A ascensão do Militant: Trinta anos do Militant 1964 – 1994
Desafios internacionais e um retrocesso histórico
Na Grã-Bretanha 1990 será sempre associado com o poll tax e como isso determinou o destino de Thatcher. Mas numa escala internacional também ficará na história como o ano de mudanças decisivas na África do Sul, mais convulsões no mundo stalinista, e a Guerra do Golfo.
A revolução na África do Sul, pois era exatamente isso, entrou em uma nova fase com o anúncio de que Nelson Mandela seria solto. F W de Klerk anunciou isso no parlamento branco em 2 de fevereiro. O Congresso Nacional Africano (CNA) e outras organizações banidas seriam legalizadas, uma moratória de penas capitais foi introduzida, e conversas e negociações estavam para começar. Declaramos que isso era
uma vitória acima de tudo para a classe trabalhadora e juventude negra cuja luta e organização incansável de muitos anos forçou a retirada do regime. (1)
Sua libertação resultou numa explosão de alegria e alívio que se espalhou de um ponto a outro da África do Sul e ressoou por todo o mundo. Os slogans das massas eram “Dissolver o parlamento agora!”, “Deixe o povo governar agora!” Esse era um meio popular de expressar a demanda por um governo da maioria como um meio de abolir os salários de miséria, escolaridade inferior, guetos segregados e todo o aparato de repressão do apartheid. Em In Cape Town, as multidões em júbilo enfrentaram a polícia com cachorros, ao passo que em Johannesburgo, multidões alegres enchiam as ruas à medida que as notícias estouravam. A polícia de Cape Town, segundo um estudante negro, se comportou “como uma matilha de lobos.”
Apesar destas cenas de selvagem euforia, nós e o Congress Militant, alertamos: “A classe dominante na África do Sul e internacionalmente… vêem as negociações com a direção do CNA como um dispositivo para refrear o movimento das massas.” (2) Ocorreram algumas discussões nas fileiras do Militant sobre os slogans apropriados para se colocar na situação em mudança que enfrentava a África do Sul.Dado a atitude do capitalismo sul-africano, apoiado pelo imperialismo, havia naturalmente a suspeita de parte de muitos trabalhadores de que as negociações eram um meio de desviar o movimento de massas do governo da maioria. Havia uma tendência desde o início para rejeitar a idéia de negociação. Mas isso não era possível, especialmente depois de uma luta prolongada com incontáveis sacrifícios das massas, para uma tendência marxista séria ignorar o apelo para negociações.
Acordo negociado?
Algumas vezes negociações podem ser vistas como um meio “fácil” e menos sangrento para obter os objetivos do movimento de massas. Na Argélia, por exemplo, em 1960 a FLN (Frente de Libertação Nacional, o movimento de libertação argelino) iniciou negociações com o representante do capitalismo francês, de Gaulle. Este originalmente chegou ao poder em base à “Argélia Francesa”. Mas se tornou claro para de Gaulle – um representante consumado e brutal do capitalismo francês – que era impossível manter toda uma nação sob grilhões. Determinado a livrar o imperialismo francês do impasse ele logo entrou em negociações com a FLN. Nesta situação teria sido falso se opor às negociações já que um milhão de argelinos foram mortos na guerra. Havia um anseio para a paz, tanto da parte do povo francês mas especialmente da parte das massas argelinas. Desta experiência a direção do Militant e do Congress Militant tiraram o slogan de “negociações por um governo da maioria”.
Explicando sua posição nas páginas do Militant, a direção do Congress Militant declarou:
Os socialistas não se opõem às negociações por princípio. É uma questão de negociar sobre o que, e em quais termos. Mas, como o teórico militar Clausewitz explicou, você não pode obter mais na mesa de negociações do que ganhou no campo de batalha. A primeira demanda das massas negras é por uma pessoa um voto numa África do Sul indivisível.Como pode de Klerk – ou outro líder capitalista – conceder isso? O movimento independente e revolucionário da juventude e da classe trabalhadora forçou o regime a fazer as atuais concessões. Mas o regime não está derrotado ainda. É por isso que um governo majoritário não é oferecido. (3)
As concessões de De Klerk vieram por uma combinação de fatores; uma pausa parcial do movimento de massas, após o estado de emergência imposto em 1986, o Acordo Namíbia, mas acima de tudo a desorientação da direção do CNA e do Partido “Comunista” no exílio, aumentados pelo balanço das políticas de mudança de Gorbachev. Sua détente com o imperialismo e a emergência das forças pró-capitalistas na União Soviética teria um grande efeito na direção do CNA que por décadas, de qualquer forma, se baseavam no programa de “duas etapas” – a idéia de que a ‘democracia’ vinda antes de tudo deveria ser criada dentro da estrutura do capitalismo, em cooperação com os ‘capitalistas democráticos’. Walter Sisulu, um alto líder do CNA, declarou recentemente: “o socialismo é meramente um ideal, e o CNA não o está promovendo no presente.” Nossa análise resistiu ao teste do tempo. Os eventos entre 1990 e 1994 se desenvolveram em suas linhas gerais do modo antecipado por estes dois jornais. A classe dominante sul-africana deu concessões, direito de voto, “sufrágio universal”, mas devido a vários mecanismos de bloqueio acordados com Mandela e a direção do CNA, estas não resultaram num ‘governo da maioria’.
