#Ele Não! Nossas vidas importam! Derrotar Bolsonaro e reconstruir a esquerda socialista!

O Brasil que saiu das urnas de 7 de outubro é um país sob grave risco para seu futuro e a vida de milhões de trabalhadores, camponeses, jovens, mulheres, negros e negras, indígenas, população LGBT e todos os explorados e oprimidos.

O crescimento de Jair Bolsonaro e a eleição de muitos de seus aliados no Congresso Nacional e em vários estados representa um fortalecimento das forças do atraso, do autoritarismo, da retirada de direitos e da barbárie sobre o povo brasileiro.

Tudo isso encoberto por uma máscara (torta, é verdade!) de “novidade”, de rejeição ao sistema político e de firmeza no enfrentamento do caos. Uma grande e insustentável farsa!

Mas essa é uma batalha que ainda não terminou e nós ainda podemos vencer! A corrente LSR, Liberdade, Socialismo e Revolução, se coloca integralmente na luta para derrotarmos a extrema-direita nas urnas e nas ruas.

Trata-se agora de mobilizar todas as forças possíveis para que Jair Bolsonaro seja derrotado no dia 28 de outubro.

Isso implica em um chamado para o voto, mesmo que crítico, em Fernando Haddad e também na mobilização do movimento dos trabalhadores e do povo oprimido para ganharmos corações e mentes contra a ameaça da extrema-direita.

Essa luta não terminará no segundo turno, ela marcará todo o próximo período. Um posicionamento firme e coerente nesse momento será fundamental para outra tarefa fundamental: a reconstrução de uma esquerda socialista de massas no Brasil.

A LSR assume seu posto nessas frentes de batalha!

O que representa Bolsonaro

Bolsonaro é um defensor da ditadura e de seus métodos repressivos, incluindo a tortura sistemática. Ele se coloca radicalmente contra qualquer avanço na conquista de direitos dos setores mais oprimidos da sociedade, como as mulheres, negros e negras e população LGBT.

Seus posicionamentos estimulam de forma deliberada e consciente a violência contra essa população, agravando ainda mais um cenário que já é de barbárie.

O Brasil está entre os países mais violentos do mundo contra as mulheres e população LGBT. Há um verdadeiro genocídio da juventude negra nas periferias das grandes cidades. Os assassinatos de ativistas, principalmente camponeses e ligados à defesa do meio ambiente, já são sistemáticos no Brasil. O bárbaro assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL no Rio, e Anderson Gomes, mostram como essa barbárie se amplia. Com Bolsonaro, deve crescer ainda mais.

A política econômica e social defendida por Bolsonaro prejudicará profundamente a imensa maioria do povo brasileiro. Junto com seu possível futuro ministro da fazenda, Paulo Guedes, e seu vice, General Mourão, todos em nome do grande capital, defendem a retirada radical de direitos trabalhistas (como o 13º salário) e a precarização total das relações de trabalho.

Defendem uma política de ajuste fiscal radical que implicará no corte de investimentos sociais afetando profundamente a saúde e educação públicas. Isso inclui também a privatização das estatais e entrega do patrimônio nacional, como o pré-sal, ao capital estrangeiro.

Trata-se de um aprofundamento da já terrível e odiada agenda de contrarreformas de Temer, dessa vez aprovando a contrarreforma da previdência e buscando cumprir o congelamento de gastos por 20 anos previsto na Emenda Constitucional 95.

Bolsonaro representa a união de um neoliberalismo radical com uma prática protofascista. Trata-se do pior dos mundos possíveis para a imensa maioria da população.

Porém, não foi esse programa de ataques brutais que foi conscientemente referendado pela maioria dos eleitores. A maioria dos brasileiro continua sendo contra a reforma trabalhista, o congelamento de gastos, as privatizações e a contrarreforma da previdência.

Pesquisa recente do Datafolha aponta que, para 69% dos brasileiros, a democracia é a melhor forma de governo. Aqueles que acham que a ditadura é melhor em certas circunstâncias representam 12% da população.

Esse programa autoritário, ultraliberal e anti-classe trabalhadora precisa ser denunciado com força a todo momento, por todos os meios e de forma incansável. É preciso aprofundar a contradição entre o que espera uma parte do eleitorado e o que propõe a extrema-direita.

