Não ao terrorismo – não à guerra

Por uma ação de massas unificada da classe trabalhadora contra o imperialismo e o capitalismo

Quatro bombas, três em estações de metrô ou nos trens e uma num ônibus, deixaram Londres em choque durante o horário de pico na manhã de quinta, dia 7 de julho. O Partido Socialista na Inglaterra e País de Gales e o CIO condenam esses atentados e aqueles que os realizaram.

Ao mesmo tempo em que isto é escrito, há mais de 50 mortos e mais de 700 feridos. Porém, tragicamente, esse quadro deve aumentar. Dez pessoas foram mortas no ônibus que foi explodido. A linha deste ônibus sai do distrito de trabalhadores de Hackney Wick e vai até o centro de Londres, e ele estava cheio de trabalhadores. Parece que três trens de metrô explodiram e há relatos de que a explosão no ônibus foi causada por um homem-bomba. Como os 100 mil mortos desde a ocupação no Iraque pelo imperialismo americano e britânico ou aqueles mortos os ataques em Nova York e Madri, aqueles que morreram foram majoritariamente trabalhadores comuns.

Apesar das explosões terem mirado o centro de Londres, a maioria dos que foram afetados eram trabalhadores do transporte, estudantes e trabalhadores do setor público. A maioria da população britânica se opôs à guerra ao Iraque. Muitas das vítimas provavelmente se engajaram nas grandes manifestações contra a guerra que ocorreram em Londres e em outras cidades da Inglaterra, inclusive o potente protesto de 2 milhões de pessoas em 15 de fevereiro de 2003.

Fundamentalmente é um ataque aos trabalhadores de Londres. Um dos trens do metrô explodiu entre a Rua Liverpool e a estação Aldgate East. Aldgate East é uma área pobre com uma grande população muçulmana. Não foi um ataque aos ricos ou ao capitalismo.

O prefeito de Londres, Ken Livingstone declarou corretamente: “Esse é um ataque terrorista contra os trabalhadores londrinos, negros e brancos, muçulmanos e cristãos, hindus e judeus, jovens e velhos. Esse não é um ataque terrorista contra o poder e os poderosos. Não mirou para presidentes ou primeiros-ministros”.

Infelizmente, Ken Livingstone não tirou as conclusões corretas de sua própria análise. Ele voltou ao partido que apoiou a guerra ao Iraque e implementou políticas neoliberais danosas à classe trabalhadora na Inglaterra e internacionalmente ao invés de iniciar a construção de um novo partido que representaria os trabalhadores londrinos.

Como em outros ataques, muitos trabalhadores e pessoas comuns intervieram tentando ajudar os feridos. Motoristas de ônibus levaram os feridos para o hospital. Trabalhadores das lojas de roupas pegaram as roupas da loja para vestir aqueles que tiveram as roupas arrancadas pela explosão. Bombeiros, metroviários, enfermeiros, policiais deram assistência aos passageiros e aos transeuntes.

Isso contrastou com os grandes hotéis de Londres cujos donos em alguns casos triplicaram os preços dos quartos para o pernoite para tentar um lucro financeiro rápido sobre aqueles que não conseguiram chegar em casa.

Após os ataques as linhas de metrô foram desativadas e todo o serviço de ônibus no centro de Londres foi cancelado. Viagens de trem e ônibus para o resto do país foram seriamente interrompidas e os serviços foram suspensos na maioria das principais linhas.

Após as informações iniciais da primeira explosão, a administração do ‘London Transport’ fez uma declaração na qual culpou a “alteração de energia”. Foi o sindicado dos trabalhadores do transporte (Rail Maritime and Transport) que anunciou que fora um ataque terrorista.

A natureza reacionária da Al Quaeda

Apesar da maioria dos londrinos ter ficado chocada com essas explosões, alguma forma de ataque terrorista era esperada. Parece que este ultraje foi articulado por alguma organização ligada a Al Quaeda que justificou o ato por causa da guerra e da ocupação imperialista no Iraque e no Afeganistão. Um até então desconhecida organização, a ‘Organização Secreta da Al Quaeda da Jihad na Europa’ reivindicou a responsabilidade e adiantou que novos ataques serão organizados na Itália e na Dinamarca. Essa reivindicação ainda precisa ser checada.