Contudo, mesmo à vista de todas as evidências em contrário Ted Grant teimosamente aderia à idéia de que o regime do apartheid não faria nenhuma concessão que alterasse fundamentalmente as bases daquele regime. Este é apenas um dos muitos exemplos de uma incapacidade de sua parte em reconhecer as profundas mudanças que se forjavam na situação mundial, o que minava todas as “certezas” do passado. Ted Grant ocupou uma posição minoritária, que não se refletiu na posição pública exposta pelo Militant.
Libertação de Mandela
A libertação de Mandela viu um comício de um quarto de milhão em Cape Town para sua primeira fala depois de 27 anos de prisão. Em Soweto, AK47 disparavam para o ar e milhares afluíam para a casa de Mandela em Orlando West. Trabalhadores em Durban celebraram por toda a noite e milhares marcharam em Inanda, que estava sendo o centro da luta entre o Inkatha e o CNA nos meses anteriores. Entre os jovens negros em Inanda a libertação de Mandela desencadeou uma massiva euforia, com muitos pensando que a ‘libertação’ estava às mãos. Havia até mesmo um sentimento na cidade de que sua soltura permitira à juventude acabar com o Inkatha. Estas esperanças foram cruelmente frustradas com a selvagem contra-revolução desencadeada pelos vigilantes do Inkatha, que poucos dias após a soltura de Mandela deixaram 50 pessoas mortas. Entre os trabalhadores da indústria houve uma resposta mais cautelosa, com grande desconfiança com de Klerk, os patrões e até com alguns dos líderes do CNA.
Um delegado sindical metalúrgico nos disse o que os trabalhadores pensavam: “Nelson Mandela foi solto por de Klerk para nos desarmar”, enquanto um trabalhador de hospital disse, “Os capitalistas não estão interessados em como vivemos. É por isso que precisamos do socialismo.” (4)
Não obstante, a libertação de Mandela foi celebrada em todo o mundo, com o tráfego em torno da Trafalgar Square interrompido por uma multidão em júbilo. Nas escolas londrinas crianças e professores celebraram. Um milhão celebrando em Soweto foram imitados por outros, especialmente jovens, numa escala internacional. A confiança em Mandela em geral parecia sem limites quando ele declarava para milhares em Soweto e Cape Town que ele se mantinha fiel aos princípios pelo qual foi preso. Ele apoiou a ala guerrilheira do CNA e a “luta armada”. Ele também chamou pela nacionalização das minas e dos monopólios. Ele chamou por uma “decisiva ação de massas para acabar com o apartheid.” Pediu para as sanções continuarem. Mas em base aos próximos três anos de negociações, e ao retrocesso de uma selvagem guerra civil contra o melhor da juventude e da classe trabalhadora, Mandela iriam moderar suas demandas. Não obstante, sua libertação e a legalização do CNA numa situação completamente mudada inevitavelmente iria resultar num completo desmantelamento do apartheid e uma nova era para a África do Sul.
Alemanha Oriental
No inicio do ano, após o colapso do Muro de Berlin, a questão mais crítica era avaliar os eventos na Alemanha Oriental e as perspectivas prováveis. As comportas foram abertas pelo colapso do Muro. A sede da polícia secreta (Stasi) foi tomada de assalto na segunda, 15 de janeiro, em Berlin Oriental. A “Polícia do Povo” (VoPo) de fato permitiu que os manifestantes entrassem no prédio, na verdade três prédios anteriormente ocupados pela Stasi. Os que entraram ficaram pasmos com o puro tamanho do complexo e pelo fato de que a Stasi tinha suas próprias lojas, abastecidas com os melhores bens ocidentais inacessíveis ao povo comum.
Algum saque começou, mas como na Rússia em 1917, comitês foram formados espontaneamente desde o inicio para pará-los. Revistas ocorriam no lugar para assegurar que nada seria levado do complexo.
O novo primeiro-ministro, Modrow, chegou para falar com a multidão. A multidão era muito hostil ao SED (Partido “Comunista”). Contudo, a linha geral do SPD no Leste era permitir que o governo ficasse até as eleições em 6 de maio. Apoiadores do Was Tun!, o novo jornal marxista da organização irmã do Militant na Alemanha Oriental, estavam distribuindo panfletos, chamando pela “democracia dos conselhos”. Também chamou por uma campanha pela remoção imediata do governo, o rompimento das mesas de negociação entre a oposição e o governo e a formação de conselhos de ação como base de uma democracia operária. Um trabalhador perguntou ao nosso correspondente alemão:
“Você é a favor da economia de mercado?” Respondi que não. Ele disse que era a favor da economia de mercado – mas uma controlada por um estado forte! Isso mostra a confusão das idéias no movimento. (5)
Esta confusão forneceu a base para uma completa transformação da situação na Alemanha Oriental. Uma pesquisa de opinião em dezembro em 1989 mostrou que 71% dos orientais queriam que a Alemanha Oriental permanecesse como um “estado soberano” e apenas 27% a favor das Alemanhas Oriental e Ocidental constituísse um “estado comum”. Mas a falta de um caminho alternativo, o sentimento crescente de que a economia da Alemanha Oriental não poderia se desenvolver sem ajuda externa e a hostilidade às tentativas da elite burocrática de permanecer no poder, tudo isto junto alimentou o desejo de uma rápida unificação com a Alemanha Ocidental.
