São Paulo: Construir uma greve unificada de professores e estudantes

O ano passado foi de muita luta para nós, professores da rede estadual de ensino de São Paulo. Realizamos uma greve histórica de 92 dias em defesa do salário, emprego e melhores condições de trabalho.

Apesar do apoio de pais e alunos e das passeatas e ações radicalizadas que realizamos, a nossa pauta de reivindicações não foi atendida. Do ponto de vista salarial, tivemos 0% de reajuste.

Esta derrota foi consequência da truculência do Governo Alckmin e pelo fato da nossa greve ter sido realizada de forma isolada. Não houve por parte da Apeoesp e da CNTE, dirigidas de forma majoritária pela corrente da Bebel (a presidente do sindicato) uma política de buscar a solidariedade ativa de outras categorias e centrais sindicais.

No momento em que estávamos em luta, professores de 10 estados do país também estavam em greve. Infelizmente, a CNTE não convocou uma greve geral nacional da educação para unificar todas essas greves. Esta derrota econômica da categoria, fez com que o governo Alckmin tirasse a conclusão equivocada de que seria possível impor o seu projeto de ajuste fiscal para a educação através da reorganização do ensino.

Entretanto, o que governo estadual não esperava era a reação explosiva dos estudantes contra este ataque. Os estudantes realizaram diversos atos, ocupações de escolas e travamento de rodovias, o que obrigou o governo Alckmin a recuar de forma temporária da reorganização do ensino. A vitória dos estudantes secundaristas mostrou que é possível lutar e obter conquistas.

Mil salas fechadas

Para este ano, o governo Alckmin, da mesma forma que vem fazendo o governo Dilma na esfera federal, tem aprofundado a sua política de ajuste fiscal. Esta política de cortes esteve presente na atribuição de aulas. Alckmin baixou resolução que aprofundou o fechamento e a superlotação das salas de aulas. Levantamento preliminar da Apeoesp apontou que mais de mil salas de aulas foram fechadas. Na prática, o governo estadual vem implementando uma reorganização do ensino sem muito alarde.

Em virtude do fechamento destas salas de aulas, milhares de professores efetivos não conseguiram constituir jornada em suas escolas e tiveram que ir para as Diretorias de Ensino. Milhares de professores categoria “F” tiveram redução salarial, pois não conseguiram manter a mesma quantidade de aulas que tiveram no ano passado. No caso dos professores categoria “O” a realidade foi mais dura: a maioria ficou desempregada.

Além do desemprego, a superlotação das salas de aula também piorará as nossas condições de trabalho e consequentemente mais professores ficarão doentes. Mas estes ataques não são suficientes. O governo Alckmin sinalizou novamente que não pretende conceder nenhum tipo de reajuste salarial para a categoria neste ano. A única coisa que vai aumentar é o assédio moral dos gestores e das diretorias de ensino.

Por ironia, todos estes ataques ocorrem num momento em que há indícios de corrupção envolvendo o governo Alckmin (PSDB) relacionado à merenda escolar das crianças.

Para barrar estes ataques, punir os supostos responsáveis pelo roubo da merenda escolar e fazer com que a nossa pauta de reivindicação seja atendida, é necessário construirmos uma greve unificada de professores e alunos.

Luta contra o ajuste

Esta greve pode e deve ser parte de um movimento maior contra a política de cortes e de ajuste fiscal do governo federal, governadores e prefeitos e em defesa da escola pública.

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