Repressão em Londres: assasinato de Jean Charles

Panfleto do Socialist Party (CIO na Inglaterra) distribuído em inglês e em português nas manifestações contra o assassinato de Jean Charles

• Por um autêntico inquérito público

• Oposição à política de “atirar para matar” da política

• Não ao terrorismo

• Não à guerra – Retirada das tropas do Iraque

• Não ao racismo – Pela unidade dos trabalhadores 

O assassinato do brasileiro inocente Jean Charles de Menezes pela polícia na estação Stockwell provocou ondas de choque por todo o Brasil e a Grã Bretanha. As recentes vigília e manifestação em Stockwell ressaltaram esse choque e raiva que também foram demonstrados na cidade natal de Jean Charles. Novas manifestações estão sendo preparadas por todo o Brasil. São sempre pessoas da classe trabalhadora, do Iraque à Stockwell , que acabam pagando pelas políticas de Blair com seus cortes nos gastos, guerras e assassinatos. Para os moradores de Lambeth o assassinato de uma pessoa inocente pela polícia não é um fenômeno novo.

O governo e a polícia tentaram descaradamente justificar a política de “atirar para matar” que foi usada contra o eletricista originário de uma região pobre do Brasil. Sir Ian Blair, chefe da polícia metropolitana de Londres, declarou que a política de “atirar para matar” vai ser mantida e que mais inocentes podem ser atingidos.

O Partido Socialista exige um autêntico inquérito público, sob controle democrático das organizações sindicais e comunitárias, sobre os acontecimentos que levaram ao assassinato de Jean Charles de Menezes. A cobertura da imprensa até este momento levanta uma série de questões que precisam ser respondidas. Se a polícia acreditava que Jean Charles era um homem-bomba suicida por que então permitiram que viajasse num ônibus e no metrô? Eles ordenaram que ele parasse? Por que a unidade armada que recebeu a ordem de intercepta-lo no metrô estava vestida à paisana e, uma vez que estavam com estes trajes, Jean Charles poderia saber que aqueles homens armados perseguindo-o eram agentes policiais? Por que um condutor de trens do metrô em Stockwell foi detido e ficou sob a mira de uma pistola sem motivo aparente?

Para cada muçulmano na Grã Bretanha ou mesmo cada uma das pessoas que podem parecer muçulmanas aos olhos da polícia, o medo de ser baleado pela polícia foi acrescentado ao medo que todos têm de futuras bombas, além do já existente temor diante do aumento do racismo.

Assim como o 11 de setembro foi a justificativa para o Patriot Act nos EUA, que introduziu muitas novas medidas repressivas, os atentados de 7 de julho em Londres estão sendo usados como justificativa para uma nova leva de medidas e leis draconianas, incluindo o “atirar para matar”. Outras medidas incluindo a escuta de telefones e celulares, a gravação de ligações telefônicas assim como a interceptação e armazenamento de toda correspondência suspeita pela internet.

Essas medidas não servirão para prevenir ações terroristas, assim como nenhuma legislação draconiana no passado derrotou o IRA. Se o governo é sério no que se refere a minimizar os riscos de futuros ataques terroristas, por que então rejeita as reivindicações do sindicato dos ferroviários (RMT) no sentido de aumentar os agentes de estação e reintroduzir os condutores?

O governo está fortalecendo a repressão. Não serão apenas os muçulmanos os afetados. Direitos democráticos, como o direito de organização e manifestação, estão sendo duramente atingidos. O movimento sindical deve mobilizar-se contra a legislação repressiva que já foi introduzida e a nova leva que se seguirá ao 7 de julho. Os ativistas sindicais devem lutar para que isso aconteça.

As leis repressivas acabarão sendo utilizadas contra as lutas operárias e sindicais. Blair já deixou clara a sua intenção de igualar os socialistas aos terroristas com um ultrajante comentário que fez “ligando o extremismo islâmico à trotskista Tendência Militant ” (The Guardian, 18 de julho).

Está claro que a Tendência Militant , que hoje é o Partido Socialista ( Socialist Party ), sempre condenou o terrorismo, tanto o terrorismo de indivíduos e grupos, seja na Grã Bretanha, na Irlanda ou internacionalmente, como o terrorismo de Estado dos governos dos EUA e Grã Bretanha que se estima já tenha causado a morte de mais de cem mil civis iraquianos.

Somente um movimento unificado da classe trabalhadora, com uma política socialista, pode pôr fim à injustiça, à discriminação, à ocupação imperialista e ao terrorismo. Isso implica numa oposição clara à legislação repressiva e contrária à classe trabalhadora. O Partido Socialista está lutando pela convocação de manifestações locais e uma grande manifestação nacional, colocando juntos os trabalhadores de cada setor da sociedade, com um claro programa de oposição ao terror, à guerra, ao racismo e ao aumento da repressão estatal.

A regional do Partido Socialista em Lambeth apóia a construção de uma Campanha por Justiça e fará todo o possível para ajudar neste movimento.

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