No inicio, os capitalistas alemães ocidentais estavam relutantes em anexar o Leste. Mas temendo que a crescente inquietação pudesse começar a desestabilizar a Alemanha Ocidental e vendo uma oportunidade de se livrarem de alguns dos elementos remanescentes da derrota na II Guerra Mundial, eles mudaram sua posição.
Os eventos de fevereiro se moveram tão rapidamente que a questão da unificação das duas partes da Alemanha estava agora posta. Mesmo poucas semanas antes, nós comentamos, “unificação parecia uma possibilidade remota. Agora parece ser muito possível dentro de poucos meses.” (6)
O SPD jogou um papel chave em acelerar este processo. Em meados de janeiro eles foram os primeiros a levantar a idéia de uma união monetária, algo que Kohl apenas apoiou no começo de fevereiro. Mas uma vez que o governo alemão ocidental decidiu anexar o Leste eles se moveram rudemente. Kohl teve um papel de liderança na eleição oriental em março, assegurando 48.1% de votos para a aliança liderada pelo CDU quando apenas três meses antes o CDU tinha apenas 4% nas pesquisas de opinião.
Tornou-se muito claro que sem o “Muro” o regime stalinista da Alemanha Oriental não poderia se sustentar. O SED perdeu mais da metade de seus membros, a economia estava em caos e levas de jovens e especialistas ameaçavam fugir para o Oeste. A produção industrial já tinha começado a sofrer com a diminuição de 5% no ano anterior. Embora reconhecendo a direção que o movimento se encaminhava, ainda argumentamos:
Se houvesse um verdadeiro partido marxista no Leste capaz de armar os trabalhadores com um programa pela derrubada da burocracia e a criação de uma democracia operária, a revolução política poderia ter sido facilmente implementada. A criação de um estado operário saudável na Alemanha Oriental teria tido um efeito magnífico sobre os trabalhadores tanto da Europa Oriental e Ocidental, incluindo a Alemanha Ocidental (FRG).
O artigo concluía:
A unificação está agora tomando a forma de uma contra-revolução, saudada por muitos trabalhadores alemães orientais no momento – mas do qual eles irão se arrepender quando todas as conseqüências do domínio capitalista baterem às suas portas. A economia nacionalizada e planificada será rapidamente desmantelada pelos capitalistas ocidentais, e os trabalhadores orientais irão experimentar a rude dos grandes monopólios – que irão arrogantemente tomar sua vingança pela perda da zona oriental após a derrota dos Nazis em 1945. (7)
A tentativa de Modrow de barganhar com o chanceler alemão ocidental, Kohl, deu em nada. Porque queriam anexar o Leste, o governo ocidental alemão se recusou resolutamente a contribuir com DM15 bilhões (£5.3 bilhões) de “ajuda de solidariedade”. A situação alcançou a etapa em que os trabalhadores na Alemanha Oriental viam agora o Ocidente como uma quase automática fonte de altas condições de vida. Nós comentamos:
Eles [a classe trabalhadora] logo irão descobrir que tudo que no jardim capitalista não é tão adorável. Eles logo irão vivenciar a intensa exploração – desemprego para muitos – e cortes nos serviços sociais. As ilusões de hoje darão caminho para um grande desapontamento, e se moverão para a luta contra seus novos patrões capitalistas. (8)
Contra-revolução
Contudo, diferente de outros, alguns afirmando serem marxistas, enfrentamos diretamente o desenvolvimento provável na Alemanha Oriental e no resto do mundo stalinista:
O colapso da economia nacionalizada planificada, mesmo dirigida por uma burocracia, é um retrocesso histórico para a classe trabalhadora. A burocracia também abriu as portas para a contra-revolução na Polônia, Hungria, e possivelmente em outros estados no Leste Europeu. (9)
Previmos que esses países enfrentariam uma revolução social, “novos Outubros”, especialmente se as economias planificadas fossem liquidadas, e em alguns países onde o processo estava parado a meio-caminho, uma mistura de revolução social e política seria posta no futuro.
