Escola de Quadros CIT – 2013

Entre os dias 21 e 26 de julho foi realizada a Escola de verão do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT), na Universidade de Leuven, na Bélgica.

O encontro reuniu cerca de 400 militantes de 33 países de todos os continentes. As discussões travadas durante toda a semana se deram em torno dos efeitos da crise mundial do capitalismo sobre as condições de vida da maioria da população e as táticas e estratégias necessárias para a classe trabalhadora superá-la e construir um projeto alternativo de sociedade.

A partir dos informes e análises dos diversos países a conclusão que podemos tirar é que se aprofunda a instabilidade politica e econômica mundial. As soluções apresentadas pelos capitalistas jogam nas costas dos trabalhadores o preço da crise: arrocho salarial, aumento da carga de impostos, cortes de verbas para os serviços sociais básicos. Na chamada periferia da Europa, em países como Portugal, Espanha e Grécia, observamos o desemprego na juventude atingindo índice altíssimos, chegando a 64% na Grécia, famílias perdendo casas pelo crescimento da especulação imobiliária e demissões em massas, não só no setor privado, mas também no público. Nos EUA, as soluções também tem como objetivo salvar os lucros dos ricos.

O aumento do desemprego e o encarecimento do custo de vida, que hoje também atinge a zona do euro e os EUA, mostram que a classe dominante não é capaz de criar o consenso necessário para preservar o acúmulo de capitais. Mesmo em países que pareciam blindados, como Brasil, devido ao alinhamento com o desenvolvimento da China, hoje se mostram “desprotegidos”, visto que nos últimos três trimestres o gigante asiático apresentou uma queda no crescimento do PIB. Essa conjuntura abre a possibilidade para a construção de um movimento de ruptura com a ordem econômica vigente.

As manifestações de massas, como as iniciadas no Brasil em junho desse ano, tomam as ruas e praças em todas as partes do planeta. No norte da África e no Oriente Médio, no desenvolvimento movimento da “primavera árabe”, a tarefa de derrubar governos ditatoriais e impedir intervenções imperialistas e garantir liberdades mobilizam milhares de pessoas. Em Portugal e Espanha, trabalhadores fizeram greve geral contra os ajustes impostos pela União Europeia. Na África do Sul, após do massacre orquestrado pelo governo contra mineiros que lutavam pelos seus direitos, as greves dos mineiros mobilizaram cerca de 150 mil trabalhadores, fazendo com que outros setores importantes como o de transportes, telecomunicações e têxtil se levantassem. O Movimento Democracia Socialista (seção sul-africana do CIT) impulsiona a construção do Partido Socialista e dos Trabalhadores (WASP), que se apresenta como catalisador dessas lutas e alternativa ao governo do CNA, responsável pelo aprofundamento do capitalismo pós-apartheid.

No entanto, como lembrado por Peter Taffe durante o encontro, as condições objetivas para a ruptura com o sistema capitalista estão colocadas, mas é necessário ainda avançar na consciência dessa massa que se coloca em movimento. Se por um lado o motivo da indignação das pessoas é em torno de questões que se opõe aos interesses do capital, por outro, setores conservadores tentam cooptar o movimento tentando impor suas pautas com opções individualista para amenizar os efeitos da crise. Na Grécia, é o caso mais evidente onde vemos trabalhadores tentando superar as limitações reformistas do SYRIZA (principal partido de esquerda) e, ao mesmo tempo, combatendo a chamada “Aurora Dourada”, movimento de extrema direita e nazista que ressalta o nacionalismo como única alternativa e desconsidera as contradições de classe.

A conclusão tirada é que a vitória do movimento de massas em curso no mundo dependerá da capacidade da classe trabalhadora apresentar seu próprio projeto de sociedade. Para isso, é tarefa dos revolucionários a construção de partidos da classe, forjado na luta direta dos trabalhadores, e que tenha o socialismo como referência estratégica. No ano em que se completam 75 anos de fundação da IV Internacional, o resgate do internacionalismo é fundamental, visto que não só os efeitos perversos do capitalismo estão em todas as partes, mas também a resistência à eles. O CIT se propõe à essa construção, as seções nacionais, localizadas em todos os continentes, estão comprometidas com a unificação de todas as lutas dos trabalhadores para assegurar a vitória do socialismo.