Trabalhadores gregos sufocados por mais ataques draconianos

Os trabalhadores gregos estão enfrentando mais medidas de austeridade – as maiores no país desde a 2ª Guerra Mundial. Isso significará enormes cortes salariais e de aposentadorias e aumento de impostos. A União Europeia, Banco Central Europeu e o FMI concordaram com um resgate de 110 bilhões de euros se o governo grego social-democrata do Pasok realizar drásticos cortes sociais. 

Os salários do setor público serão congelados até 2014. Os bônus de férias, os importantes 13° e 14° salário, que já foram cortados em pacotes de austeridade anteriores em 30%, serão reduzidos ainda mais.

Atualmente, 65% dos aposentados gregos vivem com menos de 600 euros por mês e agora estão sendo visados para terem cortes em seu miserável rendimento. A idade de aposentadoria aumentará, assim como o período de qualificação para uma aposentadoria estatal plena. 

O ICMS aumentará em 23% (era 19% em março). No setor privado, serão introduzidas leis que facilitam aos patrões demitirem trabalhadores e atacar a indenização por demissão.

No total, estima-se que esses ataques irão exigir um corte nos rendimentos dos servidores públicos médios de 25%-30% e em torno de 15%-20% dos trabalhadores do setor privado. Os trabalhadores estão furiosos por estarem sendo obrigados a pagar pela crise dos bancos e do sistema.

Uma greve geral de 24 horas está sendo planejada para 5 de maio, o que pode ser a maior oposição organizada dos trabalhadores por um longo tempo. 

Contudo, além da ampla oposição aos cortes, os líderes sindicais não estão oferecendo nada de concreto. Não há uma alternativa clara apresentada. Os líderes sindicais, ao invés, dizem que os cortes devem ser implementados não de um “modo desequilibrado”, e que os ricos devem ser taxados mais. Eles pedem “planos para desenvolver a economia”, que veria um crescimento econômico e um pagamento planejado do peso da dívida. 

O CIT na Grécia, Xekinima, exige: “Não pagamento da dívida!’ e ‘taxem os ricos’ (fim da evasão de impostos e da corrupção). O Xekinima chama um plano de ação de emergência, incluindo um massivo programa de obras públicas que criaria muitos empregos e um desesperadamente necessário investimento do setor público, transporte público e infra-estrutura. 

As indústrias chave e as companhias de utilidade devem ser estatizadas, sob o controle e gestão democráticos dos trabalhadores. O setor bancário deve ser o primeiro a ser nacionalizado. Um plano socialista de produção utilizaria a economia e os recursos do país para beneficio de todos. 

Contudo, a falta de uma alternativa dos líderes sindicais ou de qualquer chamado audacioso para uma ação de massas decisiva para derrotar os ataques do governo do Pasok significa que, no presente, muitos trabalhadores não podem ver uma saída da crise. Milhões de trabalhadores sairão em greve em 5 de maio. Mas a menos que essa ação se desenvolva, com ocupações, greves gerais repetidas e mais longas, levando a uma greve geral indefinida se o governo não voltar atrás, os trabalhadores compreensivelmente não verão uma perspectiva realista para deter a jamanta dos cortes sociais. Há um sentimento de raiva misturada com medo e até um sentimento de choque entre muitos trabalhadores. Mas os sindicatos gregos apenas estão organizando comícios e “festivais” limitados para o 1º de Maio, não o tipo de marchas de protesto e comícios em massa que a situação exige como preparação para a greve geral. 

Partidos da esquerda

Os principais partidos da esquerda, o KKE (partido comunista) e a coalizão Syriza, se opõem aos cortes mas de novo não oferecem nenhuma alternativa concreta, um plano de ação ou mobilizações. Eles não apresentam um programa socialista claro. 

Se o governo do Pasok conseguir passar seu pacote de cortes e mais uma vez começar a atingir as famílias trabalhadoras, o sentimento já inflamável pode se tornar altamente explosivo. Se desenvolverá um período de intensas lutas de classe, com mais greves e greves gerais na agenda. Também pode haver um aumento nos protestos de rua dos jovens e até motins da juventude raivosa e alienada. 

Os jovens até agora não entraram decisivamente na luta. Isso reflete parcialmente o esgotamento e as derrotas parciais sofridas pelos estudantes depois de meses de ocupações de universidade em 2007 e o beco sem saída da revolta em massa nas ruas no final de 2008. 

Também é o caso que os jovens na educação ainda não foram atingidos diretamente pelas medidas de austeridade do Pasok. Mas com milhares de empregos temporários sob ameaça na educação, a situação pode mudar rápida e dramaticamente. 

Os líderes dos sindicatos e dos partidos de esquerda passarão pelo duro escrutínio da classe trabalhadora e da juventude no próximo período. Uma nova geração de lutadores de classe inevitavelmente irá se desenvolver. A consciência das massas irá mudar para a esquerda, aos trancos e barrancos, preparando o caminho para o desenvolvimento de uma força de esquerda de massas, pronta para lutar contra o sistema e preparar sua derrubada e pela construção de uma sociedade socialista justa, governada no interesse dos trabalhadores. 

É para isso que o Xekinima estará lutando no próximo período turbulento.  

Você pode gostar...