Trump aposta tudo na limpeza étnica  

Reconstruir e intensificar o movimento internacional contra a opressão dos palestinos e ao belicismo imperialista! 

Na noite de 4 para 5 de fevereiro, milhões ao redor do mundo ficaram horrorizados com as notícias de uma coletiva de imprensa da Casa Branca. Poucos meses após vencer a reeleição com a promessa de “fazer a paz” no mundo, Donald Trump falou, acompanhado de um assassino em massa sorridente (Bibi Netanyahu), que mal conseguiu conter sua alegria.  

Trump anunciou ao mundo uma nova política, sem precedentes na sangrenta história do imperialismo dos EUA no Oriente Médio: os EUA “assumiriam” e “tomariam posse” da Faixa de Gaza, fariam a limpeza étnica dos palestinos e a transformariam em uma linda “Riviera”.  

Isso ocorreu após uma cúpula com Netanyahu, o primeiro chefe de Estado estrangeiro a ser convidado para a Casa Branca de Trump 2.0. Embora os comentários repulsivos de Trump sobre Gaza dominaram as manchetes, eles eram apenas uma parte de um pacote consistente de anúncios e declarações ao longo do dia. Minutos após defender abertamente a limpeza étnica de Gaza, Trump prometeu fazer um novo anúncio em breve sobre o suposto “direito bíblico” do Estado de Israel de anexar a Cisjordânia. Momentos antes, ele havia assinado uma nova ordem executiva restabelecendo a política de “pressão máxima” sobre o Irã, acompanhada de ameaças de destruí-lo.  

Esses acontecimentos ressaltam a urgência de manter, reconstruir e intensificar o movimento internacional contra a opressão dos palestinos e o belicismo imperialista.  

O novo “equilíbrio de poder” distópico de Trump e Netanyahu  

Pessoas comuns de todo o mundo comemoraram o anúncio da trégua em Gaza, em janeiro, após um ano e meio de guerra genocida. No entanto, os socialistas explicaram desde o início que isso não era uma solução. Na Casa Branca, Trump e Netanyahu mal conseguiam manter o rosto sério quando perguntados se achavam que a trégua se manteria, com o último simplesmente repetindo sua determinação de perseguir seus “objetivos de guerra” inatingíveis, incluindo o desmantelamento do Hamas.  

A trégua foi resultado de vários fatores, incluindo a pressão popular dentro da sociedade israelense pela liberação dos reféns e a pressão de Trump antes de assumir o governo, ansioso por um anúncio como troféu para acompanhar sua posse. No entanto, também refletia a mudança no equilíbrio de poder na região, após o relativo fracasso do “eixo” liderado pelo Irã após derrotas na Síria e no Líbano.  

Nesse cenário, a ideia de que o capitalismo israelense simplesmente se acomode e peça paz é fantasiosa. O que estamos agora testemunhando, incluindo nas declarações de Trump, é o começo de um impulso para mudar o “equilíbrio de poder” na região de uma forma mais qualitativa, com um governo da morte fortalecido em Israel, cada vez mais conduzido por um governo agressivo em Washington.  

Como é esse novo equilíbrio de poder? Embora Trump tenha mostrado confiança na concretização de seu plano para Gaza, descartando as refutações dos regimes árabes reacionários que ele espera abrigar os habitantes deslocados de Gaza, tornar isso realidade no curto prazo é altamente improvável. Apesar do enfraquecimento, o Hamas e outras forças ainda estão na faixa, e qualquer tentativa de “limpá-la”, como Trump defende, resultaria em um atoleiro sanguinário indescritível para o imperialismo dos EUA (apesar das alegações de Trump de ter aprendido as lições do Iraque e do Afeganistão!). As massas da região, e do mundo, também ficariam enfurecidas, um pensamento que, sem dúvida, enche de pavor os regimes egípcios, sauditas, jordanianos e de outros países.  

No entanto, o que as declarações de Trump representam, quando tomadas em conjunto com o fato de seu governo aparentemente abraçar a ideia de anexação da Cisjordânia, é uma mudança significativa. Trump e Netanyahu querem enterrar a ideia de um Estado palestino de uma vez por todas sob os destroços da guerra genocida. Eles querem fazer da causa da libertação palestina uma mera memória na região, abrindo caminho para a normalização completa da ocupação israelense e o isolamento total do regime iraniano, se não a sua derrubada.  

No final das contas, eles não alcançarão nenhum desses objetivos. Mas são mais do que capazes de empurrar a região para mais conflagrações sangrentas em suas tentativas de fazer isso. Longe de ser o começo de um novo período de paz, este é um momento de grande perigo.  

Uma continuação do legado ensanguentado do imperialismo — mudança revolucionária necessária  

Embora os novos anúncios de Trump sejam sem precedentes, eles não caíram como um raio de céu azul. Eles são uma continuação da política do imperialismo dos EUA e do Ocidente no Oriente Médio desde 1948, baseada no apoio fundamental à opressão do povo palestino pelo Estado de Israel.  

Muitos dos políticos liberais burgueses (e jornalistas) que estão expressando indignação pelos comentários de Trump sobre Gaza têm sangue em suas próprias mãos por apoiar um ano e meio de ataque genocida. A defesa de Keir Starmer do “direito de Israel” de assassinar e matar de fome Gaza não será esquecida, assim como a “solidariedade irrestrita” de Macron a Netanyahu, nem as posições fundamentalmente idênticas pró-massacre de Scholtz, Trudeau e outros.  

De fato, este é mais um capítulo do papel histórico do imperialismo na região, onde guerra após guerra resultou das pretensões das corporações britânicas, estadunidenses, francesas e outras de dominar recursos, riqueza e poder.  

Do outro lado do conflito global entre os blocos imperialistas, o imperialismo chinês está, obviamente, tentando capitalizar a rejeição da política abertamente assassina de seu rival estadunidense para fortalecer sua própria posição no Oriente Médio e no mais amplo “Sul Global”. Seu governo se pronunciou rapidamente, junto com os regimes do Irã, Turquia e Arábia Saudita, condenando os comentários de Trump.  

Mas os objetivos e as metas do imperialismo chinês e seus aliados não são fundamentalmente menos cruéis nesta nova era de conflitos e guerras imperialistas. Ele está apoiando o imperialismo russo em outra guerra brutal, que está jogando as credenciais de pacificador de Trump no lixo da história — o conflito imperialista por procuração na Ucrânia.  

A sangrenta luta entre capitalistas e imperialistas para dividir o mundo, seus povos e riquezas ameaça arrastar a humanidade através de rios de sangue nesta nova era. A classe trabalhadora ao redor do mundo, tanto no Oriente Médio quanto no Ocidente e no Oriente imperialistas, deve se organizar contra a guerra e o militarismo. Os protestos contra a guerra devem ser intensificados, adotando os métodos de ação direta de massas da classe trabalhadora para fechar a produção e envio de armas da máquina de guerra. Novos partidos de massa da classe trabalhadora devem ser construídos para se opor claramente à guerra, à corrida armamentista e a todos os interesses imperialistas.  

Uma alternativa revolucionária de mudança socialista, onde os principais setores da economia e os recursos-chave são mantidos sob posse e controle públicos e democráticos, é a única base sobre a qual os direitos nacionais podem ser respeitados e as guerras eliminadas. A ASI luta por esse programa ao redor do mundo, junte-se à nossa luta hoje!

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