“Socialismo 2014” reúne cem no Chile
Nos dias 18, 19 e 20 de abril aconteceu o evento “Socialismo 2014” na cidade de Santiago no Chile, organizado pelo Socialismo Revolucionário (seção chilena do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores).
O evento ocorreu na sociedade de escritores do Chile e contou com a contribuição de camaradas das organizações: Socialismo Allendista, Movimento Independente de Esquerda, Frente dos Trabalhadores, Fórum por uma Assembleia Constituinte, militantes independentes e camaradas das seções Irlandesa e brasileira do CIT.
A atividade ocorreu durante o feriado de semana santa, e mesmo com muitas pessoas saindo da cidade para viajar, o evento foi um sucesso, tendo participado entre 80 e 100 camaradas ao longo dos três dias. O dia que contou com maior participação foi o dia 18 de abril, em que os temas foram: Constituinte” pela tarde.
O companheiro Carlos Moya, que participou do “Balanço do Socialismo Real e o Socialismo que queremos”, destacou positivamente a organização deste espaço onde socialistas revolucionários de diferentes organizações e trajetórias se colocaram dispostos a trocar ideias, situação que infelizmente não é comum na esquerda revolucionária.
Lições do stalinismo
No debate sobre Socialismo Real, o conhecido historiador do movimento operário chileno, Sergio Grez, fez um balanço sintético muito bem documentado, onde concluiu que o balanço global da experiência do Socialismo Real foi negativa, criando a possibilidade para que os reacionários nos acusem, os socialistas revolucionário de hoje, pelos abusos, crimes e pelo falso discurso socialista. Evidentemente que não somos nós os responsáveis, mas sim os stalinistas, todavia prejudicam a credibilidade dos que lutam por uma sociedade sem classes, que é o nosso objetivo.
O irlandês Danny Byrne falou representando o CIT, da necessidade de fazermos críticas ao regime stalinista da antiga URSS, e de evidenciarmos que o socialismo que defendemos é profundamente democrático, pois os trabalhadores terão o poder politico através dos conselhos de base dos trabalhadores.
No debate sobre Assembleia Constituinte, Eduardo Gutierrez, Esteban Silva e Sergio Grez explicaram os diferentes planos que existem no interior do movimento político pela Assembleia Constituinte e o que seria a construção desta Assembleia. Sublinhou o acordo, no essencial, entre os palestrantes, de apontar a necessidade de construir um movimento social pela constituinte, e o caráter de acumulação de forças, que esse movimento tem, que potencializa a construção de outras lutas no Chile.
Houve ainda debates sobre o movimento sindical no Chile no dia 19 de abril, onde interviram Nino Mundaca (Secretario Geral da Federação dos Trabalhadores da Heinecken-CCU), Vilma Álvarez (SR-Chile/CIT) e Patricio Guzman (Assessor econômico da Confederação dos Sindicatos dos Bancários), onde se debateu a situação da Central Única dos Trabalhadores e sua relação de subserviência ao novo governo da presidente Michelle Bachelet, apontando a necessidade de unificar a luta dos trabalhadores para enfrentar os ataques que virão deste governo neoliberal.
Movimento mapuche
O quarto painel, na tarde do dia 19, foi sobre a luta do movimento mapuche. Expuseram Celso Calfullan (mapuche do SR-Chile/ CIT), Guillermo Lincolao (ativista mapuche dirigente do Cordón Cerrillos) e o mapuche Carlos Pilquil, que explicaram a relação histórica do povo originário mapuche com a terra, que era propriedade coletiva. Enfatizaram como os chilenos venceram a guerra contra os mapuches, invadindo seu território e implementando o regime de propriedade privada. Os mapuches hoje lutam pela recuperação das suas terras e pelo reconhecimento da sua identidade.
Luta estudantil
O último debate do Socialismo 2014 ocorreu na manhã do dia 20 de abril, com o tema Educação e luta estudantil, onde expuseram Luciano Barbosa (professor história e sindicalista, da LSR/PSOL, Brasil), Patrício Altamirano (doutor em Processos Sociais na América Latina, do Movimento Independente de Esquerda) e Lucas Gillis (estudante de história da Universidade do Chile). Os palestrantes falaram da importância pública, gratuita e de qualidade.
Os cinco painéis foram gravados e logo estarão disponíveis para os interessados na página da web: http://revistasocialismorevolucionario.blogspot.com/.