir a esses ataques, mas as conclusões foram divergentes.
Duas linhas divergentes
Desde o começo, na apresentação das posições de cada corrente, ficou caracterizado que haveria uma forte e tensa disputa entre aqueles que defendiam a abertura e com isso, a incorporação efetiva da Intersindical no debate da construção de uma nova central, unificando os setores combativos dos trabalhadores (as correntes do PSOL: APS, C-SOL e Enlace) e aqueles que eram contrários a essa política (ASS e Unidade Classista) e apostavam simplesmente no fortalecimento da Intersindical. Havia um equilíbrio no plenário referente a essas duas posições com uma leve maioria para APS, C-SOL e Enlace.
A partir dos grupos, o debate ficou mais tenso e o seu nível foi rebaixado, com troca de acusações entre as correntes, refletindo na plenária final do dia seguinte, e deixando aparente que a disputa não seria apenas no plano do debate político.
A plenária final começou com a leitura dos relatórios dos grupos e posteriormente com um total de 10 intervenções intercaladas com cada posição. É importante destacar que as intervenções foram muito tensas e numa delas na intervenção de um representante do Enlace, quando ele acusou os militantes da ASS de ainda estarem no PT, quase houve um tumulto generalizado e agressão.
Após o almoço, no momento em que se iria encaminhar a votação do tema principal (o debate da nova central), Mané Melato, representado a ASS e a Unidade Classista, faz um pronunciamento informando que tentaram fechar um acordo para que não houvesse a votação e remetesse as duas posições para debate posterior, o que foi recusado. Diante disso, comunicou que não participariam da votação.
Apesar disso, a votação foi encaminhada sem a participação da ASS e Unidade Classista, enquanto o outro bloco de forma quase unânime aprovou a posição favorável ao processo de debate da nova central.
No momento do anúncio da resolução vencedora, começou um tumulto geral. Os dirigentes das correntes se reuniram atrás da mesa para resolver a situação enquanto o conflito se dava.
Decidiu de nada decidir
Passado algum tempo, com a mesa informando algumas moções, e com a situação controlada, os dirigentes de todas as correntes se reúnem em frente à mesa e apresentam uma nova resolução que basicamente remetia a discussão das duas posições para o futuro. Neste momento, houve grande confusão e descontentamento na base de C-SOL, Enlace e APS. Encaminhada a nova votação, ASS e Unidade Classista votaram em peso nessa nova resolução, enquanto que a base dos outros setores, poucos votaram, alguns votaram contra e a maioria não votou, não entendendo o que estava acontecendo.
Ficou visível que diante de toda a pressão que foi feita pela ASS e Unidade Classista, houve um recuo das direções das APS, Enlace e C-SOL.
No final, infelizmente, não houve um avanço para que a Intersindical pudesse ser parte importante no processo de debate de reorganização da esquerda e na construção da nova central e o encontro acabou não saindo do lugar.
A Intersindical nasceu da necessidade de reorganizar os setores combativos e junto com a Conlutas era o que de mais avançado havia na reorganização da esquerda. Era importantíssimo que a Intersindical atendesse ao chamado da Conlutas e que nesse momento crucial avançasse no processo de debate para construção de um novo instrumento, uma nova central que pudesse organizar a resistência aos ataques da burguesia.
No encontro era importante que as direções das correntes que defendem a unidade tivessem ido até o fim, mantido o resultado da primeira votação, como era o anseio de suas bases. É importante que façam o balanço correto e que efetivamente dêem passos importantes nesse processo, mesmo que isso cause um enfrentamento com alguns setores.