Iraque: situação catastrófica após quatro anos de ocupação estadunidense

Em março de 2007, a guerra do Iraque completa quatro anos e o mundo certamente vai assistir a uma onda de protestos internacionais contra a ocupação imperialista. As tão procuradas armas de destruição em massa não foram encontradas e as anunciadas metas de democracia e paz encontram-se cada vez mais distantes de se tornarem realidade no país. A violência se intensifica diariamente por todo o Iraque e a espoliação dos recursos naturais, garantidos pelas privatizações realizadas para reconstruir o Iraque, engorda os bolsos dos capitalistas norte americanos, além de danificar o ecossistema.
É necessário lembrar também dos sítios arqueológicos que estão sendo pilhados, como acontece na região da babilônia, onde tropas imperialistas encontram-se acampadas. Ou seja, além dos imperialistas massacrarem populações inteiras, eles também contribuem para destruição do patrimônio histórico-cultural da humanidade.

Condições de vida pioraram
As condições de vida do povo trabalhador iraquiano ficaram piores do que durante o período em que eram governados por Saddam Hussein.
A guerra e a invasão imperialista sobre o Iraque sintetizam bem a situação política internacional. O poder e a força do imperialismo estão ali representados de forma concentrada.
Com o desenvolvimento do projeto imperialista para o Iraque, suas contradições se apresentam de forma cada vez mais contundentes.
O processo eleitoral títere organizado pelas forças de ocupação se mostrou como uma verdadeira piada de mau gosto. Os candidatos temiam por suas vidas e não divulgavam seus nomes nas listas. Os eleitores eram obrigados a votar em listas partidárias sem saber em quem estavam votando. Com isso, ficou muito claro o tipo de democracia que o imperialismo quer para o mundo.

Custo de guerra o dobro do PIB iraquiano
Analisando dados fornecidos pela própria CIA, percebe-se uma contradição básica: o PIB iraquiano é em média 46 bilhões de dólares por ano. Os EUA destinaram, desde 11 de setembro de 2001, 745 bilhões de dólares em campanhas bélicas na sua “luta contra o terrorismo e pela democracia” e ainda planejam desembolsar em 2007, 90 bilhões de dólares, ou seja, quase o dobro do PIB anual iraquiano, em recursos militares para a ocupação no Iraque. Será que não seria mais útil encaminhar esse dinheiro para construir escolas, hospitais e gerar emprego?
Obviamente, nenhum gasto bélico será suficiente para pacificar o país. A carnificina oprime o povo trabalhador incessantemente e isso acontece também porque a unidade política do Estado burguês iraquiano, que era estabelecida pela força por Saddam Hussein, encontra-se destroçada ante os olhos de todos. O risco de guerra civil entre as diversas etnias e grupos religiosos é iminente.
O imperialismo acreditava que a execução de Saddam Hussein e de alguns líderes de seu governo serviria para dar a impressão de que a situação no Iraque poderia melhorar. Mas atentados como os que se desenrolaram em janeiro, que mataram cerca de mil pessoas em uma única semana, mostraram que a execução de Saddam agravou ainda mais o conflito.
Além disso, a execução de Saddam serviu como ‘queima de arquivo’ em relação aos massacres étnicos promovidos por ele quando era aliado dos EUA na guerra fria. Essa era uma questão chave na região, dado que os curdos reivindicam um Estado livre, o que é visto com cautela pela Turquia que teme a chegada dessa onda em seu país, junto aos curdos que lá vivem.

Ameaças a Irã
Ataques preventivos, como os realizados contra a Somália e ameaças abertas a países como o Irã, somam-se com o medo da Turquia e o resultado é uma região com a tensão à flor da pele. Além disso, a possibilidade de investidas imperialistas contra outros países não pode ser descartada.
Nos EUA, o imperialismo também encontra resistência contra suas políticas nefastas. A impopularidade de Bush aumenta cada vez mais. Para se ter uma idéia, as estimativas apontavam que se antes da invasão do Iraque 70% da população norte americana era a favor da guerra, hoje 70% dessa mesma população é a favor da retirada das tropas americanas do Iraque e cerca de 65% dos americanos acha que a guerra foi um erro.
O número de soldados americanos mortos no conflito, que já ultrapassam a marca de 3,1 mil, faz com que o número de soldados que se posicionam contra a guerra também aumente e engrosse a luta pela retirada das tropas, que cresce constantemente. Inúmeros atos contra a guerra proliferam pelo país. A seção norte americana do CIO, Socialist Alternative ( Alternativa Socialista), está contribuindo na luta contra a guerra e estará organizando uma greve estudantil na semana do dia 18 de abril sob a bandeira: “Jovens contra a guerra e contra o recrutamento militar nas escolas”.
Ainda assim, Bush pretende enviar mais de 20 mil soldados para o Iraque em 2007. E não enfrentará nenhuma resistência eficaz no congresso, uma vez que a crítica dos democratas à política para o Iraque não vai além das palavras. O próprio líder dos democratas no senado manifestou que “aspira que os soldados americanos obtenham tudo o que precisam para sua missão”.

Construir unidade de classe
A violência no Iraque vai continuar até que os trabalhadores unidos e organizados se levantem contra seus opressores, independente de etnia ou religião, sejam curdos, xiitas ou sunitas sob a bandeira de um projeto socialista, contra as privatizações e pelo controle dos recursos naturais do país, através da expropriação das grandes empresas para garantir a reconstrução do país, gerar empregos e investir na saúde e na educação seguindo a lógica da necessidade e não do lucro!
O capitalismo é incapaz de apontar alguma saída real para as crises econômicas e sociais gerados por ele mesmo. Somente o povo trabalhador organizado e socialista pode por fim a barbárie que impera no globo. Fora tropas imperialistas do Iraque! Unidade dos trabalhadores e do povo para expulsar o imperialismo e reconstruir o Iraque e a região com base numa Confederação Socialista do Oriente Médio!

Esse texto foi publicado originalmente no Jornal Socialismo Revolucionário n° 41 (mar-abr 2007)

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