A Rural-RJ pede socorro!

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, localizada no município de Seropédica, na Baixada Fluminense, é a maior universidade do país, com aproximadamente 3.024 hectares. Possui cerca de 1098 docentes, 14.570 estudantes e, com nove institutos no Campus de Seropédica, a Rural se mostra uma das maiores universidades não apenas em tamanho, mas também em estrutura.

Com o plano de ajustes de Levy e Dilma, já foram cortados da Educação cerca de 9,4 bilhões – as universidades por todo o país estão sentindo os seus efeitos.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015 destinou à Universidade mais de 516 milhões e 600 mil reais, reduzindo o limite orçamentário da UFRRJ. Segundo a Pró-Reitoria de Assuntos Financeiros, a Universidade sofreu um corte de gastos que atingiu 47% dos recursos orçamentários para investimentos e 10% dos recursos de custeio da UFRRJ em 2015. Além disso, ainda segundo a Pró-Reitoria, “o quadro se complicou a partir de junho, quando os valores dos repasses financeiros se tornaram cada vez menores e insuficientes. Por este motivo, em 25 de setembro de 2015, 194 (cento e noventa e quatro) servidores aguardam o recebimento de diárias e a Universidade tem a pagar R$ 5.568.412,81 (cinco milhões quinhentos e sessenta e oito mil e quatrocentos e doze reais e oitenta e um centavos)”.

Sem bandejão (Restaurante Universitário – RU), sem biblioteca, sem ônibus interno da universidade (o chamado ‘fantasminha’) devido à greve dos técnicos administrativos, iluminação precária (são cerca de 23 postes sem luz na ciclovia, cerca de 10 postos sem luz do caminho do Prédio de Aulas Teóricas à sala de estudos/bandejão/alojamentos e outros mais perto dos Institutos de Biologia e Agronomia), problemas de falta de salas de aulas para todas as disciplinas e alunos de determinados cursos tendo aula em outros institutos, obras de novos prédios paralisadas (quatro novos projetos foram abandonados), salas, laboratórios e prédios sem estrutura e abandonados, sucateamento da universidade sem previsão de melhorias… Com todos esses problemas, a Universidade se encontra numa situação delicada.

Segundo divulgado no Portal da UFRRJ, “desde junho de 2015, os repasses de financeiros se tornaram cada vez mais reduzidos em relação aos compromissos assumidos pela Universidade, a ponto de termos, em 09 de setembro do corrente uma dívida de R$ 4.571.938,32 com empresas e bolsistas”. Mesmo com a disponibilização de quentinhas na falta do RU, muitos estudantes correm o risco de ficarem sem alimentação e sem condições de irem para a universidade, pois dependem de bolsas-auxílio para alimentação, moradia ou transporte.

Além disso, torna-se cada vez mais perigoso andar pelo campus, seja à tarde ou à noite, pois, além das câmeras de segurança não terem sido instaladas até hoje (segundo a reitora, foram adquiridas em 2013), não há iluminação adequada. Em muitas partes da universidade, a vegetação não é devidamente cuidada (crescendo em grandes proporções), nem há viaturas de guardas federais circulando dentro da universidade ou em cada instituto e não há previsão de abertura de novos concursos para a guarda.

Desta forma, a segurança das mulheres dentro do campus está cada vez mais preocupante. Mesmo em meio a diversas denúncias feitas através da página de facebook Abusos Cotidianos – UFRRJ, com relatos até de abuso por um funcionário do ICHS a uma estudante de Economia, a reitoria se abstém. Falta uma política eficaz de acolhimento às vítimas de abuso e uma melhoria do atendimento da ouvidoria, que não faz o acompanhamento das denúncias.

No semestre passado, a ADUR (sindicato dos docentes), em várias assembleias, tentou puxar uma greve geral mas, devido a relutância de inúmeros docentes, a greve não foi deflagrada e a Rural se encontra na contramão das demais universidades do Estado. Consequentemente, o DCE puxou cerca de oito assembleias, a fins de esclarecimentos e mobilização estudantil, que acabaram não surtindo efeitos pois, também, houve relutância em aderir à greve estudantil. Diferentemente, o SINTUR (Sindicato dos Ténicos Administrativos em Educação da UFRRJ) deflagrou greve desde 29 de maio, permanecendo até o atual momento e exigindo melhores condições de trabalho e o pagamento da insalubridade.

Devido a essa realidade, faz-se necessário criar uma articulação melhor e mais forte entre os movimentos sociais combativos, além de avançar na construção de espaços que explorem as discussões das pautas apresentadas e realize encaminhamentos práticos. Por isso, vemos a necessidade de fortalecer o Movimento Estudantil e construir e impulsionar uma frente de esquerda dentro da Universidade que consiga mobilizar os/as estudantes, articular melhor articular os CA’s e DA’s e pressionar a reitoria para progredirmos no debate de uma Rural pública, gratuita e de qualidade!

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