Não ao terrorismo de Estado israelense!
O conflito árabe-israelense ganhou um novo capítulo em julho: com a desculpa de caçar militantes do Hamas e se defender de novos ataques com mísseis, as forças militares de Israel iniciaram uma nova ofensiva, batizada de “Operação Margem Protetora”, contra o território palestino da Faixa de Gaza.
Em 12 de junho, três adolescentes israelenses foram sequestrados próximo ao assentamento judaico de Gush Etzion, na Cisjordânia. O exército de Israel, em seguida, iniciou uma operação em busca dos três rapazes. Nos onze dias que se seguiram, tropas israelenses mataram cinco palestinos e prenderam mais 350.
No dia 15, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou que os três adolescentes haviam sido sequestrados pelo Hamas, o movimento político que controla a Faixa de Gaza. O Hamas negou o boato. O presidente palestino Mahmoud Abbas, do partido Fatah, insistiu que o Hamas não estava envolvido no sequestro.
Já no dia 26 de junho, as forças de segurança israelenses divulgaram a identidade de dois militantes do Hamas acusados de participarem dos sequestros. Quatro dias depois, em 30 de junho, equipes da polícia encontraram os corpos dos três adolescentes em um descampado próximo à cidade de Hebron, na Cisjordânia. Netanyahu prometeu uma resposta dura: “O Hamas é o responsável e irá pagar”.
Na noite do dia 6 de julho, um ataque da Força Aérea Israelense matou sete membros do Hamas na Faixa de Gaza. Em resposta, no dia seguinte, o Hamas lançou mais de cem mísseis contra Israel, enquanto as forças israelenses realizaram ataques aéreos contra cerca de cinquenta alvos em Gaza. No dia 8, o Hamas acenou para um cessar-fogo, sob as condições de que Israel terminasse todos os ataques contra a Faixa de Gaza e soltasse os palestinos presos durante a operação na Cisjordânia.
No mesmo dia, as forças militares israelenses ativaram o sistema antimísseis “Cúpula de Ferro”. O sistema, composto por oito baterias espalhadas pelo país, foi desenvolvido para interceptar foguetes de curto alcance, como aqueles lançados pelo Hamas. Segundo especialistas, o “Cúpula de Ferro” é capaz de atingir até 90% dos mísseis antes que atinjam o solo.
Em 13 de julho, as forças israelenses anunciaram que, desde o início dos conflitos, já tinham realizado 1.300 ataques contra a Faixa de Gaza. No dia 16, o conflito já tinha feito 200 vítimas. A ONU conseguiu negociar, no dia 17, um cessar-fogo humanitário de cinco horas. Ao fim do prazo, Israel iniciou uma ofensiva por terra contra Gaza. No final do dia 20, o exército israelense já tinha avançado até a periferia da própria Cidade de Gaza. Em 21 de junho, já haviam acontecido 2.800 ataques israelenses contra a Faixa de Gaza e 1.500 foguetes lançados contra Israel.
O governo israelense diz que suas operações militares são uma resposta defensiva contra as centenas de foguetes lançados pelo Hamas. Entretanto, como é de praxe nos conflitos entre Israel e seus vizinhos, quem mais sofre com os ataques israelenses não são os militantes armados, mas a população civil dos territórios ocupados.
Uma tragédia humanitária
A Operação Margem Protetora é a mais sangrenta ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza desde a invasão de janeiro de 2009. Apesar de Israel dizer que o objetivo dessa operação é destruir depósitos de armas e bases de lançamentos de foguetes, a maior parte das vítimas são civis palestinos atingidos por mísseis da Força Aérea Israelense.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o número de mortos já ultrapassa 1.400, além de mais de 8.000 feridos. Segundo a ONU, 75% dos mortos eram civis. Entre as vítimas, haviam 182 crianças, 92 mulheres e 45 idosos. Jens Laerke, da Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, declarou que “literalmente, não há qualquer lugar seguro para os civis em Gaza”.
Segundo as Nações Unidas, ao menos 140 mil palestinos já haviam deixado suas casas até o dia 22 de julho e mais de 83 mil estavam abrigados em escolas. Mais de 1 milhão e 200 mil pessoas estão sem acesso a água potável ou saneamento básico. Aproximadamente 130 escolas, 22 hospitais e cerca de 6.000 casas já foram atingidas no confronto. Os hospitais que não foram atacados estão sem remédios, suprimentos ou eletricidade. O governo egípcio reabriu temporariamente a fronteira para permitir a entrada de medicamentos na Faixa de Gaza e a saída de palestinos para tratamento médico no Egito.
O trabalho da imprensa também corre risco: na manhã do dia 22 de julho, a rede Al Jazeera anunciou que seus escritórios em Gaza estavam sob ataque israelense. Diversas organizações internacionais de direitos humanos dizem que as ações de Israel podem ser consideradas crimes de guerra.
Do outro lado, os números são bem menores. A maior parte dos foguetes lançados da Faixa de Gaza são interceptados pelo sistema Cúpula de Ferro. Dos que escapam, a maioria atinge áreas rurais ou pouco habitadas. Até agora, 52 militares israelenses haviam morrido nos ataques, além de 150 feridos e um desaparecido. Entre os civis, são três mortos e 123 feridos.
Respostas contra a guerra
No dia 2 de julho, antes do início da Operação Margem Protetora, seis nacionalistas israelenses sequestraram o adolescente palestino Mohammed Abu Khdeir, de 16 anos. Ele foi queimado vivo pelos extremistas, em represália ao sequestro dos três jovens israelenses. Nos dias seguintes, em vários pontos do país, aconteceram ataques racistas contra trabalhadores palestinos.
Esses ataques causaram uma grande reação dos moradores palestinos de Israel. Em cidades como Haifa, Tel Aviv e Jerusalém aconteceram protestos antiracistas. Também aconteceram vários atos, protagonizados por árabes e judeus, contra a ofensiva militar israelense.
A invasão de Gaza está se mostrando um mau negócio para o governo israelense. Yuval Diskin, ex- chefe dos serviços de segurança de Israel, denunciou no dia 5 de julho “a ilusão de que tudo pode ser resolvido com a força”. Recentes pesquisas indicam que a maior parte da população israelense defende um fim da ocupação em Gaza e na Cisjordânia.
Em diversas cidades da Europa, já aconteceram protestos contra os ataques de Israel em Gaza e em solidariedade ao povo palestino. Mais de 5.000 pessoas participaram de um ato em Paris no dia 19. Em São Paulo, já houve três atos: um no dia 16 de julho (reprimido sem qualquer motivo pela polícia), outro no dia 19, em frente ao consulado israelense, e outro no dia 27, na Avenida Paulista
Movimento Luta Socialista: o CIT em Israel/Palestina
O Movimento Luta Socialista é a seção do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT) em Israel e nos Territórios Palestinos. É, portanto, a organização-irmã da LSR na região. Nossos companheiros estão impulsionando as manifestações populares contra a guerra e o massacre da população palestina!
O CIT adota uma política de construir a unidade de classe entre trabalhadores palestinos e israelenses, contra os capitalistas, o governo Netanyahu e o terrorismo de Estado israelense. A conquista dos direitos do povo palestino passa por dividir Israel em linhas de classe.
- Reforçar os protestos contra a ocupação e o governo Netanyahu! Sim às manifestações conjuntas de judeus e árabes contra a guerra!
- Retirar o exército israelense dos Territórios Palestinos!
- Pelos direitos dos trabalhadores em Israel e na Palestina!
- Por uma Palestina independente, democrática e socialista, lado a lado com um estado socialista de Israel, com Jerusalém servindo como capital para os dois países!