Confusão na consciência e falta de alternativas

Uma parte importante do voto em Bolsonaro vem de uma elite econômica e social que aprendeu toda sua vida a ter ódio dos pobres, negros, mulheres, nordestinos e LGBTs.

Um ódio que é fruto de uma estrutura social extremamente desigual, herdeira do escravismo, de uma cultura patriarcal e do processo de (de)formação do capitalismo periférico e dependente no Brasil. Essas camadas sociais elitizadas estão mais abertas a uma retórica e práticas protofascistas, principalmente se estivermos em um contexto de crise das alternativas políticas tradicionais da burguesia, como é o caso hoje (basta ver o fiasco do PSDB nessas eleições).

Mas também existe por trás desse voto na extrema-direita uma manifestação, terrivelmente  deformada, do cansaço e indignação de uma parcela da população, carente de alternativas políticas consequentes e absolutamente desiludida com o sistema político e os rumos do país.

O Brasil viveu nos últimos anos uma das mais graves crises econômicas e sociais de sua história. Isso se deu em meio a uma profunda crise política que resultou em um golpe institucional,colocando no poder uma camarilha corrupta, encabeçada por Temer, diretamente a serviço do grande capital.

O resultado foi mais caos, miséria e violência e uma profunda perda de referências políticas por parte da maioria da população. Bolsonaro cresce nesse cenário.

O sistema político instaurado pela Constituição de 1988, com o fim da ditadura, chegou ao esgotamento. Mas, as alternativas mais aparentemente disponíveis assumiram a forma de uma contestação pela direita. Todo o resto acabou sendo visto como continuidade da ordem e do sistema, inclusive o PT.

A extrema-direita soube colar a esse espírito de contestação toda uma gama de preconceitos, ódios e um ideário reacionário eivado de um anti-esquerdismo tosco, construído com base na denúncia hipócrita da corrupção e no conservadorismo moral.

Aprender dos erros para podermos derrotar a extrema-direita

Nossa tarefa imediata e urgente é impedir que Bolsonaro vença as eleições. Nenhum obstáculo pode ser colocado diante dessa tarefa e toda nossa energia tem que se voltar para isso.

Mas é importante entendermos que a luta contra a extrema-direita não terminará em 28 de outubro. Ela continuará por todo o próximo período e para que nossa vitória seja definitiva é fundamental entender os descaminhos do PT e da esquerda até agora. Isso é condição para superar esses limites. É condição para a vitória definitiva.

Os governos do PT não romperam com a essência das políticas neoliberais de seus antecessores, mas puderam aproveitar-se de um cenário econômico favorável com o boom das commodities e as condições favoráveis para o crédito, incorporando amplos setores ao mercado de consumo, junto com a adoção de medidas sociais focadas e limitadas.

Houve algum alívio e esperança para milhões durante um período. Mas, nenhuma transformação estrutural nas esferas econômica, social ou política foi promovida pelos governos do PT.

Nesse contexto houve uma adaptação profunda do PT ao sistema políticos e seus métodos escusos de se fazer política. As alianças com partidos corruptos de direita, como o PMDB de Temer, foram parte desse processo. A lama espalhou-se por todos os envolvidos.

Com o agravamento da crise internacional e das contradições inerentes aos capitalismo brasileiro, a curta fase de bonança econômica e relativa estabilidade política chegou ao fim e não pode mais retornar. Acabou de forma trágica essa ilusão em um pacto social em que todas as classes sairiam ganhando. A classe capitalista brasileira rompeu esse pacto e exigiu um aperto nas políticas neoliberais.

Dilma tentou atender as expectativas da burguesia em seu segundo mandato com Joaquim Levy no ministério da fazenda e a adoção de um duro ajuste fiscal e contrarreformas. Mas, isso só enfraqueceu o governo diante de sua base social e abriu caminho para o golpe institucional que derrubou Dilma em 2016.

Reorganização da esquerda

As jornadas de lutas de junho de 2013 já tinham dado um evidente sinal do esgotamento do sistema político e econômico. Naquele momento, o PT era governo do país e, junto com todos os demais partidos da ordem, chocou-se com esse movimento que nasceu da defesa dos serviços públicos e dos direitos sociais.

Foi a partir desse movimento de massas que vimos nascerem ou crescerem novos protagonistas da luta política e social, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que explodiu de crescimento, o movimento secundarista de ocupação de escolas e outros. Essa força social também se manifestou na greve geral de 28 de abril de 2017. O crescimento relativo do PSOL também refletiu esse processo.