No caso da Alemanha Oriental, alertamos sobre as conseqüências de uma contra-revolução capitalista para os trabalhadores alemães orientais. Em junho se tornou claro que
emprego irá cair dramaticamente. Por exemplo, a Opel planeja empregar 3.500 operários produzindo 150.000 carros por ano – numa planta que atualmente emprega 9.200 produzindo 75.000 carros por ano… no inicio de maio a Associação de desempregados Alemães Orientais reportou que 600.000 trabalhadores receberam o ‘bilhete azul’ (alertas de demissão) a se efetivar em 2 de julho. Com 2 milhões de desempregados na Alemanha Ocidental, uma Alemanha capitalista unida pode rapidamente se ver com quatro milhões de desempregados. (10)
Ao mesmo tempo, o capitalismo alemão ocidental, com um excedente comercial de DM140 bilhões em 1989 e bens no exterior no valor de DM 500 bilhões, tinha reservas significativas com o que financiar investimentos no Leste. Mas isso ao custo de sobrecarregar enormemente o capitalismo alemão ocidental. A anexação do Leste poderia ter enormes conseqüências na Europa nos anos seguintes. Nós dissemos:
Embora os gastos financiados pelo estado possam prolongar o atual boom do capitalismo alemão, não dará aos alemães orientais as mesmas condições de vida que os ocidentais. Uma Alemanha capitalista unificada pode se parecer com a Itália mas com uma divisão muito maior entre leste e oeste do que entre norte e sul. (11)
Os trabalhadores alemães orientais olhavam para a unificação na expectativa de um rápido progresso em suas condições mas o premio que eles irão colher será o desemprego, aumento dos aluguéis e preços e cortes sociais que por sua vez pode provocar movimentos de oposição que terão um efeito em toda a Alemanha unida.
O capitalismo alemão ocidental estava usando o “caminho rápido” do artigo 23 da sua constituição para absorver a Alemanha Oriental o mais rápido possível. De fato, a “unificação” foi o equivalente a um grande monopólio tomando posse de uma firma pequena e dilapidada; O capitalismo alemão estava tomando outro “país”. Além disso, os capitalistas alemães eram apenas capazes de perseguir esta política com a condescendência aberta, até mesmo a assistência, dos líderes Social-Democratas ocidentais e orientais. No Leste, o SPD estava cooperando com a coalizão governamental encabeçada pelo CDU, como passo essencial para assegurar um desenvolvimento tranqüilo para a restauração capitalista. Devido às conseqüências para os trabalhadores orientais, e também porque significava a liquidação da economia planificada, os marxistas alemães, agora presentes nas organizações operárias dos dois lados, chamaram para o rompimento com a política de apoio à unificação capitalista. Eles defendiam a economia nacionalizada no Leste e a unificação da Alemanha com base na democracia operária e no socialismo.
Gorbachev
Neste estágio a contra-revolução social na Alemanha Oriental foi muito mais longe do que qualquer outro lugar. Na União Soviética, contudo, Gorbachev também foi obrigado em fevereiro a abolir o Artigo Seis da constituição que garantia o monopólio político do Partido Comunista. Os eventos da Romênia, com a derrubada de Ceausescu, o colapso dos Partidos “Comunistas” em vários estados europeus ocidentais, e acima de tudo o crescente descontentamento na União Soviética empurraram Gorbachev a tomar este passo. No plenum do Partido “Comunista” onde isso foi proposto, Gorbachev foi confrontado por uma multidão de 100.000, a primeira vez que uma manifestação de massas por democracia ocorria na URSS. Eles exigiam a abolição do Artigo Seis. Gorbachev admitiu:
Esperávamos montar o pico da crise em 1989, mas eventos recentes mostraram que não havia nenhuma chance para melhor… sim, há escassez de recursos e tecnologia. (12)
Figuras oficiais afirmavam que para 1989 afirmavam que houve uma diminuição de 3% no produto nacional bruto, mas a realidade para as massas era que a escassez aumentava. Significativamente, o número de dias de trabalho perdidos devido a greves e disputas cresceu dramaticamente desde o movimento dos mineiros em 1989. Greves e manifestações de fato ocorriam em muitas cidades por toda a URSS.
Revolta Nacional
Ao lado disso, havia uma crescente revolta nacionalista nos estados Bálticos e a guerra civil na Armênia e Azerbaijão. Face a este tumulto de massas, os “reformistas”, a ala pró-capitalista da burocracia, pôs a necessidade de um “período autoritário intermediário”. Um deles admitiu:
Teria sido muito melhor se Gorbachev tivesse fortalecido seu poder de um modo administrativo, como ocorreu na Hungria sob Janos Kadar, ou na China Deng Xiaoping.
