A Verdadeira História do Militant
Uma réplica a Ted Grant e Rob Sewell
Esta é uma réplica ao epílogo de Rob Sewell à “História do Trotskismo Britânico”, escrita por Peter Taafe, Secretário-Geral do Socialist Party, com o completo respaldo do Comitê Executivo do Socialist Party.
Introdução
Ted Grant é um veterano trotskista que fez parte da direção do Militant (antecessor do Socialist Party) e do Comitê por uma Internacional Operária (CIO), até que o abandonou junto com Rob Sewell e Alan Woods em 1991. Isto ocorreu depois que eles e outro pequeno grupo foram derrotados decisivamente nas discussões políticas dentro das fileiras do Militant e do CIO, em um período de mais de um ano. Receberam 7% da votação na conferência especial convocada pelo Militant para discutir as diferenças políticas centrais entre as duas tendências, a maioria na Grã-bretanha e no CIO, e a minoria Grant-Woods-Sewell. Desde então eles sumiram completamente como uma tendência insignificante dentro do movimento operário na Grã-Bretanha e Internacionalmente.
Agora, sem dúvida, eles “re-emergiram” e publicaram um livro de Ted Grant, que sustenta ser uma “Historia do Trotskismo Britânico”, mas à diferença deste para com outros, como o ex-trotskista Harry Ratner (em um artigo no Web site “What Next?”), é que estas são as memórias de Grant, que pretende aumentar seu papel às custas de outros. Ao invés de comentar um ou dois pontos que Grant mudou sobre a sua própria história desde que saiu do CIO, deixamos isto para outros, como Tony Aitman, em seu trabalho informativo e esclarecedor que incorporamos como apêndice.
A maioria de nossos comentários tratam do epílogo de Rob Sewell, que pretende abarcar a historia do movimento trotskista desde 1950 até a atualidade. Não o faz de nenhuma maneira. Está virtualmente desprovido de argumentos políticos (Não merece ser considerado “trotskista” em espírito, tem mais em comum com a escola stalinista de falsificação das idéias e ações de outras pessoas, especialmente das nossas).
Porque replicar com tanta extensão um grupo tão pequeno? Sem dúvida esta será a reação de muitos, dado o caráter do epílogo de Sewell. Depois de tudo somos objeto de uma campanha quase contínua de distorção de nossas idéias por todas as organizações sectárias concebíveis. Isto tem tido em nós o mesmo efeito que uma gota d´água em uma estufa quente. Nem sequer nos dignamos a responder o que às vezes parece ser uma avalanche de ataques pessoais à direção do Socialist Party e do CIO. Mais ainda, desde que abandonou nossas fileiras, Grant tem dado a conhecer periodicamente uma “Carta Aberta” a nossos militantes predizendo nosso naufrágio iminente, que nem sequer nos incomodamos em responder.
Por alguma razão o grupo de Grant continua considerando-se importante. Eles são o perfeito exemplo da lei que parece operar com pequenos grupos “revolucionários”, a consciência de sua importância é inversamente proporcional ao que realmente representam.
Antes de tratar sobre eles preferiríamos tratar mais extensamente do que temos feito acerca dos tumultuosos acontecimentos mundiais e o papel do marxismo para dar forma ao futuro socialista. Mas como disse uma vez o periódico do capital financeiro burguês, The Economist; “Quem controla o passado influencia em grande medida o presente”.
É necessário defender de maneira consistente, como temos feito, de um ponto de vista marxista, os movimentos historicamente progressivos e da classe operária na história, com o propósito detransmitir as lições destes acontecimentos à nova geração. Isso ainda é mais importante quando o que está envolvido é a verdadeira história do movimento marxista e trotskista. Nos anos 80, Militant era a maior e mais influente organização marxista na Grã-Bretanha, e uma das maiores organizações trotskistas da Europa desde a Oposição de Esquerda Internacional dos anos 30.
Em nosso livro “The Rise of Militant” tentamos explicar como se conseguiu isto e o papel que os indivíduos jogaram nela. Demos o devido mérito aos que fizeram uma contribuição à construção de nossa organização, incluído aqueles como Ted Grant e Alan Woods que se separaram de nós. Nenhum questionamento sério foi feito contra esta história. O relato de Sewell, claramente com a aprovação de Grant e Woods, agora busca tardiamente minar nossa interpretação da história. Pretende exagerar não apenas o papel de Grant como de si próprio, assim como de seu irmão, na construção do Militant, em detrimento de outros.
Decidimos responder a isso. Nossa réplica busca explicar as raízes políticas de nossas divergências com este grupo, mas também nos vemos obrigados a responder suas “críticas” organizacionais. Isto implica necessariamente entrar em certos detalhes, que podem servir inclusive para ilustrar como os socialistas e marxistas honestos deveriam analisar a historia, e a diferença entre uma organização marxista genuína, capaz de atrair o melhor da classe trabalhadora e aqueles condenados a permanecer para sempre às margens do movimento operário.
Peter Taaffe, Outubro de 2002