A Al Qaeda não é uma organização de libertação nacional que luta pelos interesses do povo oprimido nos países muçulmanos. Como o CIO comentou após os ataques ao World Trade Centre em Nova York, ela é uma organização reacionária sustentada por ricos da Arábia Saudita. As políticas e os métodos que defendem não atendem aos direitos dos oprimidos e da maioria dos muçulmanos. Elas atacam os direitos e interesses da classe trabalhadora e dos muçulmanos pobres e forjam conflitos étnicos e sectarismo entre eles. Em países como a Inglaterra essas ações fazem as vidas dos muçulmanos e de outras minorias étnicas ainda mais difíceis e aumentam a discriminação contra eles. Os socialistas não podem dar qualquer apoio ou simpatia a uma organização como essa.

A natureza indiscriminada dos ataques realizados pelas organizações da Al Qaeda – atingindo trabalhadores inocentes de todas as raças e religiões mostram o desrespeito que eles têm pela massa dos trabalhadores. Eles não direcionam seus ataques à classe dominante nos países imperialistas ou a seus representantes políticos. Como um analista apontou: “Sua filosofia é: por que atacar um tigre se há tantas ovelhas?…” indicando seu descaso à classe trabalhadora.

Os socialistas sempre se opuseram aos métodos terroristas individuais que subjugam as mobilizações de massas dos trabalhadores através de ações de um pequeno grupo. Esses métodos servem somente para fortalecer a classe dirigente e o capitalismo. Porém, no passado, grupos terroristas do século XIX na Rússia e em outros países ao menos atingiam líderes e governantes ao invés de vítimas inocentes. O efeito de tais assassinatos indiscriminados, como os realizados pela Al Qaeda, é reacionário e precisa ser condenado pelos socialistas.

O ataque foi claramente bem coordenado e preparado. Parece ter sido feito para coincidir com a reunião do G8 na Escócia e também as celebrações da vitória da nomeação de Londres para sede dos Jogos Olímpicos de 2012.

A hipocrisia de Blair e Bush

Blair e Bush tentaram usar ambos os eventos como um meio de se reabilitarem. No entanto, esses ataques terríveis são conseqüências das políticas e ações desses e outros dirigentes capitalistas, de seu sistema no Iraque, da brutal opressão dos palestinos pelo imperialismo através do Estado Israelense e da exploração em massas da população nos países neocoloniais.

Blair estava tentando usar a campanha “Make Poverty History” (faça da pobreza coisa do passado), a vitória da disputa pela sede das Olimpíadas de 2012 e o aniversário do fim da 2º. Guerra Mundial para restaurar sua posição. As conseqüências desses eventos podem destruir seus planos.

Porém, a curto prazo, o governo Blair tentará usar, sem dúvida, esses ataques para lançar uma campanha para ganhar apoio, jogando com o medo das pessoas e tentando introduzir uma legislação ainda mais repressiva. Isso pode ter algum efeito temporariamente, mas também poderá ocorrer uma maior oposição a ele e a suas políticas.

Com a maioria do aparato de segurança focada momentaneamente na reunião do G8 em Gleneagles, aqueles que realizaram o ataque se aproveitaram para causar um dano máximo em Londres. Milhares de policiais de Londres foram mandados para Edinburgh para proteger os líderes do G8.

Os líderes do G8 estavam seguros no luxuoso hotel em Gleneagles quando os ataques aconteceram. Após as explosões Bush e Blair deram declarações hipócritas condenando os ataques. Bush, em sua arrogância usual contrastou numa entrevista a rádio: “o que aconteceu em Londres àqueles que estão na reunião em Gleneagles para resolver os problemas de pobreza e da Aids”.

Blair, que estava visivelmente abatido pelas explosões e suas possíveis conseqüências, declarou que: “É particularmente bárbaro que isso tenha acontecido no dia quando pessoas estão numa reunião para tentar ajudar nos problemas de pobreza na África e do duradouro problema das mudanças climáticas e do ambiente”.

Em todas as declarações feitas por esses líderes condenando os atentados podem ser igualmente aplicadas para o que eles mesmos estão fazendo no Iraque, no Afeganistão e em outros países.

As políticas que esses líderes impuseram para a população mundial foram responsáveis pelo aumento da pobreza, das guerras e do terrorismo. Eles são responsáveis, junto com as indústrias farmacêuticas por negar remédios que aumentam a expectativa de vida àqueles que sofrem de Aids.

A guerra ao Iraque que eles lançaram resultou na morte de mais de 100 mil civis iraquianos. E é o capitalismo e a busca pelo lucro que são responsáveis pela destruição do ambiente. Porém, como em Nova York, Bali e Madri foram as pessoas comuns que pagaram o preço pelas guerras imperialistas lançadas ao Iraque e ao Afeganistão.

