Nota sobre as prisões de Delcídio do Amaral e André Esteves

As prisões do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo Dilma no Senado, e do banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, foram o ápice da crise política que hoje enfrenta-se no Brasil. Esse escândalo já atingiu os mais altos escalões do sistema político e continua a comprometer cada vez mais gente. Há grandes chances de que assuma proporções ainda maiores, a considerar que Delcídio aparenta ter se envolvido com maracutaias na Petrobras desde o governo de FHC e pode acabar abrindo a boca.

Sem dúvida, é o momento mais crítico de toda a história do PT. A política de adaptação total do partido ao sistema político e econômico levou o partido a um beco sem saída. Dilma, Lula e o presidente do PT Rui Falcão, optaram por condenar o senador que há pouco era líder de seu governo no Senado. Ao mesmo tempo, a maioria da bancada petista no Senado (9 dos 13), junto com notórios corruptos como Fernando Collor, votou contra a autorização para a prisão de Delcídio. Não querem abrir precedentes. Muitos deles temem serem os próximos.

A LSR defende a apuração e investigação total dos casos de corrupção, para além da Operação Lava Jato, que além de PT, envolvem também PMDB, PP, o PSDB entre outros partidos da base governista e da oposição. Não se pode esquecer os graves escândalos de corrupção que também envolveram o PSDB durante o governo FHC e mais recentemente, como no caso do “Tremsalão” e do próprio “mensalão” tucano de Minas Gerais. A corrupção cada vez mais se revela como parte desse sistema político e econômico, demonstrando como está podre. Grandes empresários e banqueiros, aliados com a maioria dos políticos, criam esquemas criminosos para acumularem dinheiro e poder. Enquanto isso, a população vivencia o caos nos serviços públicos, prestes a sofrer ainda mais com os cortes e medidas de ajuste fiscal.

Enquanto isso, a pior de todas as corrupções segue liberada: a corrupção legalizada da transferência de recursos públicos para o bolso de um punhado de banqueiros e especuladores através da dívida pública que compromete quase metade do orçamento federal. Esse esquema de agiotagem legalizada penaliza a população e coloca o Estado a serviço de um pequeno número de ricaços.

Capitalismo implica necessariamente e busca de vantagens a qualquer preço. A corrupção é inerente ao sistema. Por isso, defendemos uma alternativa anticapitalista para a corrupção. Ela se baseia em um sistema político e econômico organizado a partir do controle dos trabalhadores e do povo. Nem mercado e privatização, de um lado, nem burocracia estatal e aparelhamento de outro. Democracia dos trabalhadores é a nossa alternativa.

O PSOL é hoje o partido com melhores condições de se apresentar como uma alternativa radical a essa velha política. Deve assumir plenamente essa bandeira da democracia socialista dos trabalhadores. O 5º Congresso do partido deve se posicionar de forma intransigente contra alianças com partidos corruptos que atacam os direitos dos trabalhadores. O grave erro do apoio dado pelo setor majoritário do partido ao PT de Delcídio no segundo turno das eleições no Mato Grosso do Sul não pode mais se repetir. Nossas alianças devem servir para conformar uma frente social e política com partidos de esquerda (PSTU e PCB) e movimentos sociais combativos, como o MTST, CSP-Conlutas, etc.

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