França: Iniciativa para um novo partido anti-capitalista: quais as perspectivas?

O chamado lançado em agosto de 2007, por Olivier Besancenot da LCR (Liga Comunista Revolucionária) por um novo partido anti-capitalista, pode permitir o começo de uma resposta ao vazio político.

A eficácia e o dinamismo desse novo partido dependerão da sua capacidade de dialogar com  jovens e   trabalhadores, para que estes  o vejam como uma ferramenta de luta contra as políticas capitalistas. É nesta base que seu programa e seu funcionamento devem ser discutidos.

Para isso, ele deve ser fundado sobre a independência de classe e terá que concretizar essa orientação apresentando reivindicações concretas e que remetam à exploração capitalista: empregos dignos para todos com salários decentes, moradias de qualidade para todos e a preços accessíveis, serviços públicos de qualidade e gratuitos, a recusa aos planos de demissão, perda de direitos no trabalho…

Uma campanha de lançamento desse partido deve então ser articulada com a sustentação e  apoio ao desenvolvimento das lutas atuais. A luta dos ferroviários em novembro passado foi um importante momento para lançar esta campanha: a necessidade de construir uma alternativa aos capitalistas seria difundida para muitos trabalhadores.

Hoje os comitês por um novo partido devem sustentar e participar na construção das lutas atuais, com a mobilização para as jornadas de lutas nacionais e locais e conscientizar sobre a necessidade de uma jornada de greve público/privado, para demonstrar aos jovens e aos trabalhadores que tal partido seria central para a elaboração da resposta contra o patronato e o governo.

Por um lançamento nacional

Em diversas cidades, os comitês locais já responderam ao chamado da LCR, organizando-se em reuniões para debater o funcionamento e o programa do novo partido. Isto é essencial para que a base dos jovens e dos trabalhadores não organizados se aproprie da fundação do novo partido.

Mas somente isso não pode fazer um verdadeiro lançamento nacional que difundirá em uma escala de massas a perspectiva de um novo partido e contribuirá para homogeneizar através de palavras de ordem e de iniciativas concretas nas diversas situações locais. Pois com a visibilidade diminuída, com a ausência do quadro geral unificador, há o risco de  que se reduza o  movimento no processo de formação do novo partido.

Construir sem se dissolver

Isso não quer dizer que é preciso desde já apresentar um programa finalizado que deveria ser aceito por todos que querem construir esse novo partido. Ao contrário, são os jovens e os trabalhadores que construirão esse novo partido, ao elaborá-lo, de maneira democrática, nos debates e por suas experiências de luta.  É por isso que é indispensável que esse partido se estruture com seções em cada cidade, com encontros nacionais regulares para que, de maneira democrática, todos seus militantes participem e decidam as propostas, reivindicações, o programa… Neste sentido, é essencial que, no processo de formação do novo partido, seja incluída e permitida a expressão de diferentes plataformas, se necessário. É nos debates e nas lutas que se farão os esclarecimentos prévios à elaboração do programa. Nesse sentido, é também indispensável que as forças políticas participantes na sua formação apareçam plenamente com seu material e seu programa em um debate construtivo e aberto. Querer renunciar à sua própria organização e a seu próprio programa resulta, no fim das contas, em querer renunciar ao debate de convencer os trabalhadores anti-capitalistas da necessidade de uma alternativa socialista.

L’Egalité 130 (março- abril 2008) 

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