Blair e outros líderes capitalistas usarão esses atentados para tentar e justificar a introdução de uma legislação mais repressiva e ataques aos direitos democráticos. Blair forçará a introdução de carteiras de identidades nacionais e um registro nacional que hoje não existem na Grã-Bretanha. Essa proposta enfrentava séria oposição e deveria ser derrotada antes dos atentados em Londres. Após esses eventos será mais fácil aprovar isso no parlamento. Se será aceita pela maioria das pessoas, especialmente pelos jovens, será uma outra questão.

Os ataques mostram que a repressão não pode remover a ameaça de terrorismo. Toda a repressão feita pelo Estado Britânico contra o IRA na Irlanda não conseguiu derrotar esta organização. Em Madri a existência de carteiras de identidade não preveniu essas explosões. A ameaça atual de ataques terroristas pelas organizações da Al Qaeda surge das conseqüências das políticas dos principais poderes imperialistas no Iraque e em outros países e da catástrofe que o imperialismo e o capitalismo causaram no mundo neocolonial.

O Iraque e os atentados

Blair tenta mostrar que esses atentados não têm nada a ver com o Iraque. Essa não é a visão das agências de inteligência capitalistas. A CIA concluiu que desde que o Iraque foi ocupado ele atrai células terroristas num ritmo impressionante.

Em 2003 o Comitê de Segurança do Parlamento Britânico descobriu que 5 semanas antes da guerra Blair foi avisado pelo “Joint Itelligence Commitee” que: “Al-Quaeda e grupos associados continuam a representar de longe a maior ameaça terrorista aos interesses ocidentais, e a ameaça será aumentada pela ação militar [no Iraque]”.

Um pouco antes da eleição presidencial americana Bin Laden perguntou “Por que nós não atacamos a Suécia?”Os atentados em Londres, como aqueles em Madri, Bali e Nova York são as conseqüências diretas das intervenções imperialistas no Afeganistão e no Iraque.

O sentimento inicial das pessoas na Inglaterra no momento do atentado foi de choque. Muitos se sentiram estupefatos pelo que ocorreu. A primeira reação da muitas pessoas será a tendência de se juntar à resposta de Blair. No entanto, isso pode depois se tornar uma raiva e uma oposição ainda maior a Blair que será eventualmente visto como responsável por colocar a população de Londres na ‘linha de fogo’. Na Espanha a tentativa inicial do governo foi culpar o grupo nacionalista basco ETA. Blair não repetiu esse erro de Aznar. Porém, ele será visto por muitas pessoas como responsável por seu apoio à guerra no Iraque.

Há um risco do racismo aumentar na Inglaterra contra a população muçulmana e outras minorias étnicas. O dia seguinte aos atentados o Conselho Muçulmano na Inglaterra relatou que 30 mil emails com ameaças foram recebidos por organizações muçulmanas. Essas ameaças devem ser combatidas. É essencial lutar pela unidade de toda a classe trabalhadora para se opor a qualquer tentativa de fazer dos muçulmanos ou de outra minoria étnica ‘bodes-expiatórios’. Ao mesmo tempo, outros incidentes foram relatados de atos de solidariedade para tentar prevenir os ataques racistas. No dia dos atentados na feira de rua dos fabricantes de couro em Londres os comerciantes brancos visitaram as lojas asiáticas para checar se eles tiveram sofrido algum abuso ou ofereceram ajuda contra qualquer recriminação racista.

Alternativa socialista

O Partido Socialista faz uma campanha pela unidade de todos os trabalhadores em Londres. Manifestações precisam ser organizadas pedindo a unidade de todo dos trabalhadores. Tais protestos devem ser chamados para se opor ao terrorismo, ao imperialismo, às guerras e àqueles que a perpetraram e também àqueles que introduziram uma legislação repressiva.

Essas bombas mostram a necessidade da luta para construir uma alternativa socialista de toda a classe trabalhadora a Blair, a Bush e ao sistema que defendem. Eles e seu sistema são responsáveis em última análise por esses ataques horrendos.

A única forma de fazer a guerra, o terrorismo e a pobreza coisas do passado é construir um mundo socialista.

  • não ao terrorismo e à guerra imperialista
  • retirada das tropas imperialistas do Iraque e do Oriente Médio
  • pela a unidade na luta da população iraquiana e por um governo socialista dos trabalhadores e camponeses no Iraque
  • não ao racismo – pela unidade dos trabalhadores
  • defesa dos direitos democráticos e das liberdades civis
  • abaixo ao G8
  • cancelar a dívida
  • construir uma alternativa socialista ao capitalismo e ao imperialismo

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