Em resposta à questão se o mercado poderia ser introduzido, este individuo deu uma negativa:
Obviamente não, já que 80% da população não aceitaria isso. O mercado, acima de tudo, denota estratificação, diferenciação de acordo com a renda. Se tem que trabalhar muito duro para se viver bem. (13)
Ecoando isso, o professor Norman Stone, o sumo-sacerdote do Conservadorismo, quando perguntado numa entrevista de TV se pensava que uma economia de mercado poderia ser introduzida na União Soviética, respondeu:
Já não tínhamos como controlar Liverpool, e o que temos na URSS é Liverpool com um poder de 100. (14)
Contudo, o Militant não desconsiderava a possibilidade de uma contra-revolução capitalista na União Soviética, especialmente à luz dos eventos na Alemanha Oriental e a crescente aversão das massas com a escassez e a corrupção da burocracia:
A ala pró-reformas capitalistas, de outro lado, favorece políticas que podem impor condições terríveis à classe trabalhadora, ameaçando os ganhos subjacentes da economia planificada, e jogar a economia no caos. (15)
Elogio da imprensa para Gorby
A abolição do Artigo 6 foi uma confissão da falência de parte da burocracia. Os escribas ignorantes da Fleet Street interpretaram isso como um golpe contra o “marxismo”. Nós comentamos:
O Comitê Central do PCUS apenas concordou em emendar o notório Artigo 6, que estabelecia o “papel dirigente do partido” na constituição. Ele foi escrito por Brezhnev em 1977. Em 1917, o único partido a ser banido foi o dos Cem Negros, o partido fascista responsável por organizar violentos pogroms contra a população judia. O partido do capitalismo ‘liberal’, os Cadetes, foi poupado até o fim daquele ano, implicados numa violenta insurreição. (16)
Era uma abominação comparar as ações da elite russa com a democracia operária dos bolcheviques imediatamente após a revolução russa.
Terry na Sibéria
Havia ainda algumas vozes na União Soviética procurando invocar o exemplo de Lênin e Trotsky como uma alternativa ao mercado. Isso foi mostrado numa reunião de 600 delegados e visitantes de organizações operárias independentes de toda a União Soviética, realizada na cidade siberiana de Novokuznetsk que propunha criar uma “Confederação do Trabalho da USSR”.
Terry Fields, MP, foi convidado para a conferência como o único orador internacional. Logo se tornou claro para Terry e outros visitantes britânicos que na cidade os trabalhadores começaram a desenvolver seu controle sobre a sociedade:
Apenas o mais endurecido cínico pode duvidar que os trabalhadores podem governar a sociedade depois de experimentar a eficiência com que o congresso foi organizado – e que contrasta enormemente com a incompetência da burocracia governante… Membros do comitê de trabalhadores, que representam todos os setores da força de trabalho, têm que se justificarem a todo momento. Um deles, um mineiro, explicou que ele fazia parte de uma brigada de cinco mineiros. Os outros quatro cobriam seu trabalho e o liberavam para fazer ‘seu serviço’ no comitê de trabalhadores. No retorno para receber seus salários, tinha regularmente que se encontrar com eles e prestar contas do que ele tinha feito. (17)
Um trabalhador explicou a Terry Fields como a burocracia na União Soviética tinha origens
“nas condições atrasadas da sociedade naquele período, o baixo nível cultural dos trabalhadores russos, a predominância do campesinato.” Terry Fields se dirigiu à conferência, expressando a solidariedade da classe trabalhadora internacional, mas quando ele se voltou para a questão do mercado, com o objetivo de dissipar ilusões, murmúrios de discussão foram interrompidos com aplausos. Um aparteador que simplesmente não aceitava que pudesse haver problemas numa economia de mercado gritou: “Já temos o suficiente!” Outros trabalhadores o contrariaram: “Deixe-o continuar! Queremos ouvir o que ele tem a dizer!” (18)
Terry terminou com um apelo para os trabalhadores do Leste e Oeste se ligarem numa luta comum pela democracia operária e pelo socialismo. Após a sessão oficial da conferência 100 delegados e visitantes atenderam uma reunião onde um vídeo sobre a greve dos mineiros britânicos foi mostrado, seguido por duas horas nas quais os trabalhadores avidamente fizeram perguntas para Terry Fields responder. A conferência mostrou a confusão que existia entre a classe trabalhadora mas também as possibilidades de apresentar as idéias de democracia operária se uma força marxista suficiente existisse neste estágio. Comentando sua visita, numa entrevista no Militant, Terry Fields declarou:
Tive muita sorte em minha vida, representando os sindicalistas e o povo trabalhador de Liverpool. Mas nunca pensei, quando víamos de longe as lutas dos trabalhadores se desenvolvendo no Leste Europeu, que eu teria o privilégio de me dirigir ao 1º congresso do movimento sindical independente da URSS. (19)
Romênia
Na Romênia, o movimento teve características do resto da Europa Oriental. O velho regime foi derrubado por uma derrubado por uma insurreição dos trabalhadores e da juventude, armas na mão. Isso pôs sua marca no movimento. Trabalhadores nas fábricas se recusavam a retornar ao trabalho até que os velhos gerentes fossem removidos. Ao mesmo tempo, sindicatos independentes foram precipitadamente improvisados e tudo o que restava fazer para efetuar uma transferência relativamente pacífica do poder era ligar os comitês eleitos democraticamente em bases locais, regionais e nacional, e então proceder para a tomada das funções do estado. Mas a ausência de uma liderança marxista de visão a longo prazo com uma base de massas produziu um equilíbrio extremamente instável. De um lado estavam trabalhadores armados com elementos de organização independente ao lado dos remanescentes do velho aparato estatal da burocracia. A contradição entre eles iria resultar em agudas reviravoltas na situação antes que o ano terminasse.