Mas esse processo de reorganização da esquerda foi mais lento e contraditório. Apesar dessas expressões de luta e alternativas pela esquerda, o PT e o Lulismo mantiveram sua hegemonia no campo mais à esquerda e, com isso, prevaleceu a busca permanente pela conciliação de classes e uma solução dentro da ordem, marca fundamental do Lulismo.

O preço disso foram as derrotas no movimento contra o golpe, na campanha pelo Fora Temer, na luta contra a reforma trabalhista e na própria prisão de Lula. O PT e as direções sindicais e populares ligadas ao Lulismo sempre atuaram com o freio de mão puxado.

A experiência com o terrível governo de Temer, o desemprego em massa e a piora nas condições de vida, assim como a perseguição política que resultou na prisão de Lula, ajudaram na recuperação do prestígio do PT entre os setores mais pobres da população.

A força e o peso do Lulismo restringiram severamente o processo de reorganização da esquerda, pelo menos do ponto de vista eleitoral.

Um exemplo disso é a contradição enorme entre a enorme simpatia e apoio conquistados pela candidatura de Boulos e Guajajara, da aliança PSOL/PCB/MTST e outros movimentos sociais, e o percentual de votos efetivamente conquistados.

A pressão pelo voto útil acabou desviando grande parte do voto potencial no PSOL para as candidaturas do PT e até mesmo de Ciro Gomes, um candidato burguês de centro-esquerda, mas que pareceu (equivocadamente) para muitos como uma opção alternativa ao PT.

Apesar disso, a reorganização na esquerda segue. O PSOL aumentou sua bancada federal de 6 para 10 deputados e viu crescer muito suas bancadas nas Assembleias Legislativas. O partido ultrapassou a cláusula de barreira recém criada, ao contrário do PCdoB e Rede, por exemplo. Um destaque importante é o sucesso obtido pelas candidaturas mulheres, negros e negras, LGBTs.

A enorme simpatia e apoio informal dados a Boulos e Guajajara são uma acúmulo fundamental para que esse processo siga posteriormente com base na experiência concreta e nas lutas que virão.

Mas nesse momento, enquanto a direita viveu um processo de radicalização e reorganização profundos, o campo de esquerda acabou hegemonizado pelos mesmos setores tradicionais, com todo o desgaste decorrente.

Derrotar Bolsonaro é possível

Isso não torna impossível a derrota de Bolsonaro no segundo turno. O caráter reacionário de sua candidatura é tão profundo que ainda é possível vencê-lo. Devemos tornar isso evidente com todas as forças possíveis.

Votamos em Haddad nesse segundo turno com plena convicção de que é o correto a se fazer nessas circunstâncias. Mas, nosso voto em Haddad não contém ilusões. Sabemos que seremos oposição de esquerda a um governo do PT. A vitória definitiva só virá quando pudermos promover uma renovação radical da esquerda sobre bases classistas, anticapitalistas e socialistas.

É por isso que, para derrotar Bolsonaro, é fundamental que, junto com o voto em Haddad, invista-se na organização e mobilização popular. Temos que nos preparar para as lutas que inevitavelmente virão, independentemente do resultado eleitoral.

Com isso, criaremos as bases de uma nova alternativa de esquerda radical e antissistêmica. Essa é uma tarefa fundamental que passará pela aliança do PSOL com o MTST, o PCB e outros setores.

A LSR faz um chamado a você trabalhador e trabalhadora, mulheres, jovens e todos os setores explorados e oprimidos. Não é hora de desalento ou desespero. É hora de agir.

Vamos tomar as ruas já, organizar comitês de luta, territórios sem medo, grupos de ação. Vamos  reconquistar espaços perdidos. Vamos ganhar corações e mentes contra a extrema-direita. É urgente! E nesse processo, vamos construir as bases para uma nova esquerda socialista de massas no Brasil.

  • #EleNão! Nossas vidas importam!
  • Votar 13 para derrotar Bolsonaro!
  • Organizar na base a luta contra a direita e em defesa dos direitos!
  • Construir uma alternativa de esquerda anticapitalista e socialista!

Comitê Executivo da LSR – Liberdade, Socialismo e Revolução
10 de outubro de 2018

 

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