A quem serve a polícia?

Nos campi universitários, nas favelas ou nas ruas o aparato policial defende de forma violenta o projeto de sociedade da classe dominante.

Na madrugada do dia 8 de novembro, pouco mais de 70 pessoas – entre estudantes e trabalhadores – dormiam na ocupação da reitoria da USP quando foram surpreendidos pelo barulho de helicópteros e pela visão de 400 policiais da tropa de choque, GOE, GATE e cavalaria. A reintegração de posse do local, bem como a prisão destes companheiros, foi feita de forma truculenta, com denúncias de violência contra aqueles que foram presos e até mesmo contra aqueles que protestaram diante da ação da polícia.

Mortes pela PM

Situações como essa ocorrem com maior frequência pra além dos muros da universidade. Nos últimos cinco anos, os policiais de São Paulo mataram mais do que todas as forças policiais do EUA juntas. Outras pesquisas mostram que a polícia do Rio de Janeiro mata três vezes mais do que a paulista. Tudo em nome da ordem pública. Essa violência é voltada em grande parte para a população de baixa renda.

Utilizando-se do discurso da segurança, as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) foram implantadas nos morros próximos aos locais turísticos do Rio numa clara tentativa de maquiar a cidade e excluir as pessoas dessas comunidades da cidade através da violência. As denúncias dessa “pacificação” vão da tentativa de controlar os horários de circulação nos morros até assassinatos. Além disso, a “pacificação” é colocada como caso de polícia, tirando da discussão as demandas sociais dessas pessoas, como a necessidade de espaços de educação, saúde e lazer.

Polícia militar

Outra questão a ser levada em consideração é a formação de uma parte excepcional da polícia: a Policia Militar. Com seu estatuto firmado na época da ditadura militar, essa instituição não se modificou desde então. A PM é um braço do exército que, como ele, tem treinamento para atuação em guerras, mas que atua de fato em conflitos cotidianos.

E é essa policia militarizada que é colocada pra confrontar os movimentos que se opõem à ordem exploratória a qual estamos submetidos. Nossas lutas em defesa do direito à educação, do direito a melhores condições de trabalho ou mesmo contra a própria repressão são respondidas como se fossemos nós antidemocráticos e pouco dialogáveis. E nesse processo de repressão, não só balas de borracha e bomba nos ferem, mas também a grande mídia que coloca a PM como pacifista e as lutas como infundadas.

É notável que a polícia se esforça para preservar uma ordem. Mas é mais notável ainda que, se essa ordem não fosse falha, não seria necessária tanta truculência e tantas calúnias diante dos movimentos que a questionam. 

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