Na primeira eleição em junho, os partidos pró-capitalistas sofreram um sério retrocesso com uma vitória esmagadora da Frente de Salvação Nacional (NSF). Também foi um golpe para aqueles políticos capitalistas no Ocidente que salivavam na perspectiva de algo semelhante a um avanço imparável rumo ao capitalismo no Leste Europeu. Contudo, num artigo que apareceu no Militant em Junho, um tanto que exagerava o caso,
O resultado eleitoral mostra que a base social para as tendências pró-restauração capitalista neste momento é extremamente fraca na Romênia. Até mesmo a massa dos camponeses votou por Iliescu – um fato que não pode ser explicado apenas pela coerção. (20)
Na verdade, a Frente de Salvação Nacional tinha um programa de retorno ao “mercado”, embora num passo mais lento do que as formações pró-capitalistas declaradas. Logo após a eleição, foi confrontada por violentos protestos de estudantes antigoverno em Bucareste que foi seguido por um contra-ataque dos mineiros, que foi amplamente comentada na imprensa capitalista no Ocidente. Como uma só voz, os políticos Conservadores e sua imprensa os condenaram como “horda de mineiros comprados” (William Waldegrave) ou “sujeitinhos de caras sujas” (the Observer).
A posição que o Militant tomou nestes eventos provocou controvérsia até mesmo dentro de suas fileiras, o que foi refletido nas páginas do jornal. Militant declarou:
Na Romênia atualmente os trabalhadores claramente se opõem ao desmantelamento da posse estatal. Sua revolução foi uma insurreição armada de massas. O que deixou sua marca na perspectiva da classe trabalhadora. Ela respondeu ao chamado de Iliescu porque viam a demanda dos estudantes por uma imediata restauração do mercado como uma contra-revolução. Isso é uma razão para a vasta campanha de propaganda internacional.(21)
Tornou-se claro, com a informação filtrada fora da Romênia, que os estudantes que se reuniam na Praça da Universidade, proclamando “Abaixo com Iliescu, abaixo com as eleições fraudulentas!” estavam completamente fora de sintonia com a massa dos trabalhadores e do campesinato. Esta demanda foi levantada apenas semanas depois de Iliescu ter ganhado com 85% dos votos, numa eleição que mesmo observadores estrangeiros consideraram razoavelmente justas. A arrogância de alguns líderes do movimento antigoverno foi mostrada pela poetisa Doina Cornea, uma dissidente sob Ceausescu, que se ligou ao direitista Partido dos Camponeses. Ela declarou:
Eu cheguei à conclusão que o sufrágio universal – pelo menos quando você está se movendo de uma noite escura para a luz do dia – não é justa. Não é a maioria que está certa. Há poucas pessoas… que vêem que estamos ameaçados com outra noite, o resto não vê isso. (22)
Esta arrogância elitista os repeliu da massa da classe trabalhadora. Militant deu um apoio crítico neste estágio à defesa da Frente de Salvação Nacional da “propriedade estatal”, mas chamou por uma mobilização independente dos trabalhadores para defender estes ganhos. Defendeu uma milícia operária, controlada por comitês democraticamente eleitos nas fábricas e locais de trabalho, ligados com comitês das fileiras de soldados no exército
Debate sobre os mineiros
Tal era a controvérsia em torno desta questão que uma página do jornal publicou cartas que tanto concordavam quanto discordavam da linha do corpo editorial. Uma de Stoke-on-Trent questionou a asserção de que os mineiros estavam defendendo os “ganhos da revolução de dezembro”. (23) Outra argumentou que os mineiros estavam “sufocando os trabalhadores comuns”. (24) Enquanto admitiam que havia muitos excessos no movimento dos mineiros, outras, como uma carta de Fife, argumentavam:
Vocês estão certos no ponto de que os estudantes estão fora de contato com os trabalhadores. Quanto estava na Romênia em março, quando eu falei com os mais radicais estudantes, pude atestar sua confusão e desprezo com a classe trabalhadora, que eles viam como ignorantes e ‘facínoras comprados’. (25)
Outra de Blackpool apoiava inteiramente a linha adotada pelo jornal:
A atitude dos marxistas com a NSF deve ser de apoio crítico, mas combinada com uma vigorosa campanha pela democracia operária e a construção de genuínas organizações operárias independentes. (26)
Outro, discutindo com a carta anterior de Stoke argumentou
Acredito que apenas um apoio crítico deve ser dado [aos mineiros]. Mas devo corrigir a pessoa que escreveu que eles eram a guarda pretoriana sufocando os trabalhadores comuns. Isso não é verdade. Eles não atacaram os trabalhadores. Eles tinham como alvo os estudantes cujas idéias eram contra-revolucionárias. (27)
O debate aberto sobre esta questão no jornal, no qual os prós e os contras foram energicamente argumentados, respondeu à mentira daqueles críticos do Militant que afirmavam que seus apoiadores “recebiam” posições pré-formadas as quais então aderiam cegamente. Nada podia ser mais longe da verdade. Nesta e em outras importantes questões a discussão mais ampla e democrática – muito mais do que sob a dominação direitista sob o movimento trabalhista – ocorria dentro de nossas fileiras.
