Unir as lutas contra o aumentos de preços dos combustíveis e os ataques dos patrões e governos

O aumento no preço dos combustíveis é um mal que afeta fundamentalmente os trabalhadores e o povo pobre desse país, embora tenha repercussões econômicas e sociais generalizadas. Do aumento do preço do botijão de gás até o repasse feito pelos empresários nos preços de todos os produtos que consumimos, são os trabalhadores e pobres que sempre saem perdendo.

É motivo mais do que suficiente para uma luta decidida e firme por parte de todos os afetados. Principalmente quando acontece em meio a uma situação já terrível para milhões de trabalhadores desempregados, precarizados, arrochados em seus salários e direitos, inseguros em relação à moradia, serviços públicos, etc.

O aumento dos combustíveis é resultado de uma política de orientação privatista adotada na Petrobrás. Diante do aumento dos preços internacionais do petróleo, a direção da empresa, encabeçada por Pedro Parente, e o governo Temer optaram por repassar diretamente esse custo para o bolso do consumidor.

A lógica adotada é puramente empresarial, visa remunerar os acionistas privados, sem nenhuma preocupação social ou com a soberania nacional. A política de preços de Pedro Parente é nefasta para a própria empresa, ao contrário do monótono discurso reproduzido na grande mídia, pois abre espaço para os interesses estrangeiros, especialmente norte-americanos. As refinarias brasileiras veem crescer a ociosidade enquanto se importa cada vez mais combustíveis.

O que deveria guiar a gestão da Petrobrás são os interesses do povo brasileiro, em particular dos trabalhadores e setores mais pobres da população, e o desenvolvimento sustentável do país e não a ganância de um punhado de acionistas super-ricos e os interesses do grande capital internacional.

A luta contra o aumento dos combustíveis é, portanto, inseparável da luta por uma Petrobrás 100% estatal, com controle social. É parte da luta contra o conjunto das políticas neoliberais do governo Temer, sustentadas pelo grande capital nacional e estrangeiro e apoiada ativamente por grupúsculos extremistas de direita como o MBL e outros.

A ação dos caminhoneiros paralisando suas atividades e bloqueando rodovias adquiriu uma repercussão enorme e é parte legítima da luta contra o aumento dos combustíveis. Mas, para ser consequente, precisa ser parte de uma luta generalizada contra os ataques do governo Temer e dos governos estaduais e municipais. Precisa ser uma luta contra a privatização da Petrobrás.

Constatamos que parte dos caminhoneiros mobilizados, especialmente setores de suas direções políticas, manifesta conclusões autoritárias e muitas vezes de direita em relação ao cenário político atual. A confusão política existente no movimento dos caminhoneiros reflete a crise do movimento sindical e da esquerda tradicional brasileira. Essa situação abriu espaço para todo tipo de oportunistas demagógicos de direita.

Há setores que absolutizam esta confusão e associam esta greve aos interesses patronais ignorando as contradições existentes, os trabalhadores envolvidos e os limites das direções sindicais. É preciso disputar os rumos desse movimento e não entregá-lo de bandeja para uma visão pró-patronal.

Essas posições devem ser enfrentadas sem tergiversação pelo movimento sindical combativo e a esquerda socialista com iniciativas de luta combinadas com clareza política e programática. Elas não serão enfrentadas com passividade, imobilismo e medo e muito menos com vacilações diante das mudanças radicais necessárias em nosso país.

Por isso, é preciso apoiar a luta dos caminhoneiros e apresentar uma plataforma de lutas consequente capaz de levar o movimento à vitória e derrotar Temer e a classe dominante.

A unificação e coordenação de todas as lutas em curso hoje, envolvendo petroleiros, metalúrgicos, construção civil, trabalhadores da educação, estudantes, além dos próprios caminhoneiros, é uma necessidade premente. Só assim se poderá garantir uma vitória e ao mesmo tempo construir um sentimento de unidade de classe capaz de repelir toda demagogia direitista presente.

A unidade na luta deve servir antes de tudo para barrar o aumento dos combustíveis e os cortes e ataques aos direitos dos trabalhadores. Como consequência deve criar condições e dar lugar a uma luta qualitativamente superior, onde o que está em jogo é o tipo de país que queremos.

É tarefa do movimento dos trabalhadores lutar para impedir as privatizações em curso, como no gravíssimo caso da Eletrobrás e reverter as privatizações já feitas, em particular no que se refere ao petróleo.

No lugar disso, temos que defender o controle público, através dos trabalhadores organizados, sobre as empresas estatais, junto com a construção de um plano integrado de atuação entre elas que reflita os interesses da maioria do povo, da soberania nacional e integração latinoamericana e o meio ambiente.

Essas medidas devem estar vinculadas à defesa de uma reforma tributária que taxe pesadamente os super-ricos e desonere os trabalhadores, assim como  o combate à sangria de recursos gerada pelo sistema da dívida pública que só serve a um punhado de mega-especuladores.

A esquerda socialista não deve se ausentar dessa luta. O PSOL, a pré-candidatura de Boulos-Guajajara, a CSP-Conlutas e muitos outros movimentos estão corretos em apoiar a luta contra o aumento dos combustíveis. É preciso agora defender com toda força uma estratégia de luta e uma alternativa programática consequentes.

 

24 de maio de 2018

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