Por uma campanha eleitoral a serviço das lutas e em defesa do socialismo
O enorme impacto da candidatura de Heloísa Helena representa um grande passo na tarefa de reconstruir uma esquerda socialista com base de massas no Brasil.
Para ir até o fim nesta direção, a campanha eleitoral do PSOL e da Frente de Esquerda precisa estar diretamente vinculada à organização da resistência diante dos novos ataques desferidos e planejados pela classe dominante.
É o caso das reformas neoliberais sobre as relações trabalhistas, a organização sindical e o sistema previdenciário. O mesmo vale para os novos ataques resultado das contradições estruturais da economia capitalista em crise, como as demissões massivas nas montadoras, o arrocho salarial, os cortes nos gastos e a estagnação econômica.
Fortalecer essa luta exige que apresentemos um programa alternativo global à lógica do capitalismo neoliberal. Nossa alternativa deve superar os limites políticos e organizativos que levaram à adaptação e degeneração do PT. É preciso repudiar o pagamento da dívida aos grandes especuladores, denunciar o regime político apodrecido e avançar na construção da unidade internacional dos trabalhadores e dos povos contra o imperialismo.
Heloísa no Rio de Janeiro: Espetáculo de crescimento
por SR do Rio de janeiro
As recentes pesquisas de intenção de votos vêm mostrando um crescimento constante da candidatura presidencial de Heloísa Helena pela Frente de Esquerda. O avanço da candidatura está se dando em nível nacional, porém o Rio de Janeiro desponta como o Estado onde a Frente de Esquerda recebe mais apoio, de quase 10% antes do início campanha para recentes 20% de intenção de voto. Heloísa Helena aparece consolidada no segundo lugar no Estado carioca. De cada cinco eleitores cariocas, um votará em Heloísa Helena !
A impressionante recepção da campanha eleitoral faz lembrar a história da esquerda no Rio de Janeiro, sempre um passo à frente. E mostra que o PSOL pode se transformar numa verdadeira alternativa para a reorganização da esquerda socialista.
O apoio eleitoral e a construção do PSOL
No entanto, não se pode apenas alimentar a ilusão de que esse enorme apoio popular significará o cumprimento do objetivo de fazer do PSOL esse pólo organizador e de avanço da classe trabalhadora. A virtude da campanha eleitoral está em massificar a propaganda socialista, potencializando a força dos trabalhadores nas lutas diárias.
Para tanto, o partido tem de transformar a boa recepção da postura e das posições de Heloísa Helena num avanço da consciência socialista e da necessidade de organização dos trabalhadores para enfrentar a terrível conjuntura de cortes e reformas neoliberais. Isso é possível quando a campanha levanta não só as propostas eleitorais, mas também apresenta a necessidade da existência de uma organização mais avançada e de massas dos trabalhadores após a falência do PT como alternativa.
Um caso exemplar vem acontecendo em Acari, uma enorme comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro. A conjuntura eleitoral abriu a possibilidade de construir um núcleo do PSOL na região. As discussões sobre a candidatura do PSOL podem trazer um avanço para além do período eleitoral, consolidando um núcleo numa importante região da classe trabalhadora.
As instâncias do partido – como direção e núcleos – devem estar ativas no período eleitoral. Aos apoiadores que encontramos nas ruas, é importante sempre que possível convidar para reuniões e discutir sobre a necessidade da construção de um partido socialista.
Portanto, a campanha eleitoral do PSOL deve buscar o fortalecimento e ampliação do partido, para que esse fantástico apoio popular se transforme num importante passo para a reorganização dos trabalhadores.
Eleição e as demandas dos trabalhadores no Rio de Janeiro
Outro ponto importante é termos levantado pelas candidaturas os pontos mais importantes no que dizem respeito às lutas e problemas dos trabalhadores.
No Rio de Janeiro, uma questão central é criminalização dos jovens trabalhadores. A segregação do espaço das grandes cidades do Rio em favelas, dominadas pelo tráfico, e onde o Estado só aparece através da força policial e do sistema prisional, faz da vida dos moradores dessas comunidades um tormento diário. Mais do que qualquer outro lugar, existem enormes barreiras para a organização independente dos trabalhadores.
Os políticos dos partidos de direita sabem da importância de ter relações com essas comunidades, e as constroem a partir de acordos com os chefes do tráfico. É impressionante ver delegados da polícia candidatos a deputado tendo apoio de grupos ligados ao tráfico.
Dada essa situação, é fundamental o PSOL apresentar candidaturas e programas que contraponham à alternativa polícia-tráfico. Como afirma Marcelo Freixo, candidato a deputado estadual pelo PSOL, “Um programa de segurança tem que partir do princípio de garantir segurança aos moradores da favela, combater o tráfico e não permitir que ele entre lá. Porque a principal vítima disso é o morador da favela. Não é a classe média. Quem perde seus filhos para o tráfico, seja pelo consumo ou pela morte, são os moradores”.
Outro aspecto importante no Rio de Janeiro, como em todo o país, é a aplicação radical da política neoliberal. O governo Rosinha pode ser considerado um dos mais duros no corte dos orçamentos sociais, como educação. Neste ano, o governo do Rio cortou 25% do orçamento da universidade estadual, provocando uma greve de mais de 3 meses.
Alternativa para enfrentar o neoliberalismo no Rio
Uma alternativa sindical forte para enfrentar o neoliberalismo no Rio é fundamental. Para tanto, a eleição pode servir como um acelerador do processo de reorganização sindical. Nesse sentido, estamos engajados na campanha socialista para Deputado Federal de Agnaldo Fernandes. Um possível mandato, diz Agnaldo, “será um instrumento das greves, das ocupações de terra e da luta pela moradia, contra a criminalização dos pobres, principalmente dos negros e dos moradores de favelas”.
O Socialismo Revolucionário no Rio de Janeiro está totalmente engajado na campanha eleitoral da Frente de Esquerda. Mais do que isso, estamos atuando para que esse período traga avanços concretos para a reorganização dos trabalhadores, para a ampliação da consciência socialista, e para o fortalecimento da classe trabalhadora para bloquear as inúmeras tentativas de cortes sociais, a piora das condições de vida e o extermínio dos pobres, que são a tônica cotidiana da vida carioca.