Isso não apenas porque a “democracia” é uma “coisa boa”. O oxigênio do debate, discussão e democracia é vital numa organização marxista que procura pela clarificação das idéias. Quando isso é conduzido de um modo aberto e camarada nada além de coisas boas pode vir da discussão e debate dentro das organizações dos trabalhadores.
Debate sobre o Leste Europeu
E num mundo que estava em um tumulto político e ideológico havia muitas questões a debater. Uma era o que os eventos no Leste Europeu significavam para os trabalhadores, Militants e o movimento trabalhista. Em abril o Militant recebeu uma carta de uma leitora, Kathleen Jones, de Shropshire. Ela escreveu perguntando se o Militant, estava “muito convencido de que ocorria no Leste Europeu é uma revolução, não reação”. Ela continuou:
Na Romênia, as multidões berrando pelo banimento do Partido Comunista e a re-introdução da pena de morte não soam muito revolucionárias… Visitantes na Hungria reportam que muitas pessoas pensam que a democracia ocidental é a ideal. Os marxistas sabem que a verdadeira escolha que desafia o mundo não é entre a ditadura e a democracia, mas entre o capitalismo e o comunismo… Após a falência de duas revoluções – a russa e a chinesa – temo que estamos lidando com uma reação mundial. (28)
Respondemos totalmente a esta importante carta. Nas revoluções do Leste Europeu houve movimentos rumo à revolução – uma revolução política para a derrubada da elite totalitária stalinista burocrática – ao lado de uma contra-revolução para eliminar a economia planificada e restaurar o capitalismo. As revoluções do Leste Europeu pularam de um país a outro, como em 1848. Kathleen Jones sugeriu: “Sim, revoluções tem ocorrido, mas veja como elas terminaram.” Mas a massa da classe trabalhadora, quanto mais o campesinato, não foi para a revolução com um plano preparado para a reconstrução social, mas principalmente com um agudo sentimento de que não podiam mais suportar o velho regime. É particularmente o caso de um movimento contra um regime totalitário unipartidário, onde aos trabalhadores são negados o acesso total à informação ou o direito de trocar idéias.
O que havia sem dúvida em todos os movimentos no Leste Europeu e até mesmo na União Soviética era, primeiro, elementos de propaganda para uma revolução política, isso foi mostrado nas demandas por eleições livres, sindicatos independentes, liberdade de imprensa, e acima de tudo, a eliminação dos privilégios inchados da burocracia. Militant não se esquivou das implicações desta análise e pontuou a restauração capitalista na Alemanha Oriental e a possibilidade de isso ser repetido em qualquer lugar nos estados stalinistas.
Ao mesmo tempo, por causa da denúncia sem freios de tudo que estava associado com a Revolução Russa, acima de tudo a economia planificada, pontuamos as vantagens de um plano de produção e o que isso significou para a União Soviética:
Entre 1929-1935, a produção industrial nos EUA caiu 25% e na França 30%. Na Grã-Bretanha, subiu 3-4%. Mas na URSS, subiu 250%!
Pontuando a situação que estava se desenvolvendo na Polônia, também declaramos que
a classe trabalhadora já pagou um preço terrível pelas tentativas de restauração capitalista. Em janeiro (1990) as condições de vida despencaram 30% e o desemprego já subiu para 250.000. 1.500 companhias foram marcadas para a privatização mas apenas 12 foram apontadas para a venda imediata.
Para o futuro nós declaramos:
Uma coisa é clara, uma democracia capitalista estável é impossível para os países do Leste Europeu. Uma classe capitalista em germinação, se conseguir sobreviver a um nascimento muito difícil, será forçada a procurar refúgio da raiva das massas procurando estabelecer ditaduras policiais militares. (29)
Retrocesso histórico
Militant apresentou um quadro equilibrado dos processos muito complexos que se desdobravam na União Soviética. Inspirando-se na história, se mostra que
as sementes da contra-revolução sempre podem ser encontradas até mesmo nas maiores revoluções.Se estas sementes podem ou não crescer e se tornarem maduras, e portanto, asfixiar e esmagar a revolução, depende de uma série de fatores. Não menor é o papel de um partido de massas e uma clara liderança capaz de guiar a classe trabalhadora para completar a revolução. Se o poder não for transferido da classe ou casta dominante, seja por causa da ausência desta liderança, ou pela sua incapacidade, então a revolução para a meio caminho e as massas se tornam desapontadas e indiferentes. Isso cria as condições para o crescimento das forças contra-revolucionárias e com elas o perigo da derrota da revolução. (30)
Esta análise teórica geral era vital na consolidação das forças do marxismo em face ao retrocesso histórico que a liquidação das economias planejadas representava. Em 1990 não estava de todo claro quão longe este processo poderia ir. Militant publicou muitas reportagens locais de correspondentes especiais na Rússia, que em cada estágio mostravam as dificuldades enfrentadas pela burocracia para se mover rumo à criação do “mercado”. De fato, as dificuldades eram tão grandes que no meio de novembro algumas vozes influentes na Rússia chamavam pela criação de um “Comitê de Salvação Nacional” que substituiria o governo de Gorbachev e tão pouco daria espaço para Yeltsin. Um dos advogados desta idéia era o Coronel Alksnis, defensor do retorno ao mercado mas sem “democracia”. Suas razões para defender isso, ele expressou no Congresso dos Deputados do Povo: “Mais alarmante é que o povo saia às ruas.” (31)
Nacionalismo
Uma das conseqüências do enfraquecimento do governo da burocracia foi o desencadear das forças nacionais centrífugas na União Soviética. Ao longo do ano a ressurreição há muito prevista do nacionalismo russo também se materializou. Isso foi expresso pela eleição de Boris Yeltsin como presidente da Federação Russa pelo seu recém-criado “parlamento”. Yeltsin usou sua posição como um contrapeso ao presidente “nacional” Gorbachev. A Federação Russa englobava 148 milhões de pessoas, 52% dos 290 milhões da URSS. Sua massa territorial era 11 vezes o resto do país e apenas Moscou tinha 10 milhões de pessoas, mas do que todos os estados bálticos juntos. No parlamento russo, apelos descarados ao nacionalismo russo eram feitos: “Rússia para os russos”. Tanto a ala de Yeltsin da burocracia quanto os stalinistas “conservadores” queixavam-se dos sacrifícios da “benevolente Mãe Rússia” que foram pagos com a ingratidão das outras 14 repúblicas.
