Nota política da LSR sobre o desfecho da greve da saúde RN

Depois de três meses, aconteceu a suspensão de uma longa e árdua greve das trabalhadoras e trabalhadores da saúde – uma mobilização legítima que começou pelos salários atrasados e não pagamento do 13° referente a 2017, e se desenvolveu em uma forte batalha contra o pacote de maldades proposto pelo governador Robinson Faria, que buscou resolver a crise empurrando mais crise para a classe trabalhadora.
Na avaliação da Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR), a greve unificada entre os servidores da saúde e da UERN representou um importante espaço de resistência e um termômetro que comprovou a força dos servidores potiguares.
A luta contra o pacote de maldades do Governo de Robinson Faria ultrapassou as pautas grevistas e aglomerou milhares de servidores públicos de diversas categorias, prova inconteste do potencial e radicalidade dos servidores. Das 20 medidas propostas pelo governo, apenas oito foram aprovadas. Dentre as que foram rejeitadas, destaca-se o fim dos quinquênios, o que representaria um doloroso ataque aos servidores estaduais. A greve foi construída em um cenário adverso e não saiu completamente derrotada, demonstrando que, de fato, lutar vale a pena e é o caminho para vitórias para a classe trabalhadora.
Infelizmente, não podemos fazer um balanço completamente positivo deste movimento. Para nós, a decisão de encerrar a greve, defendida pela ala majoritária da direção do SindSaúde, foi feita de maneira apressada, sem diálogo pleno com toda a base da categoria, e deixou de lado a luta pela garantia dos salários em dia. Hoje, os aposentados da saúde seguem amargurando os atrasos salariais e o conjunto da categoria convive com a incerteza, uma vez que os recursos que tem garantido os vencimentos dos trabalhadores, após a pressão do movimento grevista, vem pela solicitação de financiamento obrigatório de custeio dos serviços de saúde à união, um “socorro federal” que muito em breve deverá acabar. Além disso, não é possível esquecer o não pagamento do 13º salário, que assola todo o funcionalismo potiguar.
Também é importante destacar que a decisão da direção do SindSaúde poderia ter sido articulada com servidores e servidoras da UERN. Sabemos que ainda seguiremos lutando e que a unidade contra o total sucateamento dos serviços públicos no RN construída nesse movimento, em nosso entendimento, foi uma vitória e deveria ser fortalecida. Agora, docentes e técnicos da UERN permanecem em greve e avaliam radicalizar novamente suas ações para garantir o pagamento dos trabalhadores/as.
Nosso companheiro, Aldiclesio Maia, que faz parte da Direção Estadual do Sindsaúde, esteve junto a outros servidores diariamente impulsionando as lutas, fortalecendo as atividades unificadas tanto na Governadoria quanto na Assembleia Legislativa, motivando a categoria a acreditar na real possibilidade de derrotar o Governo e conquistar os salários em dia e um calendário de pagamento que respeite os servidores públicos do RN. Aldiclesio esteve na linha de frente dos mais duros enfrentamentos realizados durante esta greve, foi vítima da truculência policial mais de uma vez nos últimos meses, perdeu noites de sono e descanso nas inúmeras vigílias que mobilizou na portaria do HRTM, além de ser um dos responsáveis pelo maior ‘apagão’ da história do Tarcísio Maia.
Diante disso, foi com surpresa que a LSR, organização da qual Aldiclesio Maia faz parte, recebeu a nota de repúdio da Direção Regional do Sindsaude, coordenada pelo vigilante João Morais. O conteúdo de tal nota expressa total falta de mediação e de respeito entre pares que estão do mesmo lado da luta.
Primeiramente, é importante colocar que as declarações de Aldiclesio ao Jornal De fato foram publicadas com equívocos e informações desencontradas. O jornal, inclusive, se comprometeu a publicar uma errata nos próximos dias retificando o cargo de Aldiclésio na Direção, que foi publicada erroneamente. Acreditamos também que toda a imprensa, e não só o Jornal De fato, noticiou a falta de êxito do movimento paredista no que se refere à regularização dos salários da categoria e à divulgação de um calendário de pagamento.
Para nós, portanto, diferentes interpretações e avaliações são naturais em um movimento plural e só temos a ganhar se o fizermos com honestidade. Os ataques a Aldiclesio têm claras motivações políticas e não estão à altura de um debate qualificado e honesto, que respeite um importante dirigente sindical e a base de lutadores e lutadoras com a qual ele intervem diariamente.
Temos uma longa jornada pela frente. O fim da greve de forma alguma representa o encerramento da luta e a unidade entre nós é condicionante para defender nossos direitos e barrar ataques. Precisamos fortalecer cada trabalhadora e trabalhador que não esmorece nesse cenário tão adverso, e a direção do sindicato precisa ter responsabilidade na forma como lida com as críticas e diferenças internas, principalmente dentro da própria direção.

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