Abaixo o golpe da oligarquia peruana contra Pedro Castillo!
É necessário um novo movimento de massas para barrar a direita e lutar por uma alternativa socialista!
Ontem, 08 de dezembro, Pedro Castillo, o presidente do Peru, após tentar dissolver o Congresso e decretar um governo de exceção, foi destituído. Desta forma, a oligarquia peruana, amparando-se nas manobras parlamentares de Castillo, tenta, mais uma vez, acabar com o governo eleito por milhões de trabalhadores e camponeses peruanos.
O golpe parlamentar contra Castillo se deu após meses de tentativas da direita e da oligarquia peruana de destituí-lo acusando de corrupção. Isto fez com que o governo de Castillo virasse, no último período, uma porta giratória, pela qual passaram três gabinetes completos. Isto, por si só, evidencia a profunda crise política do Peru e que é resultado das pressões da direita e da oligarquia sobre o governo Castillo.
Desde o início deste ano, como resultado da guerra da Ucrânia e da crise que ela produziu em nível mundial, centenas de trabalhadores se mobilizaram no Peru contra a inflação e a crise, além da ausência de políticas consequentes do governo, apesar das promessas de campanha de Castillo realizada com o lema “sem mais pobres em um país rico”.
Ficou evidente que a oligarquia peruana recuperou seu ânimo após ter sido derrotada eleitoralmente e tentava usar a crise para derrotar o governo de Castillo, além de limitar possíveis reformas em benefício das massas trabalhadoras no Peru. A oligarquia também temia que as massas demandassem mudanças mais profundas do que aquelas defendidas pela tímida agenda institucional de Castillo. Desde o início do governo, as intenções golpistas da oligarquia ficaram explícitas. Antes mesmo de Castillo assumir o poder, a oligarquia e os capitalistas pensaram em impedir sua posse. No entanto, o medo de que as mobilizações de apoio fossem esmagadoras persuadiu a direita a abandonar tal caminho. Mas o que mudou agora?
A nova ofensiva da oligarquia peruana, que conseguiu destituir Castillo da presidência, pode ser explicada pelos erros e pela moderação do próprio presidente desde o início de seu mandato. O exemplo mais claro disso foram suas declarações, depois de eleito, afirmando que ele não impulsionaria expropriações de terras ou empresas, apesar de terem sido promessas de campanha. Além disso, o saldo da pandemia e da crise econômica fez com que milhões de peruanos passassem a ver Castillo com crescente ceticismo. A principal debilidade de Castillo que motivou a ofensiva da direita foi a sua política de gestão do capitalismo oligárquico peruano, assim como de desmobilização e desorganização de suas bases de apoio.
Castillo abandonou o programa que o elegeu, perdeu apoio popular e foi incapaz de oferecer uma saída à crise que pudesse satisfazer os interesses da classe trabalhadora e outros setores oprimidos da sociedade peruana. A direita no Congresso e a classe dominante aproveitaram tudo isso. Reconstruir uma esquerda socialista a partir das lutas da classe trabalhadora e dos setores oprimidos, com um programa socialista e que aprenda com os erros de Castillo é a tarefa central para se realizar.
Os socialistas e os revolucionários nos opomos ao golpe de estado contra Castillo, pois entendemos que isto produzirá apenas mais tragédias para o povo trabalhador e pobre do Peru. Não reconhecemos a autoridade de um corrupto congresso para julgar Castillo e por isso exigimos sua liberdade. Isto, de modo algum, significa defender o programa ou os métodos de Castillo. Pelo contrário, significa reconhecer a necessidade de construir uma alternativa revolucionária para os camponeses e trabalhadores para impulsionar um programa de luta socialista para o Peru.