É verdade que os trabalhadores russos fizeram enormes sacrifícios, não apenas para as futuras gerações de russos, mas pela grande idéia de uma federação democrática socialista que eventualmente cobriria o globo. Nós pontuamos que
“mesmo num saudável e democrático estado operário, a questão nacional deve ser abordada com grande cuidado e sensibilidade.No período transicional do capitalismo para o socialismo, as necessidades da economia e uma internacional divisão do trabalho deve ser balanceada contra as necessidades e desejos de cada nação.” (32)
Contudo, isto apenas pode ser possível num regime de democracia operária que possa explorar totalmente o potencial de uma economia planificada e também satisfazer as demandas nacionais e culturais de cada nacionalidade ou grupo étnico. A condenação maior da burocracia stalinista era que naquele estágio as nações que constituíam a URSS estavam umas sobre os pescoços das outras.
Gorbachev,como previsto,também era incapaz de satisfazer as demandas das nacionalidades. Mesmo se a URSS se esfacele, nós acreditamos, isso não será o fim do problema.
Mesmo se houver uma contra-revolução capitalista, uma nova classe capitalista emergente irá ter o mesmo apetite voraz sob o Czar. Irá procurar dominar os povos do Leste e Oeste. Poderá ter as mesmas tendências que o imperialismo americano, as classes capitalistas européias ocidentais ou o Japão para defender, armas na mão se necessário, suas ‘esferas de influência’, mercados ou mercados potenciais, poder, prestígio e rendas. (33)
Não é isso o que se desenvolve desde 1990 com a doutrina de Yeltsin de “vizinho exterior” e a recriação de uma muito frouxa “zona rublo”, na qual as antigas nacionalidades “independentes” estão mais uma vez sob a benção da “Mãe Rússia”?
O stalinismo não foi capaz de resolver os problemas nacionais da União Soviética. Pelo contrário, os agravou enormemente e inventou ‘novos’ problemas nacionais onde eles não existiam antes. Numa base capitalista, o problema nacional não pode ser resolvido.
Um estado de democracia operária imediatamente poderia garantir o direito de alto-determinação, incluindo o direito de secessão, para todos os povos. Mas o marxismo não é pela balcanização da União Soviética. A organização da indústria através de um plano democrático de produção e divisão do trabalho numa escala continental pode dar vantagens incomensuráveis para uma rápida elevação dos níveis de vida e satisfazer as aspirações culturais da massa da população. Uma vez os povos estejam livres da retenção forçada dentro do estado e ver as vantagens da cooperação, para parafrasear Lênin, eles não irão se dividir mas voluntariamente cooperar em levar todos os povos da União Soviética adiante.
Democracia operária é a arma com a qual os trabalhadores da União Soviética irão construir um futuro livre do pesadelo burocrático do stalinismo de um lado e do horror do desemprego em massa, pobreza e divisões nacionais do capitalismo de outro. (34)
1 Militant 979 9.2.90 2 ibid 3 ibid 4 Militant 980 16.2.90 5 Militant 977 19.1.90 6 Militant 981 23.2.90 7 ibid 8 ibid 9 ibid 10 Militant 996 8.6.90 11 ibid 12 Militant 979 9.2.90 13 I.Klyamkin, citado ibid 14 ibid 15 ibid 16 Militant 980 16.2.90 17 Militant 993 18.5.90 |
18 ibid 19 ibid 20 Militant 995 1.6.90 21 Militant 998 22.6.90 22 ibid 23 Militant 1000 6.7.90 24 Militant 999 29.6.90 25 Militant 1000 6.7.90 26 Militant 1002 20.7.90 27 ibid 28 Militant 989 20.4.90 29 ibid 30 ibid 31 Militant 1021 14.12.90 32 Militant 999 29.6.90 33 ibid 34 ibid |